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“Mixed Reality” desperta interesse do retalho, por Rui Milagaia (IT People Innovation)

Por a 10 de Julho de 2017 as 12:07

Por Rui Milagaia, Head of R&D da IT People Innovation

A Mixed Reality, Realidade Misturada em português, está a agitar a forma como absorvemos o que nos rodeia. Gradualmente, esta nova forma de ver e de interagir com a realidade está a tornar-se mais acessível e a entrar subtilmente no nosso quotidiano. Sem nos termos dado conta, ficámos contagiados pelo jogo Pókemon Go, que levou muitos à rua em busca das personagens da série de animação, a partir do ecrã dos seus smartphones. Quando visitamos um museu, é cada vez mais frequente descarregarmos aplicações mobile com guias interativos, em 3D e com recurso à Realidade Aumentada. Este comportamento do consumidor tem incrementado o interesse dos retalhistas, que estão mais atentos a esta nova forma de interagir, comunicar e impactar diferentes segmentos de mercado.

O que é efetivamente a Mixed Reality?

A Mixed Reality é a simbiose das Realidades Aumentada e Virtual num único espaço. De uma forma mais prática, falamos de adicionar elementos digitais, em 3D, ao mundo real, com recurso a um smartphone ou a smartglasses (óculos interativos). Com a Mixed Reality, os utilizadores podem navegar simultaneamente pelo mundo real e mundo virtual.

Benefícios para o setor de retalho

As vantagens e potencialidades da adoção da Mixed Reality são múltiplas e com um impacto muito concreto em diversos setores de atividade, nomeadamente no retalho. As necessidades e preferências dos consumidores mudam numa “fração de segundo”, tornando-se muito importante que haja um acompanhamento eficiente destas contínuas mudanças, por forma a dar resposta efetiva às mesmas, adaptando os produtos e serviços, assim como o próprio serviço ao cliente.

Com a tecnologia, a experiência em loja pode tornar-se muito mais enriquecedora, multissensorial e completa. Apontando a câmara do nosso smartphone ou tablet para um produto em loja ou um catálogo, por exemplo, uma panóplia de informação extra acerca do mesmo pode ser desbloqueada (o consumidor pode ver o produto em tamanho real a partir de um catálogo, assistir a um vídeo sobre o produto, ver diferentes cores, padrões ou texturas, entre outras opções). Hologramas e avatares podem passar a incorporar o espaço loja e a auxiliar o cliente a tomar uma decisão.

Existe, de facto, um valor acrescentado que a Realidade Misturada pode trazer para a decisão de compra. Se não vejamos: na dúvida quanto à escolha de uma mesa para a sala de jantar, uma app de Mixed Reality vai permitir-nos simular, em tempo real, as várias cores nas quais o artigo está disponível; a mesa aberta e fechada, para melhor percecionar as suas dimensões; perceber se o produto se encaixa no espaço que lhe destinámos; se o produto tem na proximidade os pontos de energia que necessita… Tudo isto resulta numa maior liberdade de decisão para o cliente e numa tomada de decisão cada vez mais consciente e consistente.

Para os retalhistas, a adaptação do seu negócio a esta realidade multissensorial reflete-se numa maior proximidade. Optando por uma aplicação mobile com Mixed Reality, o retalhista consegue facilmente ter acesso a informações como quais os artigos mais visualizados e comprados, o tipo de dispositivos utilizados e em que horários. Sem nunca comprometer a confidencialidade dos dados pessoais de cada utilizador da app, a marca consegue ainda ter referência a dados geográficos dos utilizadores, o histórico de percursos que realizou, de consumos, a forma como interagiu com cada experiência, entre muitas outras opções. Desta forma, torna-se ainda mais fácil traçar o perfil do consumidor e tratar cada cliente com a personalização que cada vez mais se impõe.

Acredito vivamente que este mercado de tecnologias interativas tem um futuro bastante promissor e que setores como o retalho podem beneficiar grandemente de todas estas potencialidades. Quase que me atrevo a afirmar que a Mixed Reality será uma “verdade absoluta” no nosso dia-a-dia, da qual não abdicaremos numa ida às compras.

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