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Setor logístico português movimenta 14,7 mil milhões de euros

Por a 19 de Maio de 2021 as 11:27
Rui Rufino, diretor-geral da Aplog

Rui Rufino, diretor-geral da APLOG

O retrato mais atual e completo do setor logístico português revela que a fileira responde por um volume de negócios de 14,7 mil milhões de euros e 2,2% do emprego direto em Portugal

O setor logístico nacional alcançou, em 2018, um volume de negócios de 14,7 mil milhões de euros. Naquele ano, 11 mil empresas prestaram serviços logísticos no mercado português e 67% destas empresas tinham a atividade centrada no segmento de transporte rodoviário de mercadorias. Estes operadores contribuíram, em 2018, com 5,7% do volume acrescentado bruto para a economia portuguesa e com cerca de 2,2% do emprego direto. Os números, apresentados por Rui Rufino, diretor geral da APLOG, na conferência “A logística em Portugal – Inovação, Tendências e Desafios do Futuro”, são os mais atualizados e completos sobre o setor de logística em Portugal e estão patentes no estudo com o mesmo nome, desenvolvido em parceria entre a APLOG (Associação Portuguesa de Logística) e a consultora em serviços de auditoria e consultoria KPMG.

O estudo também se debruçou sobre o período 2014 a 2018. Da análise destes quatro anos conclui que o setor apresentou taxas de crescimento de 3,7% no volume de negócios, de 2,2% no número de empresas e de 6,7% no valor acrescentado bruto.

Para fazer o retrato da logística de um país é preciso analisar as suas exportações e as importações. A atual vitalidade do setor logístico está intimamente ligada à evolução das trocas comercias do nosso país. Como argumenta Rui Rufino, “é fácil perceber a forte correlação entre os fluxos de importação e exportação das empresas portuguesas com a natureza dos serviços logísticos”. E, segundo o estudo, os operadores de serviços logísticos adaptaram-se bem às necessidades de internacionalização da economia portuguesa.

Em 2019, as exportações das empresas portuguesas aumentaram 21%, em relação a 2015, e as importações subiram 33%. Mais de metade (56%) das exportações e 72% das importações tiveram como origem e destino a União Europeia, sendo estas trocas comerciais dominadas por três países: Espanha, França e Alemanha.

Já as transações para fora da União Europeia (UE), registaram, no mesmo período, um crescimento marginal de 2,5% nas exportações, mas uma subida de 34% nas importações. “Estes 34% de importações têm forte dominância dos fluxos oriundos da China, que representaram 85% destes volumes. Este perfil permite inferir a forte dominância na componente logística da dependência entre o transporte rodoviário e marítimo”, detalha Rui Rufino.

Os desafios do setor

Apesar da vitalidade do setor, o diretor-geral da APLOG deixa alguns avisos. Em primeiro lugar, há algum “motivo de preocupação” na área do investimento, “que baixou sobretudo no último triénio e é um dos motivos que mais pode relevar na capacidade de resposta atual do setor”.

Por outro lado, a atual volatilidade, a incerteza da procura, a evolução para a omnicanalidade, a sustentabilização e a resiliência e fatores de risco, como a pandemia, são tendências globais da cadeia de abastecimento logístico e naturalmente afetam também as empresas com operação em Portugal. “No contexto do país, ficou patente a necessidade de adaptação das cadeias logísticas quer ao digital quer à relação B2B [Business to Business]. A necessidade de algumas empresas evoluírem para negócios mais eficientes, a necessidade de reforçar a rede de serviços de transporte com meio mais eficientes e sobretudo menos poluidores. Esta questão do ambiente será muito importante nos próximos anos e colocará alguma pressão às empresas para investir. É inclusivamente muito falada a mudança de tipologia de viatura na última milha”, anuncia Rui Rufino.

Assim, entre as competências e capacidades que as empresas terão de desenvolver nos próximos anos para serem competitivas neste contexto, o responsável destaca não só o “reforço de planeamento”, mas uma “maior visibilidade dessas ferramentas de planeamento”, e “uma maior agilidade na resposta ao que o mercado pede em cada momento”. E dá exemplos. É preciso investir em “capacidades de programação em tempo real, com automatização da decisão, incluindo o suporte em tecnologias mais avançadas, como a Inteligência Artificial (IA), na visibilidade transversal da cadeia de valor e da sua rastreabilidade, através de tecnologia blockchain, e no aumento de serviços de valor acrescentado em componentes de pós-venda e logística inversa”.

Sobre a diversidade da oferta de serviços logísticos em Portugal, o estudo revela que tem vindo a diversificar-se e a melhorar a sua proposta de valor, embora com níveis de maturidade distintos. Apesar de alguns exemplos mais inovadores virem das áreas de integradores logísticos multimodais, a “rede nacional de plataformas logísticas intermodais tem vindo a registar uma evolução muito lenta. Nota-se atualmente alguma recuperação onde a procura justifica, mais junto às plataformas portuárias e transfronteiriças, mas subsistem ainda alguns problemas nas interfaces, nomeadamente com a ferrovia”, acrescenta o diretor-geral. “Falta-nos dar aquele passo que permita fazer as relações intermodais que os nossos fluxos tanto necessitam e assegurar que essas operações sejam ágeis e eficientes”, conclui o diretor-geral da APLOG.

*Artigo originalmente publicado na edição 389 do jornal Hipersuper

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