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A revolução da qual as marcas podem fugir, mas não se podem esconder, por Sérgio Pereira (ComparaJá)

Por a 27 de Maio de 2016 as 16:05

Sérgio Pereira_ComparaJá.ptPor Sérgio Pereira, diretor geral do ComparaJá.pt

“Futuro” é sinónimo de “inovação”. Há uma linha que separa a tradição da inovação, mas a recetividade à mudança só beneficia os setores tradicionais e impede a sua decadência. O consumidor português é tradicional por natureza: embora ame experimentar o que é novidade, o sentido crítico face ao que sai fora da caixa também é aguçado. As marcas devem modernizar e estar atentas, mas também devem ter o cuidado de criar no consumidor um sentimento de identificação.

O mundo de hoje é o das tecnologias, o de adaptar tudo para o smartphone. Escapar a esta evolução significa ficar para trás. Estamos cada vez mais ocupados, planeamos o nosso dia como se ele tivesse setenta e duas horas e a tecnologia vem precisamente dar resposta a esta azáfama. Este é um “wake up call” para as marcas e setores tradicionais: há três inovações que estão a inundar o mercado. Podem fugir, mas não se podem esconder.

Big Data transforma relacionamento com o consumidor (e não só)

Já todos reparámos que os “head hunters” visitam o nosso perfil no LinkedIn e o mais normal para qualquer millennial é que, antes da sua entrevista de emprego, o seu perfil no Facebook tente ser visualizado por parte dos Recursos Humanos.

O acesso aos dados dos consumidores através das redes sociais começa agora a penetrar outras tantas áreas e uma delas é a financeira. Este sistema agrega milhares de dados do consumidor disponíveis online, através de social media, das pesquisas no Google e até do endereço de IP, e traça um perfil comportamental padronizado, num espaço de segundos, para dar origem a uma pontuação de crédito exata.

Os bancos e outras instituições financeiras beneficiarão largamente desta inovação, que os ajudará a concederem mais (e melhor) financiamento.

O comércio programático ao serviço das marcas

A tentar arranjar soluções para o consumidor ocupado dos dias de hoje está o neuromarketing, surgindo consequentemente um novo conceito na senda da Internet das Coisas: o “comércio programático”.

É a inteligência das máquinas ao serviço do Homem. Pense em tarefas para as quais tem cada vez menos tempo, tais como ir ao supermercado e cozinhar. E agora imagine ter um frigorífico que toma decisões por si com base naquilo que precisa. O seu pacote de leite está a chegar ao fim – o seu frigorífico dá por isso e processa a encomenda. O prazo de validade dos ovos e das delícias do mar está mesmo a terminar. Que tal aproveitar para fazer uma omelete de delícias? O seu frigorífico já o avisou disto e até disparou automaticamente uma receita para o seu tablet. Além disso, também já fez a sua lista de compras.

O estímulo para as marcas é assim o de desenvolver estes sistemas que facilitam a vida dos seus clientes e captarem-nos logo à partida, uma vez que, embrenhados neste processo, será muito mais difícil, no futuro, andar a saltitar de marca em marca e mudar de preferências tão rapidamente como atualmente acontece. O comércio programático será o próximo grande desafio dos retalhistas.

“Agentes digitais” para agilizar e simplificar o serviço ao cliente

As seguradoras são um exemplo de um setor que funciona da mesma forma há anos, com pouca (ou nenhuma) inovação à vista. Quantos consumidores contratualizam seguros online? Pois é, o papel do agente comercial ainda é preponderante neste negócio. Pode até fazer a simulação através do computador e ter acesso a todas as coberturas, mas para aderir à proteção desejada vai ter de sair de casa e deslocar-se ao estabelecimento mais próximo – péssima “user experience”.

Imagine que acaba de comprar um carro e ainda não fez um seguro. Quão cómodo, fácil e rápido seria tirar uma fotografia à sua matrícula com o smartphone, fazer upload da mesma para uma app e, a seguir, um comparador apresenta-lhe a melhor proposta do mercado com base nos seus dados (historial de condução, anos de carta, entre outros).

Estes são exemplos de inovações que as marcas em Portugal devem esperar – andam aí e não tardam em chegar. Podem evitar, mas não podem escapar.

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