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Uma nova realidade para o comércio online

Por a 3 de Julho de 2020 as 17:03

Catarina Santos* Por Catarina Santos, analytics consultant CPS da Nielsen

As tendências associadas à compra online verificaram neste primeiro semestre de 2020 uma transformação que promete alterar o panorama do e-commerce entre os consumidores portugueses.

O impacto causado pela pandemia COVID-19, associado a um período de quarentena, ao distanciamento social e ao receio de falta de stock de determinadas categorias no ponto de venda, contribuíram para uma procura acrescida do canal online para assegurar compras que seriam, em circunstâncias normais, realizadas presencialmente na loja física.

Quarentena potencia dinamismo no e-commerce

O período recente de confinamento consolidou o aumento da procura do e-commerce entre os consumidores. No momento de maior impacto da pandemia, assistimos a um aumento da percentagem de lares portugueses a fazerem compras neste canal. Foram 11,6% os lares que recorreram ao online e que fizeram pelo menos uma compra durante as oito semanas analisadas pelo Painel de Lares da Nielsen – semanas 09 a 16, de 24 de fevereiro a 19 de abril, representando só nestas semanas já 2% da quota em valor gasto pelos lares (+0.7pp vs período homologo).

O incremento da procura pelo online é particularmente notório quando avaliamos o comportamento dos consumidores comparativamente à realidade do ano anterior. O online conquista nestas semanas de impacto da COVID-19 uma penetração semelhante à que havia obtido durante todo o ano de 2019.

Apesar da maior afluência a este canal, comparativamente ao período homólogo de 2019, o gasto médio por ocasião de compra na loja online é ainda menor. Algo que pode estar relacionado com o carácter de experimentação associado a estas compras em alguns dos lares. O crescimento deste canal deve-se principalmente ao recrutamento de novos lares compradores.

O surgimento e o aumento das opções de compra no canal online permitiram que plataformas online alternativas além dos principais retalhistas conquistassem também importância nas compras online, representando já 19% do valor total de gastos contabilizados.

Um perfil em transformação

O shopper online é, tendencialmente, de classe alta/média alta e mais jovem. O contexto inesperado verificado em 2020 fez com que algumas das barreiras a este canal se esbatessem, algo principalmente visível nos lares com responsáveis de compras mais séniores e pertencentes a classes média, média baixa/baixa.

O online parece ter-se tornado durante estes meses uma opção mesmo para os que não a consideravam antes como tal.

Responder a uma nova procura

É expetável que o e-commerce, que já apresentava um crescimento entre os consumidores, tenderá a ampliar a sua importância após a resolução do impacto da pandemia COVID-19. Desta forma, é fundamental que marcas e retalhistas desenhem uma estratégia adequada para o canal, de modo a aproveitar todas as oportunidades que se abrem perante o panorama atual.

O aumento do fluxo no canal de venda obrigará a um ajuste das soluções encontradas para responder adequadamente a um incremento da procura. Esta adaptação deve também considerar o possível aumento da utilização de serviços e processos de atendimento ao cliente, tendo em vista o maior volume de novos consumidores, ou seja, aqueles que efetuam a sua primeira compra online.

À medida que os consumidores se sentem mais confortáveis a realizarem as suas compras online, o campo de atuação para os players no comércio eletrónico continuará a aumentar. É, por isso, necessário que marcas e retalhistas mantenham o foco nas suas estratégias e análise de e-commerce para garantir que conseguem identificar tendências e que se posicionam na dianteira deste mercado em expansão.

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