As dez profissões de futuro no retalho
Com a ajuda de especialistas em recursos humanos, elencamos as dez profissões de futuro no setor do retalho

Rita Gonçalves
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Com a ajuda de especialistas em recursos humanos, elencamos as dez profissões de futuro no setor do retalho
Numa altura em que a escassez de talentos no mercado de trabalho português é uma realidade e que o “gap” de competências entre as necessidades das empresas e os profissionais de mercado é cada vez mais alarmante no setor do retalho, entrevistámos especialistas em recursos humanos para levar a cabo uma espécie de exercício de adivinhação. A partir do conhecimento que temos atualmente, enumeramos quais serão as dez profissões de futuro no setor do retalho.
- Designer ou Vendas Web
As mudanças no mercado de trabalho têm vindo a acontecer ao longo do tempo. Funções como telefonistas e datilógrafos, por exemplo, deixaram de existir para dar origem a novas profissões, como engenheiros de data scientists e projetistas de impressoras 3D. “Estas alterações advêm não só da mudança de comportamento do consumidor, como da necessidade de diferenciação das empresas nos diversos setores”, afirma Solange Soares, team leader da Hays Portugal. “A necessidade de diferenciação exige novos processos, novos métodos e novas formas e, para isso, novos profissionais. A conjugação destes dois fatores – necessidade de diferenciação e comportamento do consumidor – implicam, em grande parte, a criação de novos empregos que até então não tinham surgido. Um exemplo é a adaptação das empresas ao meio digital, que é atualmente tão importante para o consumidor e trouxe consigo novos e muitos empregos, como Designer Web e Vendas Web”, acrescenta. O designer web é responsável pelo desenvolvimento e manutenção dos sites, já os profissionais de vendas web são responsáveis exclusivamente pelas vendas online.
- Engenheiros de Automatismo na Logística
“Com o canal digital a crescer, a perspetiva é que os retalhistas não tenham o stock de produtos que têm hoje em dia, fazendo com que a logística seja repensada, cada vez direcionada para automação e inteligência artificial, fazendo com que os engenheiros de automatismos sejam cruciais”, indica Solange Soares.
Tatiana Lopes, senior consultant sales&marketing da Msearch, acrescenta que, no contexto logístico, o investimento das empresas passará, eventualmente, pelo investimento em profissões ligadas à automação, robótica e otimização de processos, em detrimento dos recursos humanos ligados à análise de stock, reposição e mesmo de transporte. “Temos já exemplos de entregas por drones que poderão alterar a forma como são feitas a entrega de mercadorias pontuais ou mesmo as tradicionais rotas de distribuição”.
Marta Martinho, consultora da Michael Page Retail, introduz neste particular o conceito de “dropshipping”. “É a questão que menos estamos preparados para dar atenção, mas vamos assistir à emancipação dos sistemas de dropshipping. Este tipo de tecnologia permite ao retalhista agilizar e reduzir os custos da logística, quer online como offine, e, assim, oferecer um serviço de entregas, acima de tudo, mais rápido ao consumidor, podendo, assim, vir a competir com a Amazon. Ainda nesta linha, destaca-se a otimização da gestão de stocks para um maior controlo e gestão eficiente do produto em loja e no armazém. Assim, as funções de Supply Chain e Demand Planner ocuparão um lugar de destaque”.
- Analistas de Dados
Mais do que simplesmente gerar estatísticas, os analistas de dados surgem da necessidade das empresas gerarem conhecimento.
“Com a inteligência artificial a assumir um papel crucial em toda a cadeia de distribuição, posições como data analysts, data scientists, software engineers e machine learning vão continuar a ter um lugar de destaque”, acredita Tatiana Lopes.
- Especialistas em Categorias
Seguindo as tendências de customização, os especialistas em categorias serão responsáveis pelo desenvolvimento e implementação de produtos cada vez mais específicos.
