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A crise pode estar a chegar ao retalho alimentar norte-americano

Por a 15 de Maio de 2017 as 17:10

A elevada concorrência e consequente deflação dos preços, as mudanças de hábitos de consumo e o comércio eletrónico são “indícios de uma mudança de paradigma do retalho alimentar nos EUA nos próximos anos”, indica Jennifer Bartashus, analista da Bloomberg.

No último ano, o número de aberturas de lojas alimentares, drogarias e “discounts” nos Estados Unidos “multiplicou por quatro” face 2015. A concorrência prepara-se para apertar ainda mais, uma vez que a cadeia alemã Lidl anunciou no início deste ano a entrada no mercado norte-americano, no qual prevê abrir mais de 100 lojas ao longo da costa Este do país no próximo ano. De acordo com a Kantar Retail, a retalhista pode atingir uma faturação de 9 mil milhões de euros em 2023, expandindo a sua rede até às 630 lojas em seis anos. Por sua vez, a também alemã Aldi anunciou a abertura de entre 600 a 2000 lojas no mesmo mercado nos próximos anos.

De acordo com o portal eleconomista.es, o excesso da oferta está a provocar uma queda generalizada dos preços dos alimentos. A inflação nos EUA sobre produtos frescos apresenta os níveis mais baixos desde a década de 50, o que aumenta a pressão sobre as margens das empresas.

Com o incremento da concorrência, espera-se uma intensificação da guerra pelos preços mais baixos entre as cadeias alimentares, que prejudicará insígnias tradicionais como Walmart, Target ou Kroger. A Walmart já anunciou no início deste ano um reajuste do seu parque de lojas que inclui o encerramento de 154 lojas nos EUA. A expansão de novas insígnias faz tremer sobretudo os supermercados de menor dimensão e de carácter regional, que podem ser forçados a encerrar.

Por outro lado, o encerramento de lojas dedicadas a vestuário, eletrónica de consumo e eletrodomésticos está a alcançar este ano valores recorde nos Estados Unidos, por consequência do crescimento do comércio eletrónico.

Embora o retalho alimentar seja entendido como “impermeável ao online”, como explica à Bloomberg James Cook, director of retail research da JLL, o cenário pode mudar nos próximos anos, com a entrada das cadeias neste canal de vendas. Neste momento, apenas “1%” do retalho alimentar norte-americano transitou para o online.

Além disso, os hábitos de compra dos consumidores mudaram de trajetória. Segundo dados da Nielsen, as visitas aos supermercados aumentaram em 1% – a primeira subida em uma década. O comportamento evidencia, em parte, um aumento da preferência por produtos frescos, que leva os norte-americanos a dirigiram-se mais vezes às lojas para comprarem menos em cada visita.

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