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“Não podemos pensar que é exequível o consumidor médio ter dez apps de marcas de retalho”

Por a 16 de Fevereiro de 2017 as 17:21

Três perguntas a… Pedro Fernandes, diretor de Marketing da Displax Multitouch Technologies.

Pedro Fernandes

Pedro Fernandes, displax

1. Quais são, na sua opinião, as palavras-chave para o retalho, alimentar e não alimentar, este ano?

A procura por produtos saudáveis e naturais vai continuar. E esta tendência não se cinge apenas produtos alimentares. Vestuário, produtos de higiene e de limpeza seguem o mesmo caminho. O consumidor está cada vez mais esclarecido. Tendo as necessidades básicas asseguradas a sua preocupação e atenção dirige-se para questões de saúde e de qualidade. Numa fase inicial da globalização o consumidor procurava pertencer às tribos globais e identificava-se com as marcas mais conhecidas. Atualmente, estamos numa fase em que esse encanto já se desvaneceu um pouco, e o consumidor valoriza cada vez mais aquilo que não é massificado, que é de produção mais limitada, ou com uma maior componente artesanal ou artística.

2. Quais as tendências para este ano em termos tecnologia para potenciar a experiência de compra?

Temos assistido uma corrida à tecnologia que, por vezes, é inconsequente. Tecnologia por tecnologia não acrescenta valor. Tem que ser aplicada de uma forma que traga retorno. Não podemos pensar que é exequível o consumidor médio ter dez “apps” de marcas de retalho. A tecnologia, para trazer retorno, tem que ser pensada e aplicada de uma forma integrada e consistente com a marca, com o espaço físico e com a experiência de compra. Se em 2016 houve muita experimentação de novas tecnologias, em 2017 vamos assistir à consolidação das experiências mais bem-sucedidas e a sua replicação.

A realidade virtual e a realidade aumentada ainda são tecnologias de nicho. Se, por um lado, não vamos ver essas tecnologias massificadas em 2017, por outro, são excelentes ferramentas para espaços “premium”, diferenciadoras e memoráveis. A criatividade é sempre um factor-chave no sucesso destas implementações.

3. 2017 é o ano em que os robôs chegam em maior escala às lojas e armazéns?

A armazéns e fábricas sim, cada vez mais, e com uma preponderância cada vez maior. Um armazém construído de raiz agora terá uma percentagem de intervenção humana mínima. A “gigafactory” da Tesla é um exemplo paradigmático.

Uma das bandeiras de Donald Trump tem sido o regresso das fábricas das marcas norte-americanas. Algumas dessas fábricas que foram para o México ou para a China até podem regressar, mas os empregos não. Porque a única forma de essas fábricas serem viáveis em território norte-americano é com uma enorme percentagem de trabalho automatizado e robotizado.

Robôs em lojas não vamos ver de uma forma massificada em 2017. Há dois aspectos que têm que avançar para assistirmos a essa massificação. Um deles é que a tecnologia tem de ser totalmente fiável. Ainda recentemente houve o caso de uma marca de referência que teve de recolher todas as unidades de um modelo de drone por terem sido detetados defeitos graves. Em segundo lugar, e complementarmente, a legislação deve acompanhar estas novas tendências. Há vazios legais que devem ser identificados e corrigidos. Há muitas implicações em termos de saúde e segurança quando se começa a utilizar robôs. Em 2015, um robô matou um trabalhador numa fábrica da Volkswagen, para citar um exemplo extremista. Uma fábrica é um ambiente bastante mais controlado e com menos imprevistos do que uma loja.

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