ESPECIAL CAFÉ. Cápsulas pesam 74% nas vendas de café torrado
As cápsulas permanecem o segmento mais dinâmico no mercado de café, o que tem obrigado as produtoras a aderir a este formato. A tendência impulsiona também a inovação em máquinas, incluindo para o canal Horeca, no qual o consumo da bebida mostra uma recuperação
Ana Catarina Monteiro
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As cápsulas permanecem o segmento mais dinâmico no mercado de café, o que tem obrigado as produtoras a aderir a este formato. A tendência impulsiona também a inovação em máquinas, incluindo para o canal Horeca, no qual o consumo da bebida mostra uma recuperação.
O mercado de café em Portugal totalizou, ao longo do ano móvel que terminou em junho deste ano, 271,1 milhões de euros em valor, um crescimento de 6% em relação ao período homólogo anterior, indicam os últimos dados da consultora Nielsen. A categoria de cafés solúveis (misturas, especialidades e cafés puros) mantém-se estável, com um volume de negócio de 56,8 milhões de euros, enquanto a de cafés torrados (cápsulas, grão, café moído e pastilhas) atingiu uma faturação de 214,3 milhões de euros. Dentro da categoria dominante, as cápsulas representam 74% das vendas.
“Apesar de já não estarem a crescer a dois dígitos em valor, as cápsulas ainda se mantêm como o segmento mais dinâmico e já representam 36% do volume total de café solúvel e torrado vendido para o lar”, diz em entrevista ao HIPERSUPER Luís Ferreira Pinto, diretor do negócio de Cafés e Bebidas da Nestlé Portugal.
Os portugueses estão rendidos às cápsulas. O formato representa para as empresas de cafés oportunidades quer na venda de máquinas, para o canal Horeca, empresas ou para casa, quer na venda de novos produtos, nos quais as marcas se esforçam por trazer ao mercado “blends” cada vez mais variados em aroma e intensidades.
Este ano, a Nestlé alargou o portefólio com o Cappuccino de Soja para a máquina da Nescafé Dolce Gusto e promete até o final do ano revelar “várias novidades”. A Torrié, comercializada pela José Maria Vieira, lançou no início de 2016 uma gama de cápsulas compatíveis com o sistema Dolce Gusto, prevendo aumentar a variedade nos próximos tempos.
Por sua vez, a Delta Cafés, sob a alçada da marca Delta Q, apresentou em junho passado a primeira máquina automática de cápsulas para o canal Horeca e empresas totalmente concebida em Portugal, a Mayor Q, ao mesmo tempo que introduziu no mercado dois novos “blends” mais intensos – o Qharisma, de intensidade 12, e o EpiQ, de intensidade 14. “A Mayor Q pretende ser uma referência no segmento ‘business’. Para os clientes deste canal, a marca vai disponibilizar também uma outra novidade: a BreaQ. Uma solução autónoma, destinada essencialmente a escritórios e a áreas multisserviços ou de ‘vending’, que permite a seleção de 19 bebidas quentes à base de café, leite e chocolate, através do ecrã ‘touch screen’, e que oferece ainda a possibilidade de um sistema alternativo de pagamento, o moedeiro”, explica Rui Miguel Nabeiro, administrador do grupo Nabeiro.
Consumo fora do lar em crescimento
Além do mercado de cápsulas, que serve de motor para o crescimento do setor, o responsável da Nestlé nota que a dinâmica positiva do mercado de café se deve também a “uma recuperação do consumo no fora do lar desde final de 2014”.
Apesar de ter “baixado bastante na última década”, devido a uma “restruturação de orçamento familiar”, o consumo de café no canal Horeca nacional manifesta “este ano um incremento”, nota, por sua vez, Miguel Centeno, Head of Marketing da José Maria Vieira. Ainda assim, o canal doméstico representa “uma grande fatia” das vendas. “Tendencialmente, o consumo vai continuar a crescer no canal ‘Home’”.
Preparação artesanal é desafio para marcasNeste segmento, as tendências na oferta de café vão desde “sabores aromatizados com especiarias, chocolate, baunilha, caramelo e frutas, até às combinações mais sofisticadas”, como sublinha Luís Ferreira Pinto. “Cada vez mais o consumidor espera poder recriar a experiência vivida numa ‘coffee shop’, no conforto de sua casa. E é esta expectativa que desafia cada vez mais as marcas a oferecerem experiências relevantes, que superem as expectativas dos consumidores. Estas experiências podem passar por novos ‘blends’ sazonais de origens selecionadas, que comuniquem a naturalidade e a autenticidade do café e de toda a cadeia de valor associada (desde a produção à disponibilidade na loja). Podem passar também por experiências ‘gourmet’, que atraem um público mais jovem e experimentalista pois apelam aos sentidos e à partilha com a família e amigos”.
O diretor de Cafés e Bebidas da multinacional suíça destaca ainda que “a preparação artesanal do café como parte de uma experiência sensorial mais pura e intensa tem vindo a crescer como tendência, existindo já alguma oferta no mercado fora do lar em Portugal, em especial nos grandes centros urbanos, como Lisboa e Porto, e este é certamente um grande desafio para as marcas”.
Consumidor preocupado com origemA crescente preocupação dos consumidores com a saúde é algo a que as marcas de café também estão atentas. Antecipando esta tendência, a Torrié lançou em 2009 no mercado português uma gama de produtos a que designou “LiveitWell”. “Esta gama apresenta-se como uma forma de tomar café extraindo dele os componentes mais saudáveis e benéficos para a saúde”, dá conta o Head of Marketing da José Maria Vieira, que verifica ainda “um crescimento no consumo de produtos alimentares de origem biológica, uma vez que os consumidores são cada vez mais sensíveis à questão da sustentabilidade. E este é um tema que procuramos respeitar. O Torrié Biologico é um produto certificado que respeita os princípios da sustentabilidade da produção”.