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Manuel Sobreiro, administrador da CAC: “A nossa aposta de crescimento está nas produções alternativas às gaiolas”

Por a 6 de Abril de 2021 as 15:18

Manuel Sobreiro Administrador CACA Companhia Avícola do Centro (CAC) tem em curso um investimento de seis milhões de euros para ampliar o principal centro de embalamento e instalar uma nova linha de embalamento com capacidade para mais 120 mil ovos por hora. O grupo CAC fechou 2020 com um volume de negócios agregado de 80 milhões de euros e estima ultrapassar os 90 milhões este ano. Manuel Sobreiro, administrador da empresa, conta, em entrevista ao Hipersuper, a estratégia que desenhou para fazer crescer o negócio em dez milhões de euros no ano em curso

O consumo de ovos em Portugal está a crescer. Como se traduziu em 2020 e como se está a traduzir em 2021 esse crescimento no volume de negócios da empresa?

O consumo de ovos em Portugal tem vindo a crescer significativamente nos últimos anos, traduzido num efetivo aumento do consumo per capita, e está intimamente ligado ao aumento expressivo do turismo. Em 2020 continuou a aumentar no que diz respeito ao consumo per capita, mas a situação da pandemia levou a retração muito forte de consumo do canal Horeca. Para 2021, a nossa perceção aponta para uma situação muito idêntica à de 2020.

O grupo CAC fechou 2020 com um volume de negócios agregado de 80 milhões de euros e estima ultrapassar os 90 milhões de euros em 2021. Que estratégia delinearam para alcançar o objetivo?

Uma continuada aposta naquilo que denominamos de produções alternativas de ovos – biológico, ar livre e solo -, mas com maior incidência nas produções de biológicos e ar livre, produções estas com um índice de valor acrescentado mais expressivo.

Têm um efetivo 2.250 milhões galinhas poedeiras, distribuídas por 44 explorações, e classificam e embalam anualmente mais de 600 milhões de ovos. Vão aumentar a produção para fazer face ao aumento do consumo?

Em termos globais vamos, efetivamente, aumentar a produção, que poderá ir até 15% do nosso efetivo atual, mas a nossa aposta de crescimento está sobretudo na deslocalização da produção de ovos em gaiola para as produções alternativas e, também, na deslocalização de vendas de canais menos rentáveis, tais como o canal Horeca e a indústria de ovoprodutos.

A empresa reclama uma quota de 40% no mercado português. Está a referir-se ao conjunto dos canais de distribuição onde operam e às seis marcas que comercializam? Como deverá evoluir este número em 2021?

Dispomos, efetivamente, de uma quota muito aproximada de 40% do mercado de ovos mas, obviamente, referimo-nos à movimentação global de ovos, distribuídos por todos os canais de distribuição, incluindo a indústria transformadora (ovoprodutos).

Em 2021, a quota de mercado não tenderá a sofrer grandes alterações, havendo mudanças percentuais em termos dos canais distribuídos, com especial ênfase nas nossas marcas, para as quais prevemos um crescimento significativo.

Têm em curso um investimento de seis milhões de euros em novas aquisições e aumentos de capacidade instalada. Que aumento se irá verificar na capacidade instalada?

A grande fatia do investimento em curso refere-se à ampliação do nosso principal centro de embalamento de ovos e à instalação de uma nova linha de inspeção, classificação e embalamento, com capacidade para mais 120 mil ovos por hora. Vamos, igualmente, realizar alguns investimentos em aumentos e ou substituições de capacidade de produção de ovos.

A marca Matinados tem vindo a afirmar-se como âncora da empresa, registando, desde 2012, crescimentos anuais superiores a 30%. Qual a faturação? Que estratégia delinearam para fazer crescer a marca em 2021?

A marca Matinados atingiu, em 2020, uma faturação de oito milhões de euros. Em 2021, vamos continuar a apostar forte no crescimento da marca e, por isso, delineámos uma estratégia de comunicação mais agressiva, assim como o lançamento do segmento de produção biológica.

Após um período em que foram muito fortes na exportação, tencionam voltar a apostar forte nos mercados internacionais? Quais os destinos com maior potencial para a empresa?

A exportação teve, no passado, um peso muito grande nas nossas vendas, mas derivava, na maior parte das situações, da exportação de excedentes, tendo em conta que Portugal sempre produziu acima das necessidades de consumo. O crescimento do mercado interno nos últimos anos levou a que, gradualmente, deixassem de existir tantos excedentes, o que nos permitiu passar a encarar as exportações numa ótica totalmente diferente, permitindo-nos escolher os destinos de maior valor acrescentado: casos da Suíça, Israel, Emirados Árabes Unidos, Guiné e Cabo Verde. As exportações representam, atualmente, 5% das nossas vendas. Dado o crescimento e transformação do mercado interno, não prevemos um crescimento muito significativo das exportações nos próximos dois anos.

*Entrevista originalmente publicada na edição 389 do Hipersuper

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