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“O tempo em que as ‘coisas’ falam” – Até onde nos levará a IoT?

Por a 26 de Novembro de 2018 as 10:35

Luis Reto-FotoPor Luis Reto, retail lead do SAS Portugal

Muito se tem escrito sobre IoT, o impacto que tem nos negócios, o que falta para passar de mero conceito a realidade, o que está já implementado, resultados concretos, riscos, desafios e mais uma panóplia de aspetos, não fosse este um dos temas mais transformadores dos próximos anos.

É, de facto, uma evolução tecnológica fascinante e perceber como maximizar a sua aplicação prática e integração nos processos do quotidiano é, com certeza, um enorme desafio, mas constitui igualmente uma enorme oportunidade para criar, melhorar e otimizar processos que vão desde a indústria, passando pela saúde e chegam às nossas casas e vida quotidiana. E tudo isto pode ser meio caminho andado para desbloquear e, quem sabe, apostar no tal projeto que estava em cima da mesa mas que, por questões várias, foi sendo adiado ou até mesmo esquecido…

Falo disto agora porque, no último encontro do IoT Meetup Portugal, foi-me dado a conhecer um caso prático muito interessante da aplicação da IoT: o desenvolvimento de sensores que fazem parte do processo de produção da cerveja Letra – Cerveja Artesanal Minhota – que ajudam a medir a sua temperatura, pressão e gás. Ou seja, um trabalho até aqui manual e que é agora desenvolvido por uma tecnologia que ajuda a determinar quando é que a cerveja está no ponto. Isto traduz-se em menores custos de produção e num aumento da produtividade, mostrando-nos que, se apostarmos e investirmos neste tipo de tecnologia os benefícios são reais. A título de curiosidade… estes sensores estão a ser desenvolvidos pelos alunos da Universidade do Minho, o que não me espanta já que esta é uma área em expansão, promissora e com futuro (e por isso cada vez mais vital para as organizações).

Algumas das iniciativas de IoT ainda param na fase prematura, normalmente na prova de conceito. Penso, por isso, que seria interessante e vantajoso perceber as razões que estão por trás destas dificuldades de transição entre o conceito e sua aprovação e a sua “produtização/industrialização”, defendendo que todas as áreas dentro da organização que são relevantes para o processo sejam – desde as áreas de negócio e/ou operacionais – diretos beneficiários destas evoluções, passando também pelas áreas de TI, que são quem tem normalmente a responsabilidade do desenho e implementação destas soluções. Assim, poder-se-ia combinar vários perfis e competências, que poderão passar pelo know-how especializado nesta área da IoT e noutras de tecnologia, assim como um conhecimento profundo sobre os drivers e objetivos de cada negócio, contribuindo esta combinação de conhecimentos para a implantação de soluções disruptivas como a Inteligência Artificial, Realidade Aumentada, Chatbots, etc.

As vantagens asseveradas por estes projetos são de facto tentadoras e muito relevantes para as organizações – melhorias operacionais, maior produtividade, aumento da segurança, redução de custos, aperfeiçoamento de infraestruturas, identificação rápida de problemas/anomalias, maior eficiência, culminado com capacidades preditivas e de antecipação que contribuem para a projeção de novos modelos de negócios, melhoria de serviço e competitividade dos atuais – mas há que saber enquadrar, desenvolver e implementar no ambiente e condições certas.

São inúmeras as aplicações que a IoT pode ter nas nossas vidas, desde coisas tão simples como máquinas de lavar a roupa conectadas, sensores para estacionamento ou semáforos inteligentes até coisas mais complexas como assistentes virtuais que reagem a comandos de voz. São também massivas as quantidades de dados e informação que estas aplicações geram e para o qual é necessário converter em “inteligência” e informação útil para cada um dos propósitos que servem. Na verdade, esta capacidade de as “coisas” gerarem dados e informação que posteriormente são “consumidas” e “interpretadas” pelas aplicações, sistemas e até outras “coisas”, abarca diversas dimensões da nossa vida quotidiana, de todos os sectores de atividade, como o retalho, indústria e todos os sectores que possamos imaginar, prometendo um contributo ímpar para a melhoria significativa da qualidade de vida de cada um de nós.

O exemplo que dei acima da cerveja Letra é elucidativo de como através de um dispositivo – e por isso sem interação humana – se consegue controlar o estado e condição de um produto, garantindo assim máxima qualidade e excelência até chegar ao cliente, mas este é só um pequeno exemplo do enorme potencial que a aplicabilidade da IoT tem na inovação e desenho de novas soluções e modelos de negócio, na sempre incessante busca do ser humano pela inovação e da melhoria, como referia acima, da qualidade da nossa vida.

As tecnologias disruptivas como a IoT, Machine Learning, Inteligência Artificial, capacidades de Análises Preditivas já estão a ditar a forma como os negócios e os próprios produtos são desenhados e desenvolvidos, e é através deste tipo de projeto, e outras iniciativas idênticas, que podemos concluir que com esta evolução tecnológica, o “tempo em que as coisas falavam” é agora e vai estar cada vez mais presente no nosso dia-a-dia.

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