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Especial Azeite: produção e consumo, por Mariana de Matos (Casa do Azeite)

Por a 18 de Dezembro de 2017 as 12:08

A região do Alentejo, que no início do séc. XXI representava, em média, menos de 50% da produção nacional, atualmente concentra mais de 75% da produção portuguesa

Por Mariana Vilhena de Matos, Secretário-geral da Casa do Azeite*

O sector do azeite em Portugal conheceu, principalmente na última década, um desenvolvimento notável. Embora a área total de olival em todo o País tenha crescido apenas cerca de 7% nas últimas duas décadas (Quadro 1), a produção nacional média de azeite das últimas campanhas triplicou em relação aos primeiros anos do século XXI.

 

Quadro 1 – Evolução da área total de olival em Portugal, por região.

 

   

1999

 

….

 

2011

 

2012

 

2013

 

2014

 

2015

 

2016

 

Entre Douro e Minho

 

1.115

 

879

 

879

 

891

 

894

 

903

 

921

Trás-os-Montes 72.295 78.779 78.838 79.748 80.159 80.433 80.472
Beira Litoral 77.917 15.797 15.797 15.797 15.797 15.797 15.797
Beira Interior 49.022 49.127 49.127 49.142 49.097 49.097
Ribatejo e Oeste 36.831 25.587 25.587 25.589 26.402 26.402 26.402
Alentejo 138.083 166.868 168.295 171.829 171.140 169.869 174.639
Algarve 8.788 8.752 8.769 8.789 8.816 8.839 8.854
 

TOTAL:

 

335.029

   

345.684

 

347.292

 

351.770

 

352.350

 

351.340

 

356.182

Fonte: INE  (1999 – Recenseamento Geral Agrícola)

 

Este aumento da produção nacional de azeite deve-se, essencialmente, ao grande investimento nesta cultura, na região do Alentejo, onde a área de olival aumentou cerca de 26,5% nas últimas décadas, principalmente nas novas áreas de regadio do perímetro de rega do Alqueva, onde se tem instalado novo olival intensivo e super-intensivo, altamente produtivo.

Azeite

A instalação destes novos olivais altamente produtivos conduziu a um aumento da produção de azeite em Portugal e reforçou de forma muito expressiva a quota de produção da região alentejana que, no início do século XXI representava, em termos médios, menos que 50% da produção nacional, e actualmente representa mais de 75% da produção portuguesa (Quadro 2).

 

Quadro 2 – Evolução da produção em Portugal, por região.

(toneladas)

   

2007

 

2008

 

2009

 

2010

 

2011

 

2012

 

2013

 

2014

 

2015

 

2016

E. Douro e Minho 157 584 380 488 281 348 417 247 372 196
Trás-os-Montes 9.572 15.098 10.296 16.755 13.277 9.020 13.849 12.607 13.092 11.377
Beira Litoral 1.496 5.198 5.313 3.231 4.580 2.506 4.583 1.436 5.001 1.954
Beira Interior 3.029 6.108 5.407 5.949 4.676 3.525 5.115 3.205 4.725 2.669
Ribatejo Oeste 2.692 3.264 7.343 4.231 4.761 3.963 5.729 2.629 5.887 3.804
Alentejo 14.566 22.998 32.664 31.591 47.278 39.436 61.220 40.561 79.344 49.112
Algarve 785 556 1.054 669 1.350 319 673 258 631 263
 
TOTAL: 32.297 53.808 62.457 62.914 76.203 59.117 91.587 60.944 109.052 69.375

 

Fontes: INE

 

Em face da continuidade dos investimentos em novas áreas de olival a que se continua a assistir, a Casa do Azeite reviu em alta as suas projecções relativamente ao potencial de produção nacional, apontando para o horizonte de 2020 uma produção que poderá rondar, em termos médios, as 120.000 toneladas de azeite.

 

Na campanha oleícola de 2016/2017 a produção portuguesa, segundo os dados do INE (correspondem ao ano civil 2016), atingiu as 69.375 toneladas, valor que representa uma quebra significativa, de cerca de – 36% em relação à campanha anterior, que tinha sido a maior campanha desde a década de 60 do século passado.

 

Relativamente à presente campanha de produção, que acaba de se iniciar, as estimativas apontam para um aumento significativo da produção nacional, para valores da ordem das 100.000 toneladas de azeite. No entanto, estes valores podem não ser alcançados, principalmente devido aos efeitos da seca extrema que se tem verificado nos últimos meses.

Azeite Novo Gallo

A evolução do consumo

 

O consumo de azeite em Portugal tem-se mantido relativamente estável ao longo dos últimos anos, com uma ligeira tendência para a baixa e, segundo os dados do INE, situa-se em cerca de 70.000 toneladas, ou seja, cerca de 7,0 kg per capita. Segundo a A.C. Nielsen – que representa sobretudo o consumo na distribuição moderna – o consumo de azeite em Portugal está em decréscimo, tendo sofrido uma quebra em 2016, de cerca de – 2,1% em volume. O preço médio de venda de azeite ao consumidor final, no ano de 2016 e segundo a mesma fonte, foi de cerca de 4,14€/kg, ou seja, 5,3% acima do preço médio do mercado em 2015, o que reflecte também a subida dos preços do azeite na origem, que se verificou ao longo do ano de 2016, e que continua a verificar-se em 2017.

 

Portugal no Top 5 dos países exportadores

 

Portugal mantêm-se no Top 5 dos países que mais exportam a nível mundial. Nos últimos anos, as exportações nacionais tem aumentado a um ritmo muito acentuado, e prevê-se que esse crescimento se continue a verificar nos próximos anos. Em 2016 as exportações nacionais de azeite recuperaram das quebras do ano anterior, tendo crescido cerca de 3% no volume de azeite exportado, o que se deve em grande parte à significativa recuperação das vendas de azeite para os mercados de Angola e dos Estados Unidos da América.

 

Portugal exportou em 2016 cerca de 130,7 mil toneladas de azeite. Os principais mercados de destino do azeite nacional continuam a ser Espanha, Brasil, Itália e Angola (por esta ordem), mas o tipo de exportações para Itália e Espanha é maioritariamente a granel, com menor valor acrescentado, enquanto as exportações com destino ao Brasil e Angola são maioritariamente de azeite de marca, embalado, de elevada qualidade e valor acrescentado. De assinalar que quer o mercado do Brasil quer o mercado angolano sofreram, nos últimos dois anos, quebras muito significativas e que decorrem das difíceis condições da economia desses dois mercados que, de acordo com dados já de 2017, começam agora a recuperar.

 

Em termos de saldo da balança comercial registou-se um saldo positivo de 131,8 milhões de euros, o que representa um acréscimo de 8% em relação ao saldo da balança comercial de 2015.

 

*A autora escreve de acordo com o antigo acordo ortográfico

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