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As duas tecnológicas que representaram Portugal na Retail’s Big Show 2018

Por a 19 de Fevereiro de 2018 as 11:59

Ana Monteiro, em Nova Iorque (a convite da Tlantic)

Tlantic e Inovretail são as empresas portuguesas que encontramos a expor os seus produtos e serviços na Retail’s Big Show 2018. O certame onde são apresentadas inovações e debatidas as tendências do retalho mundial, promovido pela National Retail Federation (NRF), atraiu entre os dias 14 e 16 de janeiro mais de 35 mil profissionais dos vários cantos do planeta ao Jacob K. Javits Convention Center, em Nova Iorque.

As duas empresas portuguesas que o HIPERSUPER encontrou na feira estão ligadas a tecnologia de gestão do ponto de venda e têm algo em comum: a Sonae, grupo do qual faz parte a portuense Inovretail, após aquisição em 2016. Já a Tlantic seguiu a dinâmica contrária. Representa um “spin off” que imergiu em 2012 pela mão do responsável, à data, pela área de Tecnologias de Informação (TI) do grupo da Maia, Paulo Magalhães.

“Em 2004, na Sonae, tínhamos uma equipa no Brasil e a vantagem de produzir software a muito menor custo lá face à Europa. Então autonomizei na Tlantic nessa altura a equipa de Tecnologias de Informação que tinha a operar no Brasil para produzir sistemas para as operações do grupo, quer para o Brasil quer para a Europa. Depois com a venda do negócio no Brasil à Walmart em 2005, a Tlantic manteve-se o único resquício da passagem pela Sonae por aquele mercado”, explica o diretor-executivo que em 2012 deixa as funções corporativas na Sonae para se dedicar apenas à Tlantic, no mesmo ano em que esta começa a fornecer outros retalhistas além da dona do Continente.

No stand da empresa na Retail’s Big Show, há imagens de lineares carregados com produtos frescos, vestuário, cosmética e eletrónica, salientando o conhecimento nos vários segmentos de retalho que a Tlantic detém, devido à origem associada a um retalhista multi-formato. “A Sonae teve a visão de criar novos formatos a partir do Continente, uma vez que geria muitas categorias de artigos. Foi das primeiras retalhistas do mundo a implementar integralmente, na década de 90, o modelo de gestão por categorias, o que lhe conferiu uma perspetiva mais alargada do negócio”, destaca Paulo Magalhães.

Para a Tlantic a loja é um espaço “de pessoas para pessoas” e as suas ferramentas tecnológicas servem para ajudar os colaboradores a gerirem de forma mais eficiente as operações e a prestarem um melhor serviço ao cliente. O software garante “zero price diverges” (zero divergência de preço) nos valores de venda de produtos expostos que são sistematicamente ajustados, além de permitir “gerir receitas e o abastecimento da loja, controlar datas de validade e ruturas, entre outras funcionalidades – tudo de forma móvel”.

“É uma forma de os colaboradores servirem melhor o cliente, estando no mesmo espaço que ele e não na parte detrás da loja a gerir encomendas ou stock. Podem fazê-lo na loja”, sublinha o CEO (Chief Executive Officer). Com o software da empresa portuguesa, toda a operação de loja “é organizada por tarefas, para que tudo fique registado e, assim, há uma maior visibilidade do que se passa na loja” – das possíveis ruturas, dos tempos de demora na reposição e no abastecimento, entre outros.

O facto de ter nascido dentro do grupo Sonae e ter-se depois tornado independente – “por norma no tecido empresarial acontece o contrário” – fez também com que a empresa de TI sediada no Porto assumisse uma abordagem diferenciadora. “Partimos do problema para a solução e não ao contrário, como acontece por regra geral”.

Desta forma, a Tlantic garante, em média, aumentos “27% na produtividade dos colaboradores, de 15% nas vendas e um corte de 15%” nos custos operacionais.

O maior mercado da Tlantic é atualmente o Brasil, onde trabalha, entre outros, com o grupo Pão de Açúcar. “Temos também clientes como a Parfois. No total, estamos com um potencial de lojas de mais de 3000”, explica Paulo Magalhães. “Estamos a dar os primeiros passos. Temos que esperar que os roll outs terminem”.

NRF2018

Inovretail: a empresa de “data science” que a Sonae adquiriu em 2016

Enquanto a Tlantic já participa desde 2012, como expositora, na Retail’s Big Show, a Inovretail representa uma estreia em 2018. “Já tínhamos vindo no ano anterior, como visitantes, e este ano decidimos participar”, explica Vera Torok, Business Develpment manager da empresa adquirida em 2016 pela Sonae. O grupo da Maia “queria uma empresa de ‘machine learning’ e acabou por escolher a Inovretail, com a qual já trabalhava desde 2013”.

A empresa fundada em 2011 no Porto assume-se como especialista em “data science” aplicada ao retalho. “Oferecemos um serviço completo de gestão da informação em loja e ajudamos as empresas a aplicar toda a ‘ciência dos dados’ no dia-a-dia da loja”, esclarece a manager.

A Inovretail desenvolveu a plataforma “C plus”, acessível através da cloud a partir de dispositivos móveis como smartwatches ou do computador, com um conjunto de módulos que o cliente pode alargar ou reduzir, consoante as funcionalidades pretendidas, as quais se dividem em três áreas.

“Começamos focados na área de ‘In-Store Analytics’ e alargamos às áreas de ‘Costumer Intelligence’ e ‘Predictive Retail’”, explica Vera Torok, que considera ser a área de “Predictive Retail” a que mais diferencia a Inovretail no mercado.

  • In-Store Analytics

“A análise de dados dentro da loja – a primeira funcionalidade da nossa plataforma – para perceber de que forma os vários aspetos da loja afetam as vendas. Como a temperatura atmosférica” exemplifica

 

  • Predictive Retail

Nessa divisão a empresa oferece uma previsão avançada de vendas, dividida por alavancas (“uplifts”) de calendário, como eventos de natal, ativações de marca, promoções ou uma altura do ano em que, com base na temperatura exterior, se pode antecipar um maior volume de vendas de um produto. “Dizemos como cada uma destas áreas impacta as vendas”. O software da empresa inclui, entre outros módulos, planificação de preços e promoções, de forma a “entender como as modificações em termos de preço vão impactar as vendas”.

  • Costumer Intelligence

Nesta área, a empresa tenta antecipar o comportamento de compra do cliente. “Segmentamos o cliente, em função da sua experiência anterior – os produtos que compra e quanto gasta, por exemplo. O que ajuda principalmente as equipas de marketing a direcionarem a comunicação de uma marca.

Esta área integra ainda o “cross-selling”, ou seja a definição das melhores estratégias para emparelhar as vendas.

Por fim, a empresa analisa o risco de “churn” (desistências), a definição dos clientes estão em risco de desistir da compra ou do serviço. “A partir daí, acompanhamos o cliente através da área de consultoria de marketing, com recomendações ao de estratégias que possam funcionar, com base no nosso conhecimento”.

Apesar de agora se encaixar no universo Sonae, a Inovretail continua a servir outros retalhistas, estando neste momento a desenvolver “um projeto piloto” da Parfois no Brasil, por exemplo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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