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Cibersegurança: Ameaças e oportunidades para empresas e Estado

Por a 21 de Fevereiro de 2018 as 15:47

Por Sérgio Abreu, Head of Brand da Primetag

Campanhas políticas, empresas, agências de segurança, departamentos governamentais, falhas graves de hardware e software. Em 2017, os media e a população em geral acordaram finalmente para uma realidade escondida, a da cibersegurança.

Hoje, o verdadeiro prémio para os piratas informáticos reside na informação dos utilizadores. Os nossos dados, sejam passwords, informação bancária ou médica, moradas, histórico e padrões de consumo. Toda a informação é valiosa e acaba por ser colocada à venda no mercado negro da internet, a “dark web”.

Qual é a pertinência deste assunto para um profissional da área da comunicação?

O meu interesse está relacionado com a minha experiência profissional, ligada ao comércio eletrónico e ao processo de construção de marcas em ambiente digital.

Para um ecommerce, o seu principal ativo reside na confiança. Sem ela não é quebrada a barreira que leva um consumidor a encomendar um produto que não viu, a pessoas que não conhece através de uma loja virtual.

Os ciberataques destroem a confiança dos consumidores nas empresas, marcas e instituições. Não há plano de marketing, estratégia promocional, ou campanha de descontos que funcione quando o consumidor não acredita que está seguro.

AMEAÇAS PARA AS EMPRESAS

Crescente digitalização

As empresas modernas funcionam com base em processos digitais e dependem da tecnologia para comunicação, faturação e logística. Com a crescente expansão da IoT (“Internet of Things”) os elos desta cadeia são cada vez mais permeáveis a fugas e assaltos informáticos.

Inibição da compra

A falta de confiança ainda é um dos fatores que impede que mais consumidores comprem ou utilizem serviços online. Por outro lado, um consumidor fidelizado que tenha os seus dados expostos, ou potencialmente comprometidos, terá muita dificuldade em voltar a confiar nesse negócio ou site em particular.

OPORTUNIDADES PARA AS EMPRESAS

Plano de contingência

“There are only two types of companies: Those that have been hacked and those that will be hacked”. Esta famosa afirmação de Robert S. Mueller, ex-director do FBI, serve de alerta para todas as empresas. Estas deverão preparar planos de comunicação de contingência, idealizados para responder a diferentes cenários de quebras de segurança. A rapidez e a forma como se reage a um ciberataque é determinante na contenção de danos e na perceção que o público tem de todo o processo.

Diferenciação pela positiva

Surge a oportunidade para as empresas de se diferenciarem da concorrência através de um plano integrado de combate às ameaças, e fazer desse processo um dos valores da empresa ou da marca, reforçando assim a confiança dos clientes ou consumidores.

AMEAÇAS PARA O ESTADO

Lentidão na adoção de novas tecnologias

O Estado é, tendencialmente, mais lento a adotar novas tecnologias e processos informáticos. Se bem que usar nova tecnologia acarreta os seus riscos, depender de tecnologia antiquada, com fragilidades bem conhecidas, também coloca sérios desafios à sustentabilidade dos sistemas.

Fragmentação das soluções adotadas

Diferentes ministérios e departamentos, geridos por pessoas que dependem de ciclos eleitorais, levam a uma fragmentação das soluções adotadas, levando a problemas de integração que normalmente dependem de “patches” para funcionar. Quantos mais elos tem um sistema, mais vulnerável fica a ataques.

OPORTUNIDADES PARA O ESTADO

Ausência de infraestruturas críticas

Portugal não detém instalações nucleares nem infraestruturas militares de importância crítica (quando comparado com outros países). Normalmente, estas instalações consomem muitos recursos e necessitam de monitorização constante.

Uma rede mais pequena, coesa e geograficamente concentrada é mais fácil de gerir e manter.

Capitalizar o sentimento de segurança

Portugal é visto, internacionalmente, como um País estável, com baixas taxas de criminalidade e que reage positivamente perante cenários de crise. O nosso país ocupa o terceiro lugar no ranking do “Global Peace Index 2017” e faz parte lista de países de baixo risco para viajantes do Departamento de Estado dos Estados Unidos. Este facto, aliado à excelente qualidade dos nossos profissionais de software e TI (Tecnologias de Informação), poderia ser uma boa base de lançamento para tornar Portugal um país com um nível de cibersegurança acima da média, atraindo investimento estrangeiro e posicionando-o na vanguarda de um setor de atividade que irá definir o futuro da nossa sociedade.

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