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Maria do Céu Gonçalves (Terras e Terroir): “Estamos muito perto de alargar a nossa influência a outras regiões”

Por a 2 de Março de 2021 as 11:07

Maria do Ceu4(1)Os donos da Quinta da Pacheca, no Douro, compraram o “produtor revelação do Dão”, a Caminhos Cruzados, e fundaram um novo grupo empresarial com um volume de negócios de 5,8 milhões de euros. Em entrevista, Maria do Céu Gonçalves, co-fundadora da Terras e Terroir, revela que o grupo está prestes a entrar numa nova região vitivinícola

Quando começou a sua ligação ao mundo dos vinhos?

Começou em 1999, em França, quando eu e Paulo Pereira abrimos a empresa Agriberia, que sempre esteve estritamente ligada à distribuição de vinhos portugueses no mercado francês.

Paulo Pereira tem também um percurso ligado ao mundo dos vinhos.

Certo, fundámos a Agriberia em 1999 e começou aí a ligação ao mundo dos vinhos. Não tínhamos ligação enquanto proprietários a empresas de produção vinícola, mas tínhamos essa ligação da empresa de distribuição de produtos alimentares, com uma rede bem implementada junto do mercado lusófono de alguns países europeus. Em 2012 comprámos a Quinta da Pacheca e estipulámos o objetivo de a tornar um dos principais e mais pujantes players vinícolas do Douro e até do país. Dotámos a Quinta da Pacheca de uma outra robustez financeira e fizemos uma aposta muito forte na área do enoturismo, alargando de tal forma a oferta que a Pacheca é hoje uma referência incontornável no mundo dos vinhos, do enoturismo, bem como enogastronomia. Para este sucesso muito contribuiu a vasta experiência em hotelaria do diretor-geral da empresa, Álvaro Lopes, meu marido desde 2016, que para além dos inputs que trouxe, alicerçou e cimentou o profissionalismo de toda uma equipa fantástica que tanto tem contribuído para o sucesso da empresa.

No final do ano passado, compraram o produtor de vinhos beirão Caminhos Cruzados. Em que contexto nasceu este negócio?

Nasceu, num primeiro momento, de uma oportunidade de negócio que nos foi apresentada. Encontrámos em toda a equipa da Caminhos Cruzados valores muito próximos daqueles que partilhamos. Um respeito integral por aquilo que é genuíno, uma marca identitária nos produtos e a paixão pelo terroir do Dão. Por isso mantivemos grande parte da equipa que já estava em funções, o que acabou por facilitar a transição.

O que fez parte da aquisição, as vinhas, as marcas (Teixuga, Titular e Terras de Santar) e a adega?

Sim, toda a propriedade e todas as componentes do modelo de negócio montado anteriormente.

O vendedor foi o fundador da empresa (2012), Paulo Santos, empresário local ligado ao setor têxtil?

Exatamente, adquirimos a propriedade à família de Paulo Santos.

Têm planos para investir na Caminhos Cruzados?

Numa primeira fase, queremos implementar o nosso know-how de gestão para estruturar melhor a empresa, reforçar a tesouraria e continuar a dar todo o apoio para que este produtor, que muitos chamam de produtor revelação do Dão, seja cada vez mais conhecido pela qualidade e diferenciação dos seus vinhos. Depois, não é segredo para ninguém que a nossa administração tem, também, um modelo de negócio que passa muito pela potenciação do enoturismo, pelo que não enjeitamos apostar nessa área. Até porque a região, sendo já conhecida pelos excelentes vinhos que produz e por alguns equipamentos de restauração conceituados, precisa de reforçar a oferta hoteleira de charme, temática, que possa cativar pessoas a deslocarem-se ao Dão e aí ficarem numa estadia média mais prolongada. Todavia, numa primeira fase estamos focados em ajudar a dar à região do Dão o estatuto que merece, depositando no projeto Caminhos Cruzados todo o nosso entusiasmo e saber.

Pretendem lançar novas marcas do Dão?

É prematuro estar a fazer esse tipo de anúncios. O que podemos garantir é que estaremos sempre atentos às oportunidades e necessidades de mercado. Tendo na inovação e diferenciação vertentes que muito valorizamos, se surgirem boas ideias e que sejam viáveis, prometemos trabalhar nelas com todo o empenho.

A partir desta aquisição nasceu um novo grupo vitivinícola “Grupo Terras e Terroir” que junta ainda a Quinta da Pacheca (comprada em 2012) e a Quinta de São José do Barrilário (comprada em 2017). O novo grupo é detido pelos três sócios em partes iguais? Como se distribui o capital?

Com todo o respeito, vamos optar por não responder.

Que sinergias resultam da fusão destas três quintas num único grupo?

Desde logo a aplicação de um modelo de gestão comum, assim como sinergias ao nível dos recursos humanos ou de infraestruturas.

Qual a capacidade acumulada de produção do grupo juntando as duas quintas no Douro e a quinta localizada no Dão?

Neste momento, cerca de 600 mil litros, aproximadamente 750 mil garrafas.

Qual a importância de expandir a atividade da empresa para o Dão?

É a Borgonha portuguesa. Uma região com vinhos elegantes, com um ADN muito próprio e que tem vindo a impor-se na senda internacional. É para nós um orgulho poder entrar na produção de vinhos desta afamada região demarcada.

Têm planos para crescer através de novas aquisições?

Estamos atentos a todas as oportunidades e muito perto de poder alargar a nossa influência a outras regiões, mas que de momento não queremos desvendar.

Em que regiões do país gostariam de investir?

Todas as regiões demarcadas do País estão a produzir bem e a dar ao mundo vinhos de excelente qualidade. E muitas empresas se enquadram naquilo que são os valores do grupo Terras e Terroir. Naturalmente que iremos avaliando as oportunidades de negócio que possam surgir.

Qual a área total de vinha?

Um total de 75 hectares na Quinta da Pacheca e 45 hectares na Caminhos Cruzados.

Quais as principais marcas de vinho comercializadas?

Quinta da Pacheca, Teixuga, Titular e Caminhos Cruzados.

Quais as principais castas utilizadas na produção?

As castas típicas das regiões em apreço. No Douro a touriga nacional, touriga franca, tinta roriz, tinta barroca, tinto cão, viosinho, gouveio, cerceal, moscatel galego. No Dão, para lá de algumas já mencionadas, a jaen, encruzado e alfrocheiro.

Quanto representa o volume de negócios do grupo?

Cerca de 5,8 milhões de euros.

Que estratégia delinearam para crescer em 2021?

A principal é juntar as equipas comerciais tanto do mercado nacional como da exportação no sentido de vender todas as marcas do grupo.

Quais os principais canais de distribuição dos vossos vinhos?

Possuímos uma distribuidora, a Mister Wine, para o mercado interno e a Agriberia que faz a distribuição nos mercados externos de maior proximidade e de longo alcance.

Têm um projeto de enoturismo na Quinta da Pacheca e outro a caminho, em Armamar. Que investimento vão fazer? Em que consiste o projeto? Quando estará concluído?

O projeto da Quinta da Pacheca foi alvo de uma expansão considerável. Praticamente duplicámos a capacidade com a inauguração de um novo edifício com capacidade para mais 24 quartos, um SPA com circuito de águas, piscinas interior e exterior e uma nova wine shop. É certo que temos projetos para a nossa quinta em Armamar, mas está tudo ainda numa fase embrionária, pelo que mais à frente tornaremos público o que nascerá em concreto no local.

*Entrevista originalmente publicada na edição impressa de janeiro do jornal Hipersuper

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