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Os desafios do recrutamento dos perfis operacionais: escassez e exigência

Por a 6 de Outubro de 2017 as 15:46

Por Carolina Gomes, consultora Michael Page Retail

 

“Portugal está na moda!”. É a frase que mais temos ouvido ultimamente. É notório aos olhos de todos o grande crescimento de turistas no País. Isto reflete-se (e ainda bem) não só no setor da hotelaria, como também em todo o setor do retalho e, consequentemente, na nossa economia. Cada vez mais, vemos a aparecerem novos locais, novos restaurantes e novas lojas. Um “zum-zum” de novas startups a um ritmo alucinante.

A grande dificuldade é acompanhar tudo isto com qualidade.

Vemos também a Grande Distribuição a apostar em novos conceitos, a abrir novas lojas – as chamadas lojas de proximidade – ou seja, também a Grande Distribuição está cada vez mais no centro das cidades.

Contudo, toda esta onda positiva de crescimento não traz só facilidades. Com o aparecimento de tantos novos locais e novos negócios, começam a ser escassos os perfis para fazer face a todas as necessidades existentes. De facto, hoje, estamos a passar por uma fase difícil de recrutamento para os perfis mais operacionais.

Por isso mesmo, atualmente, quase 100% das empresas pedem “ajuda” na hora de recrutar os chamados perfis operacionais, principalmente para Gestores de loja ou de restaurante (como Gerente de negócio ou mesmo chefe de departamento). Todos estes novos negócios acabam por fazer concorrência uns aos outros, ao nível de recursos humanos. É usual ver um perfil da grande distribuição passar para uma unidade de restauração ou vice-versa. O aumento da procura deste tipo de perfis faz com que nunca tenha sido tão fácil para um candidato “saltar” de um sítio para outro.

Por outro lado, as necessidades de recrutamento não se alteram apenas em termos de quantidade, mas também de qualidade. A exigência quanto ao perfil de um candidato também aumentou. Hoje, um Gestor de uma unidade de retalho é muito mais que alguém com um perfil comercial que vende e gere pessoas. É um autêntico gestor do seu negócio. Gere toda a loja, desde o produto, às equipas até à rentabilidade.  Tem de ter uma visão global, conseguir tomar decisões de forma estratégica, visando o máximo resultado da loja e, por outro lado, o desenvolvimento da equipa.

Do lado do candidato, vemos que este está, também, mais exigente. Com o aumento da oferta e da mobilidade entre posições, estes candidatos (muitas vezes em mais do que um processo de recrutamento) são mais exigentes quanto ao “pack” salarial, não só ao nível do salário mas também de outro tipo de benefícios como formações, seguro de saúde ou a flexibilidade de horários/folgas. Outros fatores que também já têm algum peso são a política interna da empresa, o plano de carreira e possível progressão, bem como o ambiente de trabalho.

Além da grande dificuldade de recrutar, é, assim, também difícil reter talento. Para o conseguir, uma empresa precisa de envolver cada colaborador e fazer com que este se sinta verdadeiramente parte do negócio, não só ao nível das responsabilidades, mas também oferecendo uma visão de plano de carreira, desenvolvendo as suas competências e possibilidade de crescer profissionalmente. Um bom gestor, hoje, não pode sentir-se estagnado nem com a visão cortada relativamente à sua progressão profissional.

Em síntese, é difícil conseguir fazer face ao crescimento tão acelerado do retalho com a escassez de candidatos: conseguir ter em cada loja colaboradores operacionais, mas também analíticos e focados em resultados. Nesse sentido, é fundamental apostar no desenvolvimento das equipas, na formação e progressão. Outro caminho será abrir a “porta” a candidatos vindos de outros setores mas com muita vontade de entrar no mundo do retalho (algo que já se está a fazer sentir).

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