- Store management
O contexto de loja do futuro será certamente influenciado pelo digital, mas as lojas físicas vão continuar a existir e, para o seu bom funcionamento, são necessários profissionais orientados para o cliente, prevê Tânia Coelho, responsável pela área de retalho da Experis, para quem “os perfis operacionais não serão abolidos no futuro”. “As equipas de loja terão, talvez, menor dimensão, mas serão especializadas e formadas para fazer frente à dinâmica do negócio”. Há quatro características que Tânia Coelho considera essenciais para a função de store management: perfil comercial, vertente humana, capacidade analítica e orientação para as tendências de mercado.
As lojas físicas vão precisar de profissionais mais especializados, com “know-how de produto que rapidamente transmitam aos clientes a sua proposta de valor”. As lojas físicas vão ter “estímulos digitais, layouts inovadores e uma customização aos vários tipos de clientes e consumidores”, adivinha.
No contexto do ponto de venda, Tatiana Lopes fala ainda da importância da atualização dos skills dos profissionais de Trade Marketing. “Profissões na área do trade marketing poderão ter o desafio de se reinventar e atualizar perante o potencial que a tecnologia trará, nomeadamente, com experiências mais sensoriais, já apreciadas pelos millennials, que tornem a loja física mais atrativa”.
- Estrategas da Omnicanalidade
Os retalhistas já estão a apostar forte nas estratégias de omnicanalidade e esta tendência de unificar os canais físico e digital acentuar-se-á no futuro, considera a Tânia Coelho. “O conciliar destes canais é o caminho ideal para a complementaridade da Inteligência Artificial com a Aprendizagem QA [o Quociente de Aprendizagem]. Desta forma, as profissões relacionadas com o e-commerce, como as online stores e os marketplaces, irão ganhar expressão nas necessidades futuras das empresas de retalho, havendo espaço para a ‘parceria’ entre a loja física e a loja online”, acrescenta.
A senior consultant sales&marketing da Msearch concorda: a transformação do mercado laboral na cadeia de distribuição está cada vez mais relacionada com a evolução das tecnologias de informação para agilizar e facilitar o consumo. “Indiscutivelmente o conceito de omnicanal é a influência já notada na flexibilidade e na fusão de algumas funções entre o comércio offline e o comércio online”.
- Especialistas em CRM
As funções ligadas aos sistemas de customer relationship management (Gestão de Relacionamento com o cliente) continuarão a contar nas estruturas das empresas de retalho, adianta a responsável pela área de retalho da Experis. “A gestão do relacionamento com o cliente através de ferramentas e de sistemas de informação tem permitido a automatização do contacto com os clientes, com o objetivo de os fidelizar”.
- Produtores de conteúdos
A análise e produção de conteúdos para o canal digital será certamente uma necessidade das empresas. “No futuro, seremos ainda mais permeáveis à comunicação de acesso fácil, principalmente através dos canais digitais e, desta forma, as profissões mais segmentadas na análise e produção da comunicação digital, nomeadamente nas redes sociais, e os digital influencers poderão ter um foco ainda maior ou até serem desconstruídas em profissões mais especializadas”, acredita Tatiana Lopes.
- Profissionais de Informática
A segurança informática será certamente uma das áreas de investimento das empresas nos próximos anos, indica a senior consultant sales&marketing da Msearch. “Os profissionais especialistas em segurança informática terão de acompanhar a exigência de um consumidor mais informado, novas atualizações legais como o RGDP (Regulamento Geral de Proteção de Dados), assim como de áreas de atendimento ao cliente e de gestão de reclamações mais eficientes e informadas, que poderão passar igualmente por um atendimento mais informatizado”.
Marta Martinho adianta ainda que, em todas as automatizações previstas, as principais funções a destacarem-se serão as relacionadas como helpdesk, gestão de tecnologias de informação e comunicação, developers e business intelligence. “São muitos os retalhistas que irão optar por externalizar funções relacionadas com as novas soluções tecnológicas, mas irão sempre necessitar de um contacto local para suportar funcionalidades”.
- Financeiros
Os pagamentos no setor do retalho estão a sofrer uma verdadeira revolução com a emancipação das digital wallets e outras aplicações e soluções que facilitam o consumo. Neste sentido, “as profissões da área financeira ligadas ao retalho terão que se adaptar à inovação e a uma visão mais ágil das transações de consumo”, prevê Tatiana Lopes.
*Artigo originalmente publicado na edição impressa de março do Jornal Hipersuper