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Do calçado à comida vegana: maior oferta num nicho em crescimento

Por a 24 de Agosto de 2020 as 9:30

Longe vão os tempos em que se assumir vegano trazia olhares de esguelha e um prato quase cheio de nada. Na última década, contudo, o paradigma alterou-se. A maior consciencialização ambiental de cidadãos e estruturas governativas a par da luta pelo fim da crueldade para com os animais e os efeitos benéficos que uma alimentação sem produtos de origem animal tem na nossa saúde acabaram por dar um novo impulso à filosofia de vida vegana.

Seria complicado imaginar que há vinte anos, num único dia, um vegano poderia comprar um par de sapatos na Rutz, dirigir-se à Makro para abastecer a sua casa de produtos de limpeza e cosméticos enquanto, pelo meio, parava para almoçar no Organi e atualizava o seu perfil no Veggly sem colocar de lado o veganismo. E porquê? Porque o veganismo era visto como algo excêntrico e, na melhor das hipóteses, tudo o que alguém conseguiria encontrar seria uma salada de alface com tomate a tiracolo.

O aumento do número de pessoas a seguir este modo de vida, dado que o veganismo é transversal a todas as facetas do quotidiano, levou o mercado a adaptar-se e a oferecer-lhes opções que, como vimos no paragrafo anterior, se multiplicam em áreas tão diversas como a alimentação, o vestuário, produtos de estética, produtos de limpeza e até aplicações “ao jeito Tinder” especificamente para veganos.

Esta ideia feita realidade é comprovada pelos números. No passado dia 1 de novembro, Dia Mundial do Veganismo, foi dado a conhecer um estudo que concluiu que o número de restaurantes vegan, ou com essa opção, em Portugal, tinha sido multiplicado por sete entre os anos de 2016 e 2019. 42% dos portugueses inquiridos concordava que a alimentação do tipo vegano fornece os nutrientes essenciais à saúde e 39% revelou conhecer pelo menos alguém que segue uma alimentação plant-based.

De Portugal para a Europa, o mesmo estudo revela que 40% dos habitantes dos europeus diz que “sim” ao veganismo e que 74% deseja testar um restaurante que ofereça uma opção vegana.

Insistimos ao longo deste artigo na palavra “filosofia” para caraterizar o veganismo. Esta é a nomenclatura mais correta pois, mais do que uma simples opção alimentar, o veganismo assenta a sua base no respeito por todas as formas vivas que habitam o planeta, incluindo a própria Terra, numa espécie de fusão entre Humanismo e Ambientalismo com o intuito de mitigar o feito predatório que o ser humano tem sobre o mundo que o rodeia transformando-o, simultaneamente, em mais um elo de uma cadeia que se quer simbiótica e não antagónica.

Equilibrar as forças presentes no nosso planeta através de um produto, uma refeição ou uma ação de cada vez é, hoje em dia, mais fácil e democrático. Vejamos as opções veganas já presentes no mercado português:

Restauração & Produtos Alimentares

Na nossa rotina simulada no início deste artigo fomos almoçar a um restaurante vegano. Organi de seu nome, este restaurante vegano em Lisboa (Calçada Nova de São Francisco ao Chiado) foi considerado pelo TripAdvisor, em dois anos consecutivos (2018 e 2019), como o melhor espaço de restauração vegan e vegetariano da capital. Para além de um forte enfoque nos alimentos que vêm da terra e na valorização dos produtores (especial preferência por métodos de agricultura seguros e sustentáveis), os menus do Organi são elaborados tendo em conta a estação do ano de forma a trabalhar sempre com o produto mais fresco e genuíno em termos de sabor e textura. Para além desta filosofia sustentável no que respeita à comida servida, o Organi cumpre com todas as normas da DGS (Direção-Geral de Saúde) para os espaços de restauração.

Se a ideia passa por comprar os próprios ingredientes e confecionar comida vegana no conforto da cozinha de sua casa, existem cada vez mais opções no mercado. No Celeiro, uma das mais conhecidas lojas a operar em Portugal neste domínio, encontram-se facilmente maioneses, queijos, pizzas, hambúrgueres, molhos, chocolates, substitutos de ovo, crepes, empadas, etc. Para além do Celeiro, e numa clara mudança de paradigma, super e hipermercados das maiores cadeias de distribuição presentes no nosso país já têm alas dedicadas especificamente a produtos veganos e onde se podem vislumbrar sementes, gelados, hambúrgueres, noodles, iogurtes e, até, produtos de estética.

Moda & Calçado

Meias, gorros e cachecóis sem lã são alguns dos produtos sustentáveis que a lisboeta Couve coloca ao dispor dos clientes. Na mesma linha, mas mais a norte no território português, ergue-se a NaturaPura (primeira empresa portuguesa certificada com o rótulo ecológico europeu) que oferece, entre outros, vestidos, calças e casacos feitos com algodão 100% biológico e sem tingimentos.

Praça-forte do calçado europeu e mundial, a indústria do calçado português já deu o passo em direção a mundo mais sustentável. Marcas como a Rutz cria sandálias, chinelos e ténis 100% veganos feitos a partir de materiais amigos do ambiente como a cortiça.

Cosméticos & Produtos de Higiene

Da Green Beauty à Pegada Verde podemos encontrar desodorizantes, sabonetes, champôs e produtos cosméticos orgânicos e naturais e não testados em animais. Apesar de muitos produtos cosméticos serem anunciados como veganos, o facto de alguns poderem ter sido testados em animais retira-lhes, automaticamente, o selo de “veganos”.

Vestimo-nos, calçamo-nos, alimentamo-nos e até nos lavamos com produtos vegans, mas a The Bam&Boo leva o veganismo à higiene oral com escovas para os dentes, cotonetes, palhinhas e fios dentais integralmente feitos de bambu.

Produtos de Limpeza e Utensílios de Cozinha

Como vimos, o aumento da procura por produtos vegans tem levado grandes players “mainstream” a apostarem neste tipo de mercado. Um deles, a Makro, tem vindo a reforçar a diversificar a sua oferta com produtos de limpeza 100% ecológicos, eficientes e seguros para o meio-ambiente. Por exemplo, os detergentes de lavagem de roupa são completamente naturais e não têm qualquer componente químico.

A par do calçado 100% vegano, a Rutz entrega ao cliente uma vasta panóplia de artigos para a cozinha amigos do ambiente onde, entre outros, se podem encontrar pratos, copos e canecas.

Tecnologia & Design

O veganismo já chegou às aplicações de encontros. À semelhança do bem conhecido Tinder, os brasileiros criaram a Veggly, uma aplicação que ajuda os veganos a marcar encontros entre si e que já conta com mais de 130 mil utilizadores em todo o mundo.

Será, porventura, ligar design e veganismo, mas a verdade é que a filosofia vegan, como já o referimos, está ligada em rede a todos os domínios da experiência humana com o intuito de tornar sustentável. O design é um deles, em especial o design digital. Esta é uma forma ecológica de dar a conhecer produtos de várias áreas. Isto acontece, pois, cria-se uma imagem do produto num modelo físico, seja para dar a conhecer roupa ou outros produtos e, deste modo, a matéria é poupada, pois o modelo físico só tem de ser criado após a compra.

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