Entrevista. Delta Q completa dez anos com vendas de €70 milhões
A Delta Q surgiu no mercado em novembro de 2007 com uma produção diária de 395 cápsulas. Dez anos depois, a marca de café do grupo Nabeiro produz mais de dois milhões de cápsulas por dia, com destino a 25 países. Em entrevista ao HIPERSUPER, o administrador Rui Miguel Nabeiro faz a retrospetiva desta primeira década da Delta Q, falando sobre o modelo de negócio, desde as lojas próprias ao segmento “business”, passando pelo Brasil. A marca quer “duplicar” as vendas em cinco anos
Ana Catarina Monteiro
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A Delta Q surgiu no mercado em novembro de 2007 com uma produção diária de 395 cápsulas. Dez anos depois, a marca de café do grupo Nabeiro produz mais de dois milhões de cápsulas por dia, com destino a 25 países. Rui Miguel Nabeiro faz a retrospetiva desta primeira década*
A inovação é a palavra-chave do crescimento da Delta Q. Em entrevista ao HIPERSUPER, o administrador do grupo Nabeiro fala sobre o modelo de negócio, desde as lojas próprias ao segmento “business”, passando pelo Brasil. A marca quer “duplicar” as vendas em cinco anos.
Que balanço faz dos dez anos da Delta Q?
A história da marca Delta Q começa muito antes de 7 de novembro de 2007. Foram necessários cerca de dois anos, muitos estudos e uma forte aposta na área de I&D [Investigação e Desenvolvimento] para criar o “Q de Delta”, hoje conhecido nos quatro cantos do mundo. Estes dez anos representam um percurso marcado por inovações constantes, por ouvir o consumidor e responder às suas necessidades.
Quais os principais marcos da sua história a destacar?
Um dos momentos mais marcantes ao longo destes dez anos foi em 2012, cinco anos após a criação da marca, quando Delta Q atinge a liderança do mercado e supera os objetivos das 500 mil máquinas e 325 milhões de cápsulas vendidas. Em 2015, a marca produz a cápsula número 1 000 000 000 e inovámos, uma vez mais, ao surpreendemos o mercado com a primeira cápsula de cevada – o Delta Q Pure. De salientar ainda o início de produção da Mayor Q em maio de 2017, a primeira máquina de café em cápsulas desenhada e produzida pela Delta em Portugal, que pretende ser uma referência no segmento “business”. Até aqui, sempre recorremos a parceiros externos para produzir as máquinas de café em cápsulas.
Em maio de 2014, a Delta Q atingiu a meta de 700 000 máquinas e 600 milhões de cápsulas vendidas em Portugal. Três anos depois, como evoluíram estes valores?
Atualmente já atingimos as mais de dois mil milhões de cápsulas e mais de um milhão de máquinas vendidas em Portugal e nos mercados externos.
Para quantos países a marca exporta? Qual o mercado externo que mais pesa nas vendas? Espera entrar em novos mercados brevemente? Quais?
A Delta Q está hoje presente em 25 mercados internacionais, desde o Canadá à Austrália, passando pelos Emirados Árabe Unidos (Dubai). Os principais mercados correspondem aos países onde estamos diretamente – Espanha, França, Suíça, Brasil, Angola e China. A expansão da marca aconteceu também em muitas outras geografias como Inglaterra, Irlanda, Holanda, Bélgica, Dinamarca, Alemanha, República Checa, Cabo Verde e Guiné-Bissau, entre outras.
Duplicar faturação de €70 milhões
Em outubro de 2016, a quota no mercado de cápsulas da Delta Q em Portugal assentava nos 37%. Como evoluiu o valor?
Mantém-se estável.
Na mesma altura, a marca apresentava uma capacidade de dois milhões de cápsulas por dia. Como evoluiu?
Em 2017, fizemos novos investimentos na fábrica em Campo Maior. Introduzimos a quinta máquina de enchimento industrial, que nos vai permitir aumentar a capacidade de produção em 25%.
Quanto a marca faturou no último ano e como espera que evolua esse valor este ano?
Delta Q prevê fechar 2017 com 70 milhões de euros em faturação e, em cinco anos, duplicar as vendas, através de inovação e da expansão nos mercados internacionais.
Lojas Próprias
A marca conta atualmente com quatro lojas próprias – duas em Lisboa, uma no Porto e outra em Vitória (Brasil). Com que objetivo a Delta Q decide apostar no retalho?
As nossas lojas são espaços que privilegiam a proximidade da marca com os seus consumidores, proporcionando-lhes uma experiência em torno do café. São veículos estratégicos de comunicação da marca e dos produtos, privilegiando um serviço de excelência. Os portugueses são grandes consumidores de café expresso e queremos continuar a oferecer-lhes o expresso perfeito.
