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Nova gestão da Compracá quer abrir dez lojas nos próximos anos

Por a 14 de Janeiro de 2020 as 12:46

Foto Miguel (2)Miguel Murta Cardoso assumiu o cargo de CEO da empresa que detém lojas franqueadas da insígnia Meu Super. A adequação do sortido e a diminuição do número de fornecedores foram algumas das medidas tomadas para aumentar rentabilidade da operação

Detém oito lojas de retalho alimentar e é um dos principais franqueados do Meu Super, insígnia de proximidade da Sonae MC. A Compracá, nascida em 2014 após a insolvência da Grula/GCT, alterou a sua estratégia no início do ano, desde que Miguel Murta Cardoso assumiu o cargo de CEO da empresa.

O objetivo, além das alterações estratégicas, é a abertura de dez lojas nos próximos anos. “Até ao final deste ano prevemos a abertura de uma nova loja e no próximo ano pretendemos inaugurar três novas lojas”, adianta Miguel Murta Cardoso ao Hipersuper.

O investimento previsto, como explica, é bastante variável. “Depende se falamos de uma loja já equipada em que passamos por um processo de trespasse, ou se passamos por uma loja criada do zero por nós em que temos de equipar toda a loja e realizar as obras necessárias à atividade de distribuição alimentar. Depende ainda do potencial do negócio tanto ao nível de margens que podem ser praticadas como ao nível da projeção de vendas”, afirma.

As lojas existentes estão localizadas em Coimbra, Porto de Mós, Entroncamento, Carregado, Massamá. Em Setúbal, a Compracá tem dois supermercados. E a loja de Massamá foi inaugurada em 2019. “O nosso plano passa por uma franca expansão e estamos, por isso, com uma série de oportunidades em cima da mesa e continuamos à procura de mais localizações”, afirma o CEO da Compracá, explicando ainda a forma como se dará a expansão. “Pode passar por trespasses de atuais supermercados em funcionamento ou pelo arrendamento de espaços com outras atividades onde nós seríamos responsáveis por equipar toda a loja”, afirma.

A empresa descontinuou, entretanto, algumas operações, caso de duas lojas no Barreiro, uma na Baixa da Banheira e outra no Lavradio. “A razão do encerramento destas lojas deve-se aos resultados negativos de ambas. Em primeiro lugar, por serem bairros com baixo poder aquisitivo, as margens praticadas tinham de ser bastantes reduzidas. Depois, em função do forte ambiente concorrencial das grandes cadeias retalhistas, as vendas também têm vindo a cair nos últimos tempos”, diz Miguel Murta Cardoso.

A empresa, que faturou 6,5 milhões de euros em 2018, projeta uma ligeira descida de receitas para 2019. A explicação assenta nas medidas delineadas para aumentar a rentabilidade da operação, como o encerramento das lojas do Barreiro, a decisão de acabar com a venda de jogos da sorte na maior parte das lojas e o encerramento destas ao domingo. O responsável da Compracá avança que a venda de jogos da sorte originava “um grande volume de quebras”. E que o funcionamento das lojas ao domingo tinha uma “rentabilidade deficitária, uma vez que a operação não cobre o acréscimo de custos com pessoal”.

Compracá pretende aumentar rentabilidade da operação

Num setor competitivo e com margens curtas, Miguel Murta Cardoso considera ser essencial aumentar a rentabilidade através da melhoria da margem bruta e da redução de despesas. Foi com esse propósito que a equipa de gestão da Compracá tomou como primeira medida a adequação do sortido à realidade das lojas e da clientela. “Esta medida afeta de várias formas a rentabilidade, mas os impactos mais diretos são o aumento de vendas e a diminuição de quebras”, subscreve o CEO da empresa.

Com o objetivo de obter melhores condições negociais, a empresa iniciou uma fase de seleção e negociação com os fornecedores. “Esta é uma etapa ainda em curso e que obterá mais resultados no futuro. Porém, já nos permitiu obter ganhos significativos ao nível da margem bruta”, avança o responsável. Para se ter uma ideia mais concreta, a nova equipa de gestão da Compracá reduziu em 30% o número de fornecedores. “A grande maioria do sortido das nossas lojas é abastecido pelo nosso principal fornecedor e parceiro, a Sonae. E o nosso objetivo é que cada vez aumente mais a quantidade de produtos nas nossas lojas provenientes da Sonae”, aponta o gestor.

Murta Cardoso explica os motivos que estão na base da decisão de diminuir o número de fornecedores. “Beneficiamos dos sistemas de reposição automáticos da Sonae, reduzindo assim o número de ruturas nas nossas prateleiras”, diz. Outra razão prende-se com a redução da complexidade do negócio. “São menos camiões a fazer entregas nas nossas lojas, menos faturas para tratar e menos negociações. Ou seja, para trabalharmos com outros fornecedores tem de haver uma justificação muito forte. Mas em certos casos, quando entendemos adequado, recorremos a outros fornecedores, sempre com o objetivo final de garantir a máxima satisfação dos nossos clientes”.

Estando numa fase de reestruturação, a empresa delineou um plano de crescimento que o seu CEO acredita que fará os fornecedores abraçarem o projeto. “Serão também beneficiados por este crescimento”, afirma. “Essa é a nossa abordagem ao mercado e os fornecedores têm ‘comprado’ o nosso projeto e acreditam no nosso futuro. A abordagem aos nossos fornecedores passa por tentar garantir as melhores condições comerciais para conseguirmos oferecer os produtos aos melhores preços aos nossos clientes”, explica.

Variedade do sortido

As lojas Meu Super geridas pela Compracá têm um sortido comum. Mas também há uma aposta na variedade em função da sua localização. “Tanto uma loja em Setúbal como uma loja de Coimbra, devem apresentar no seu sortido os produtos das marcas líder de fabricante e produtos de marca própria”, afirma Murta Cardoso.

O gestor avança, porém, que existem algumas especificidades em determinadas lojas.  “Enquanto em Setúbal se vende mais Sagres, em Coimbra vende-se mais Super Bock. Enquanto um talho numa zona mais urbana vende mais produtos preparados, um talho numa zona rural vende mais carne fresca para cozinhar em casa”, exemplifica.

Há, por outro lado, a preocupação em apostar em produtos regionais. “As categorias de queijos, enchidos e vinhos são as que se nota uma maior diferença no sortido de loja para loja em função da sua localização”, explica.

Operação com Sonae traz vantagens à operação
O acesso a ferramentas da Sonae, que não estariam disponíveis caso a Compracá funcionasse de forma independente, é uma das grandes vantagens da parceria, considera o CEO da empresa. “As nossas lojas estão equipadas com o sistema informático da Sonae que faz a gestão dos stocks com um sistema de reposição automático. Para além disso, temos também acesso à logística da Sonae, que nos faz duas entregas por semana de acordo com as necessidades da loja”, descreve.

Mas há ainda outras vantagens apontadas por Murta Cardoso para as lojas da Compracá serem franqueadas da Sonae. Uma delas é o acesso aos produtos de marca própria do Continente, pela “perceção bastante positiva que têm por parte do público português”, enuncia.

O uso do cartão Continente, prossegue, gera ainda vendas incrementais “por ser a principal ferramenta de fidelização em Portugal”. A apresentação da imagem do Meu Super nas lojas também é considerada por Miguel Murta Cardoso muito relevante, por “acrescentar valor à empresa” que dirige.

* Artigo publicado originalmente na edição 374 do Hipersuper

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