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O futuro da alimentação, por Nuno Lopes Gama (Sonae)

Por a 9 de Agosto de 2017 as 15:59

Opinião de Nuno Lopes Gama, Head of Innovation & Future Tech na Sonae

A alimentação está intimamente associada a alguns dos desafios mundiais mais prementes e exigentes da atualidade, tais como o crescimento e envelhecimento da população, o esgotamento dos solos, a desflorestação, a escassez de água salubre e potável, a produção e transformação sustentáveis, a má nutrição, a obesidade ou o desperdício alimentar. Sabemos que estes são fenómenos de uma complexidade e magnitude que obrigam a uma abordagem sistémica com conjugação de esforços entre os diferentes atores da fileira alimentar.

Para tentar encontrar respostas para as questões que o futuro nos coloca, no que respeita aos sistemas que suportam a alimentação, a Sonae MC [divisão de retalho alimentar] organizou recentemente um encontro que reuniu produtores, fabricantes, operadores de retalho, investigadores, analistas e empreendedores.  Do encontro, retiraram-se três grandes conclusões: (1) o futuro da alimentação dependerá da conjugação de esforços de operadores, de dentro e de fora do sistema alimentar; (2) a tomada de decisões será cada vez mais baseada em conhecimento científico, que, por sua vez, motivará novos desenvolvimentos e inovações; (3) as novas tecnologias vão revolucionar a forma como produzimos, adquirimos, consumimos os alimentos e tratamos e reaproveitamos os respetivos resíduos.

Mas o futuro da alimentação não se esgota nestas três antevisões e tem de ser construído numa aproximação multidimensional que compreenda, no mínimo, as dimensões da ciência e tecnologia aplicadas, quer ao desenvolvimento de produto quer à otimização da experiência de compra e consumo, da logística e da sustentabilidade, as quais poderão constituir oportunidades para a criação de novos negócios e de projetos de investigação e desenvolvimento. O desafio é, então, olhar para o futuro de uma forma mais abrangente, envolvendo agentes de diferentes áreas, para podermos refletir e desenvolver novas formas de agir.

Dentro em breve, será então comum termos um nutricionista virtual, colhermos alimentos em hortas urbanas e verticais, encontrarmos embalagens inteligentes e prepararmos refeições em cozinhas tecnológicas, com frigoríficos preenchidos por alimentos funcionais, personalizados ou que substituem alimentos existentes, como sejam novas fontes de proteína, para dar alguns exemplos.  Por outro lado, aquilo a que hoje chamamos resíduos alimentares serão, no futuro, fontes de energia ou matérias muito valorizadas por atividades agrícolas e industriais. A cooperação na fileira alimentar, na cadeia logística, no desenvolvimento tecnológico e na valorização de resíduos será, então, a chave do futuro, porque as iniciativas isoladas tenderão a perder-se no confronto com os desafios que temos pela frente.

Por tudo isto, foi muito enriquecedor para todos os presentes, e para a Sonae MC em particular, conhecer a posição e a visão de produtores, industriais, investigadores e empreendedores sobre o futuro da alimentação. Através da partilha de ideias e inquietações, conseguimos lançar sementes, que, estou certo, nos permitirão participar na construção do futuro em que estamos apostados.

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