“Há um trabalho gigantesco a fazer na otimização dos serviços de base tecnológica”
Três perguntas a… Luís Rosário, head of Human Intelligence Design e Business Unit manager da Jason Associates.
Que novos serviços vêm conferir mais valor ao retalho em 2017?
Os formatos dos grandes players estão consolidados após as mudanças dos últimos anos. O que estamos a assistir é sobretudo à modernização do ponto de venda, mais do que à transformação. Estou convicto que é nas estruturas internas dos retalhistas que se irão operar as maiores e mais interessantes alterações em 2017. Este será um ano em que a oferta será robustecida e melhorada, mais do que um ano de introdução de novos serviços.
Alguns serviços foram testados com pouco sucesso e serão descontinuados, enquanto outros terão ganhos de eficiência porque a operação está melhor preparada. Os retalhistas lançaram ferramentas e funcionalidades de apoio à compra, mas muitas delas carecem de melhoria significativa. Só para dar um exemplo, a app de Ipad do Continente Online não integra com Paypal e não acede aos nossos dados de histórico que temos online quando compramos via site (que já permite compra com Paypal). Há um trabalho gigantesco a fazer de otimização da oferta de serviços de base tecnológica, quer em performance quer em integração com os múltiplos canais nos quais o retalhista vende os seus produtos. O que leva a que o foco nos próximos anos seja no ganho de eficiência e melhoria da “customer journey” atual, mais do que a introdução de novos elementos de disrupção na forma como compramos.
Quais as tecnologias mais relevantes para potenciar a experiência de compra?
A aposta na tecnologia em 2017 mantém-se no caminho de fornecer aos consumidores mais acesso aos produtos, mais conveniência e melhor experiência de compra. A transformação digital do retalho não será de um dia para o outro – não podemos esquecer que os formatos atuais de hipermercados existem desde os anos 60 -, mas é espectável sobretudo maior integração com a IoT [Internet das Coisas] durante 2017 e manutenção das experiências e testes de conceito com tecnologias como geolocalização, sistemas cognitivos, realidade virtual e aumentada.
Na sua opinião, observando a estratégia seguida em anos anteriores, quais as cadeias de retalho em Portugal que mostram uma estratégia mais alinhada com as tendências?
Sonae e Jerónimo Martins mantêm-se na vanguarda do acompanhamento das tendências, seguidas pelo Lidl. A Jerónimo Martins tem mantido o seu foco nos frescos, que continua a responder ao crescente interesse dos consumidores pelos bons produtos e boas experiências de consumo alimentar. A Sonae lidera na tecnologia ao serviço do cliente e na apresentação de oferta promocional segmentada aos interesses dos clientes. O Lidl, por fim, mantém uma estratégia de preço muito agressiva e cresce em algumas categorias de frescos, sobretudo padaria e FLV [frutas, legumes e verduras].
É também visível que os dois líderes de mercado mantêm neste momento a aposta nos formatos de conveniência e proximidade (Meu Super e Amanhecer) e estão a trabalhar em profundidade em reorganizações internas para incrementar eficiência, otimizar o tema dos stocks (conseguir diminuir o inventário sem aumentar quebras e receitas) e prever melhor a procura dos seus consumidores.