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Bolachas mais baratas ganham relevância na compra

Por a 18 de Junho de 2021 as 16:43

chocolate-chip-cookiesAo desafio de dar resposta às mudanças nas prioridades alimentares dos portugueses, os fabricantes e distribuidores de bolachas têm agora de lidar em simultâneo com os efeitos da pandemia no consumo desta categoria presente na grande maioria da casa dos portugueses. Estas mudanças nas prioridades e no consumo dos portugueses refletiram-se no desempenho das marcas de bolachas no canal alimentar.

Segundo dados da NielsenIQ, as vendas de bolachas nos canais de retalho perderam 5% em valor e em volume nos últimos doze meses, em termos homólogos, para 243,4 milhões de euros e 58 milhões de quilos, respetivamente. As bolachas continuam, no entanto, no top 5 dos produtos mais comprados pelas famílias portuguesas, logo a seguir ao queijo, fruta e legumes. Em 2018, representaram cerca de 3% do total do valor gerado pelos bens alimentares no mercado português.

A pandemia e as medidas de confinamento têm aumentado as preocupações das famílias portuguesas em três áreas em particular: a saúde, a segurança financeira e o emprego. Estas preocupações, que levam à valorização de atributos como as promoções e os preços, refletiram-se em praticamente todas as categorias de grande consumo e a de bolachas não foi exceção. Como explica fonte oficial da Nutpor – Produtos Alimentares, que distribui as marcas Cuétara e Artiach, entre outras, em declarações ao Hipersuper, depois de um período de insegurança (março e abril de 2020), na qual os consumidores compraram e armazenaram bolachas (beneficiando do facto de ser um produto com um grande prazo de validade), no qual as vendas assumiram “fortes crescimentos”, o mercado inicia evoluções negativas. Pontualmente, verificaram-se períodos com crescimentos devido, exclusivamente, ao desempenho das MdD (Marcas da Distribuição). As MdD e as marcas de mais baixo preço, aumentaram em detrimento das marcas de fabricante”, afirma a mesma fonte. “As MdD, uma vez que apresentam preços baixos, verificaram um aumento de peso”, embora as marcas de primeiro preço “especificamente nesta categoria”, estejam “com tendência a perder presença”. Além da transferência de consumo de marcas de fabricante para marcas de distribuição, também se registaram alterações de consumo por tipo de produto. “As bolachas menos sofisticadas e consequentemente as bolachas mais baratas, como a bolacha Maria, a bolacha Torrada e as bolachas recheadas mais básicas, entre outras, passaram a ganhar relevância no perfil de compra”.

Também houve alterações de consumo nos formatos de embalagem. “Uma vez que todos tivemos limitações em sair, assistimos à diminuição do consumo de bolachas embaladas em saquetas individuais (formatos ideais para consumo fora de casa) e ao aumento do consumo de bolachas em formatos de maior gramagem, ou seja, formatos familiares”, sublinha a mesma fonte. Por último, o setor sofreu ainda o impacto da ausência de turistas no País. “Quero igualmente salientar que a pandemia, além de ter influenciado o consumo das famílias portuguesas, levou ao não consumo de muitos turistas que recebemos anualmente. Relembro que em 2019, creio, recebemos cerca de 27 milhões de turistas e emigrantes que, em parte, também consomem esta categoria”, acrescenta. No atual plano de desconfinamento há sinais ténues de recuperação, mas ainda é cedo para retirar conclusões. “É ainda prematuro falar num comportamento generalizado da categoria, uma vez que ainda não estamos numa situação de total desconfinamento, no entanto, verificou-se que o mês de abril de 2021 apresentou alguns sinais positivos”.

Apesar desta preferência pelo preço baixo no atual contexto, o consumidor português mostra-se disponível para gastar um pouco mais do orçamento num produto ou serviço que lhe ofereça uma recompensa que valorize. Nesta categoria, as novidades e os produtos mais indulgentes “apresentaram evoluções muito positivas, como a marca Filipinos e os sortidos de bolachas que apresentaram evoluções muito positivas”. Não foram, no entanto, “suficientes” para inverter a tendência de quebra da categoria. Tendo em conta o contexto de mercado, as marcas Cuétara e Artiach “conseguiram um desempenho bastante ajustado”, considera.

A Nuptor vai lançar este ano “muitas novidades”. Sendo uma marca que tem desde sempre presenta na sua estratégia a inovação, a investigação e o desenvolvimento de novos produtos, teve de levar a cabo alguns ajustes no plano de lançamentos em função da pandemia. Mas os projetos não pararam e chegam ao mercado este ano. “A percentagem anual de vendas aplicada a lançamentos é muito variável. No entanto, como em qualquer categoria inserida no grande consumo, existe uma grande dinâmica de lançamentos, descontinuações e renovações”, adianta. A empresa está neste momento a trabalhar em algumas extensões de gama, nomeadamente no lançamento de Bocaditos Boc&Rock (duas referências de bolachas recheadas, uma com creme de sabor a limão e outra com creme de sabor a chocolate), uma referência de Wafers com sabor a morango e as Krit Mediterranean Herbs (duas referências de bolachas aperitivas, uma com chia, sementes de abóbora e um toque de rosmaninho, e outra com quinoa, sésamo e um toque de tomilho).

No segundo semestre, mais novidades surgirão no mercado, conta a fonte da Nuptor sem levantar o véu. Para dar resposta rápida à dinâmica desta categoria, “tanto ao nível de produto – novos ingredientes, sabores, textura, formas), como de embalagem, processos de produção e armazenamento”, a empresa tem vindo a investir “constante e permanentemente” na fábrica da Cuétara em Pombal, na zona centro de Portugal. “Queremos que 2021 seja um ano diferente do anterior. Queremos continuar a investir nas marcas, seja através do lançamento de novos produtos, de comunicação e ou promoção. O nosso grande objetivo é continuar a satisfazer o consumidor atendendo às suas exigências e necessidades oferecendo sempre a melhor relação qualidade/preço”, termina.

Artigo originalmente publicado na edição  391 do Hipersuper

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