Prevê ampliar a rede de lojas?
A Delta Q pretende continuar a inovar e a proporcionar aos consumidores momentos únicos e memoráveis, quer através da criação de novos produtos quer através de novos momentos e novas formas de consumo.
Quanto pesa a atividade de retalho no volume de negócio?
Mais do que o peso no volume de negócios da marca, o nosso objetivo é prestar o melhor serviço ao consumidor.
Presente em 800 lojas no Brasil
A Delta Q é distribuída no Brasil através da Delta Foods Brasil?
Sim. A Delta Foods Brasil dedica a sua atividade à distribuição e comercialização das marcas do Grupo Nabeiro no Brasil, onde hoje temos negócios na área de cafés, vinhos e outros produtos sob as marcas Delta Cafés, Delta Q, Belíssimo, Adega Mayor e Qampo. A empresa dedica a atividade aos canais de retalho, electro, Horeca, loja e online. A marca Delta Q, em particular, assume uma importância enorme no crescente consumo de café em cápsulas no Brasil.
Como evoluíram as vendas da Delta Q no Brasil desde a constituição da divisão até agora?
Em apenas quatro anos, conseguimos já chegar a mais de 1200 pontos de venda. No canal retalho, temos presença em mais de 800 lojas ao longo de 33 redes de supermercado, como o Grupo Pão de Açúcar (Casino), Walmart, Carrefour e Cencosud. No canal Horeca, temos já aproximadamente 400 clientes diretos, além da nossa loja mydeltaq.com.
Segundo a Delta, 97% da população brasileira consumia café em 2012 mas apenas 5% detinha máquinas de café expresso doméstica. Como evoluiu o consumo e a penetração das máquinas de café expresso nas casas dos brasileiros?
Apesar de estarmos no país do café, no Brasil mais de 93% do consumo é efetuado com café filtrado. O consumo do expresso apresenta ainda pouca expressão, comparado com países europeus, mas com enorme potencial de crescimento. O consumo está ainda concentrado nas capitais (principalmente do Sudeste) e é sobretudo consumido fora do lar, em cafeterias e restaurantes. Por outro lado, a penetração de máquinas de café expresso aumentou, em resultado de uma quebra de preços dos equipamentos domésticos dado o aumento da oferta, novos modelos e marcas, tornando este segmento muito mais dinâmico e acessível.
Segmento “Business”
Em 2013, a marca anunciou a entrada no segmento “business”. Quantos clientes detêm hoje?
Este segmento é absolutamente estratégico para a marca a nível internacional. Cerca de 200 clientes da Delta Foods Brasil no canal Horeca são clientes da área do “business”. E vamos aumentar este número no curto prazo.
Para celebrar os dez anos, a marca lançou, entre outros produtos, uma edição de cápsulas de café com origem biológica. Pensam continuar a apostar neste sentido?
O Delta Q bio é um blend com certificação biológica e UTZ, que garante boas práticas agrícolas e a sua gestão. Pretendemos continuar a inovar e a apostar em diferentes soluções para esta área.
Além daquela, lançaram o novo sistema de extração de café RISE, concebido no Centro de Inovação do grupo Nabeiro e que está, numa primeira fase, disponível no Qoffee Qar 2.0, um robô autodirigido e destinado ao canal Horeca. Já está presente em algum cliente Horeca?
Vamos iniciar primeiro a fase de testes em clientes selecionados.
Têm como objetivo apostar neste sistema, em que o café enche o copo a partir da base, também para soluções destinadas ao segmento doméstico?
Veremos, a seu tempo, como vamos desenvolver.
Inovação absorve 13% das vendas
Qual o investimento anual direcionado à inovação?
Posso dizer que, em 2016, o orçamento de Delta Q dedicado à inovação ultrapassou o de marketing e as inovações que lançámos para o mercado nesse ano representaram 13% das vendas de cápsulas.
Os consumidores estão hoje bastante dependentes das cápsulas de café, o que agrava o risco de poluição ambiental das mesmas. A empresa tem feito ou pensa tomar alguma ação neste sentido?
Temos em vigor, em Campo Maior, um programa de reciclagem que envolve os vários componentes da cápsula. Este é, no entanto, um projeto em constante melhoria e renovação.
De resto, que objetivos têm traçados para os próximos dez anos?
Garantir que a inovação continuará a ser um dos pilares estruturantes da marca. Pretendemos continuar a surpreender o consumidor, ano após ano, criando tendências e acrescentando valor aos vários momentos de consumo e de partilha proporcionados pelo café.
*Texto originalmente publicado na edição impressa de janeiro do HIPERSUPER