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Fileira dos laticínios. “Grande distribuição está a aumentar pressão promocional sobre produtos lácteos”

Por a 16 de Junho de 2021 as 12:57

leiteA Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (Fenelac) e a ANIL (Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios) denunciaram esta quarta-feira, em comunicado enviado às redações, que os operadores da grande distribuição estão a aumentar a pressão promocional sobre os produtos lácteos.

As organizações setoriais lembram que os produtores nacionais de leite “têm sofrido, desde o início do ano, aumentos generalizados dos custos de produção”, nomeadamente em matéria de alimentação animal, combustíveis, energia e fertilizantes. Também a indústria láctea nacional sentiu, especialmente no último ano, “fortes pressões devido ao aumento de custos, nomeadamente das matérias necessárias ao processamento industrial e à forte instabilidade da cadeia logística” motivada pela pandemia.

E dão exemplos. “Os agravamentos dos custos de produção da fileira são bem exemplificados nas cotações do milho e da soja para alimentação animal, cujos aumentos desde o início do ano rondam 66% e os 54% respetivamente, mas também estão associados aos custos das embalagens de cartão e plástico, cujo preço acompanha o do petróleo, aos custos ambientais e ao aumento da massa salarial resultante da atualização do salário mínimo nacional”.

Este contexto difícil para a fileira dos lacticínios “não motivou nenhum tipo de alteração de comportamento por parte da grande distribuição, que continua sistematicamente a desvalorizar o produto ao praticar as mesmas condições negociais, com a agravante de, recentemente, aumentar a pressão promocional sobre os produtos lácteos”, denunciam.

“Com efeito, o ímpeto do slogan publicitário da distribuição de ‘defesa da produção nacional’ não é coerente com a remuneração dos respetivos bens agrícolas, sendo o leite um exemplo paradigmático de tal comportamento. A melhoria da remuneração da matéria-prima dos produtores de leite apenas será viável através da alteração do comportamento da distribuição, pois recorrentemente utiliza o preço dos produtos lácteos como mero chamariz de clientes para os estabelecimentos, depreciando o valor e o trabalho de toda uma fileira a montante”, acrescentam.

As organizações setoriais também deixam um recado ao executivo. “O Governo também pode e deve desempenhar um papel fundamental. A competitividade do setor depende da capacidade de valorização da qualidade da nossa matéria-prima nos mercados internacionais. Portugal não é um país exportador em termos lácteos e a sua balança comercial é constantemente deficitária”.
“O Governo, através das organizações competentes, deve fiscalizar a atuação dos operadores da distribuição em relação ao cumprimento das regras existentes em matéria de vendas com prejuízo e das restantes práticas desleais da concorrência”, lê-se ainda no comunicado.

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