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Opinião: Qual o perfil ideal para trabalhar no retalho atualmente?

Por a 16 de Março de 2018 as 10:34

Por Mara Martinho, Consultora de Retalho da Michael Page

Engane-se quem ainda pensa que uma licenciatura em Gestão, Gestão de Empresas, Marketing ou similares tem apenas como destino profissional os setores da banca, dos seguros, auditoria, indústria, consultoria ou administração pública. São cada vez mais as empresas de retalho e de distribuição que apresentam como requisito obrigatório, para qualquer processo de recrutamento de “middle and top management”, a detenção de uma destas áreas de formação.

Hoje em dia é notória a enorme subida da profissionalização e especialização das categorias profissionais no retalho. E foram cadeias como Jerónimo Martins, Sonae, Aki e Lidl que, através dos seus programas especializados de estágios, mostraram o quão importante são os recém-licenciados e a sua visão de mercado e de negócio para decisões estratégicas e operacionais nas empresas. Muitas destas insígnias, se não todas, estão a formar estes novos gestores, com o intuito de os tornar seus futuros líderes.

As questões são várias: será que todos os candidatos estão conscientes disto?

Os novos gestores estão a ser devidamente fomentados para o setor do retalho como são para os setores da banca ou da consultoria? Conhecem todos os benefícios que podem retirar desta área? Estará este setor a dinamizar todas as ferramentas necessárias para a atrair e reter estes perfis?

É sabido que o retalho ainda não conquistou a mesma reputação no mercado que outros setores já conseguiram. Todavia, tem existido uma aposta maior, por parte de algumas marcas, em quebrar certos descontentamentos apontados pelos seus colaboradores, por forma a tornarem-se mais atrativas, para além de conseguirem reter todos os perfis especializados presentes na sua organização.

Um dos grandes obstáculos é a carga horária extensível ao horário noturno e fins-de-semana, existindo já algumas marcas que trabalham numa ótica de “work-life-balance” e concedem aos colaboradores mais do que duas folgas seguidas, um horário flexível em situações familiares críticas ou a possibilidade de colocarem os seus filhos em creches próprias com horário alargado.

Outro ponto interessante é a remuneração que certas posições oferecem, revelando-se já bastante competitiva relativamente a outros setores, facto desconhecido para a maioria. Segundo o Estudo de Remuneração de Retail da Michael Page Portugal, um “store manager” pode auferir até €44.000 de remuneração bruta anual, um area manager até €50.000 de remuneração bruta anual, um director de marketing até €160.000 de remuneração bruta anual e um director geral até €170.000 de remuneração bruta anual, isto sem contemplar, para qualquer um das posições, prémios variáveis ou bónus anuais[1].

É claro que possuir uma licenciatura não chega, há que ter  interesse pelo setor e conseguir adaptar-se à sua rapidez e vulnerabilidade.  Um perfil ideal é aquele que além das competências técnicas e estratégicas para o negócio, consegue de igual forma operacionalizá-las em contexto diário. Um perfil astuto é aquele que é capaz de antever as necessidades do cliente, desenvolver soluções para o mesmo e prever as suas reacções.

Capacidade de gestão de equipas

A capacidade de gestão de equipas é outro dos pontos mais valorizados nos perfis de retalho, dado que a maioria das equipas do setor são multifuncionais, outras são compostas por variadíssimos colaboradores a part-time que não ambicionam uma carreira profissional na empresa, o que implica uma dinâmica motivacional superior, entre outros fatores.

O dinamismo, a pro-atividade, a simpatia e empatia, a atenção e disponibilidade para com o cliente e o saber trabalhar em equipa, funcionam como características-chave para um perfil de retalho, pelo que não é esperado que se alterem com o passar dos anos.

Por último, mas não menos importante, há que fazer a ressalva de que a contrabalançar com estes novos gestores, existem perfis que, embora não licenciados, detêm 10, 15, 20 anos de experiência na área, o que lhes confere igualmente poder na oferta de mais-valia a qualquer organização que os integre nas suas equipas.

[1] https://www.michaelpage.pt/sites/michaelpage.pt/files/estudos-de-remuneracao-2018-retail.pdf

 

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