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O que é feito do seu P de Place: Reveja o modelo de distribuição para a sua marca, por Miguel Tapada (On Spot)

Por a 23 de Maio de 2016 as 19:23

Miguel Tapada_onspotPor Miguel Tapada, Managing Partner da On Spot

Quando pensamos em construir ou desenvolver uma marca de grande consumo em Portugal damos por fechada a definição da estratégia de distribuição: Queremos estar listados nas 3 ou 4 maiores cadeias de distribuição, ambicionamos um bom espaço e localização na prateleira e, se somos ousados, desafiamos os nossos “parceiros” de distribuição a considerarem alguma localização alternativa perto de lineares de elevado tráfego. That’s it! Está fechado!

Mas porquê?

Porque deixámos de colocar o comprador no centro da definição da nossa estratégia de construção de marca? Onde ele vai? O que ele procura? O que ele precisa? Onde ele está?

Porque damos como garantido este modelo único de chegar ao shopper?

A principal razão é interna: É assim que estão organizadas a maioria das empresas de grande consumo! Separamos marketing e vendas criando departamentos que convivem, perseguem um mesmo objetivo global mas raramente pensam e agem em conjunto. É esta falta de trabalho estratégico conjunto que faz com que muitas empresas de grande consumo não utilizem o modelo de distribuição como uma excelente ferramenta de construção de marca.

A outra razão é prática:  O modelo atual funciona! O grande consumo em Portugal apresentou em 2015 crescimento (modesto mas ainda assim de 1,8% do volume de vendas). As marcas do fabricante crescem acima das da distribuição.

Se não estamos internamente preparados para um novo modelo de distribuição, e se o atual resulta (crescendo modestamente) porque devemos mudar?

Em primeiro lugar porque o ciclo que alimenta este modelo não é sustentável: 41% do total das vendas em valor no mercado de grande consumo foram feitos em promoção resultando na queda de preços e numa destruição de valor para as marcas. Este nível promocional continuo está a alterar o comportamento do shopper, reduzindo o seu número de visitas às lojas (3% segundo a Kantar) retirando eficácia à própria estratégia comercial.

Em segundo lugar porque o shopper está a mudar e a incorporar novos processos de compra com o advento da tecnologia. Ir às compras tenderá a ser cada vez menos ir à loja (ou ir à loja como hoje vamos) e isto trará um cenário com novos intermediários entre o fabricante e o comprador/shopper.  Em Espanha sopram já ares desta mudança:

  • A Amazon iniciou em setembro de 2015 a venda de produtos alimentares e de grande consumo com mais de 100.000 referencias de supermercado, 300.000 referencias na área de beleza, e perto de 400.000 referencias na área de saúde e cuidado pessoal, e prepara-se para abrir novo centro logístico em Barcelona para melhor garantir a entrega prometida em 24 horas.
  • A deliberry.com apresenta um novo modelo de entrega em Madrid e Barcelona em que o shopper escolhe os produtos e os locais onde os gostaria de comprar e alguém faz as compras por ele entregando no espaço de uma hora.
  • A mumumio.com oferece um portal de compras diretamente aos produtores espanhóis, constituindo uma solução para pequenos e médios produtores colocarem os seus produtos junto do consumidor.

O modelo de distribuição baseado nas grandes lojas e cadeias de supermercados não acabou, mas está certamente em mudança. Não será fácil e certamente não será de um dia para o outro, mas é chegado o tempo de voltar a olhar para o “P de place” e pensar que formas alternativas tem de fazer chegar o seu produto ao seu comprador alvo. É tempo de rever os básicos da sua estratégia de marca.

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