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Dados pessoais, confiança e transparência, por José Fonseca (SAS)

Por a 26 de Abril de 2018 as 17:30

 José Fonseca, Data Management Expert no SAS

 A poucas semanas da entrada em vigor do novo Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD), uma nova polémica instala-se, desta vez com a maior rede social do mundo, o Facebook. A rede social enfrenta agora uma série de pedidos de esclarecimento por parte de reguladores e governos, tendo sido “bombardeada” com perguntas referentes à salvaguarda dos dados pessoais dos seus milhões de utilizadores e o modo como estes dados são utilizados.

Perante este cenário questiona-se o que estará esta rede a fazer com a nossa informação, uma má utilização dos dados pessoais, afirmam uns, dados roubados, asseguram outros, sendo que a questão poderá estar no facto de os dados terem sido utilizados e manipulados sem o conhecimento dos utilizadores, defraudando as suas expetativas e, isso sim, é grave e remete-nos para um problema que diz respeito a todos nós, cidadãos/consumidores que, tantas vezes vamos deixando o nosso rasto digital por onde passamos, muitas vezes sem tomarmos consciência deste facto.

O desafio está em garantir o controlo sobre a privacidade dos dados numa “sociedade de informação” onde a partilha de dados é por vezes mecânica e as empresas “absorvem” todo esse histórico com o intuito de nos fornecer mais e melhores serviços, muitas das vezes sem a necessidade ou legitimidade para o fazerem.

O novo RGPD está prestes a entrar em vigor – já no próximo dia 25 de maio – sendo que o seu timming não podia ser mais adequado.

O caso do Facebook não é um ato isolado, na verdade, muitos têm sido os ataques a organizações e empresas com o objetivo de apropriação de dados pessoais, sendo urgente a salvaguarda dos direitos fundamentais dos cidadãos, no que toca aos dados pessoais partilhados com terceiros. O objetivo deste regulamento passa, entre outros aspetos, pela responsabilização das empresas no que respeita a salvaguarda dos dados pessoais, o registo do consentimento para a utilização destes dados, a identificação da sua origem e o direito ao esquecimento, permitindo aos cidadãos solicitarem a remoção completa dos seus dados, se o assim entenderem.

Entre outros setores, o retalho – por lidar diariamente com um volume avultado de informação que recolhe dos seus clientes – terá de adotar os princípios gerais da proteção de dados, garantindo que não está a recolher mais informação da que necessita para o exercício da sua atividade, diminuindo a sua exposição ao risco de incumprimento do RGPD, ao mesmo tempo que aumenta a confiança dos seus consumidores/clientes. Na verdade, este novo regulamento implica maior transparência em relação à forma como os dados de todos nós são recolhidos e processados, o que é bom para todas as partes.

De facto, para fazer frente a fugas de informação e recolha indevida de dados, será necessário criar e aplicar regulamentos como o RGPD, entre outras diretivas, que obriguem as organizações a garantir o controlo e a segurança de algo tão importante como no fundo é a nossa identidade, algo fundamental para as nossas vidas!

É certo que não é fácil encontrar o ponto de equilíbrio, vivemos em plena era digital, a própria tecnologia é desenvolvida para satisfazer as necessidades desta sociedade de informação criada por nós, a facilidade de acesso a redes móveis veio permitir a constante utilização de aplicativos e dispositivos que, por um lado, nos facilitam a vida e, por outro, “exigem” saber tudo sobre nós através de um simples “concordo” que não é inocente.

Portugal é dos países que mais uso dá às redes sociais. Como em tudo, tem aspetos positivos e negativos, mas o que deve reter é que mesmo com novos regulamentos e diretivas deve estar sempre atento e partilhar somente o que lhe parecer estritamente essencial, restando-nos estar cientes dos nossos direitos e responsabilidades e tentar sobreviver e compreender as particularidades desta nova sociedade.

 

 

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