Especial Embalagem. O futuro do packaging no Grande Consumo
“Atualmente, não são os produtos que têm marca mas sim as marcas que têm produtos”. A frase resume um debate organizado recentemente pela Loop New Business Models, consultora estratégica especializada em embalagem, para discutir o futuro do packaging na indústria do grande consumo, e contextualiza o “papel fundamental” que as embalagens assumem hoje para produtores, retalhistas e distribuidores
Rita Gonçalves
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“Atualmente, não são os produtos que têm marca mas sim as marcas que têm produtos”. A frase resume um debate organizado recentemente pela Loop New Business Models, consultora estratégica especializada em embalagem, para discutir o futuro do packaging na indústria do grande consumo, e contextualiza o “papel fundamental” que as embalagens assumem hoje para produtores, retalhistas e distribuidores.
“O que é fundamental é olhar para o que está a acontecer no mundo. A Tetra Pak fez um inquérito a nível mundial para perceber o que o consumidor necessita e a que temas dá maior relevância”, explicou, por ocasião do debate, Marina Bortoletto, marketing manager da Tetra Pak Ibéria. Entre principais conclusões, a responsável destacou três: o consumidor dá muita importância à transparência, à responsabilidade social e à eco sensibilidade das empresas. Por outro lado, “dá grande importância à experiência de utilização, quer embalagens que lhe transmitam sensações, e às embalagens ‘user-friendly’ que ajudam a simplificar tarefas”.
Maurício Amador, marketing&business development da Amcor, empresa especialista em embalagens PET, destaca, por sua vez, a personalização, a conveniência e a frescura, como as principais tendências desta indústria. “Os consumidores querem que os produtos embalados sejam tão frescos com os produtos frescos vendidos a granel”.
No entanto, as palavras de ordem desta indústria são sustentabilidade, poupança e ambiente. “A questão ambiental tem merecido especial atenção, é uma tendência e uma preocupação no momento de seleção dos materiais e dos próprios métodos de produção de embalagens”, explica em entrevista ao HIPERSUPER Diogo Gama Rocha, diretor geral da agência criativa Omdesign. “Um aspeto muito valorizado pelo consumidor e que perspetivamos que venha a ser uma grande tendência é a possibilidade de reutilização das embalagens, para além da sua função original de armazenamento ou transporte”. Cada vez mais, o impacto ambiental é “uma preocupação presente ao longo de toda de comunicação das marcas e também na indústria de packaging”. Desde os responsáveis de marcas, a fornecedores de matérias-primas, até aos produtores de packaging, todos estão hoje “mais conscientes e atentos às questões ambientais e de sustentabilidade”. A embalagem contribui para “reforçar os valores das marcas e quando estas têm um posicionamento claro no que respeita ao ambiente, as suas embalagens devem refletir isso mesmo e acrescentar valor ao produto”, aconselha Diogo Gama Rocha.
Diogo Teixeira de Abreu, diretor geral da Multivácuo Portugal, filial nacional da multinacional Multivac e fornecedor de equipamentos para embalamento, afina pelo mesmo diapasão. “Cada vez mais, o ambiente é um tema presente nos departamentos de R&D (Research&Development) das empresas do setor. Os equipamentos hoje desenvolvidos são mais amigos do ambiente, com o abandono da utilização, em alguns modelos, de ar comprimido. Incentivamos cada vez mais os nossos clientes a utilizarem sistemas de arrefecimento dos equipamentos em circuitos fechados, para evitar o desperdício de água, entre outros”.
Em alguns países europeus já começam a surgir “grandes desenvolvimentos” nas embalagens propriamente ditas, que implicam o “consumo de materiais biodegradáveis em substituição das tradicionais poliamidas”, uma tendência que mais tarde ou mais cedo chegará ao nosso País.
As embalagens estão cada vez mais adequadas a um consumo de conveniência. Embalagens mais pequenas, funcionais e com prazos de validade maiores. “Nos últimos anos, tem-se verificado uma alteração significativa no setor no que se refere às tendências de embalagens. Não só a nível da embalagem final, que com o crescente foco na exportação obriga a utilização de tecnologias que garantam a funcionalidade da embalagem durante mais tempo, como no próprio tratamento de produtos pré-acabados que, hoje em dia, cada vez mais são mantidos embalados a vácuo ou em atmosferas protetoras até à fase de acabamento, que garante um maior prazo de vida do produto com a mesma qualidade”. No que toca ao mercado da distribuição nacional, a tendência de conveniência reflete-se “tanto a nível das gramagens por embalagem, como através da adoção de novas tecnologias que permitam o fecho das embalagens após abertura, empilhamento das embalagens para poupança de espaço nos frigoríficos, entre outras”.
No entanto, e como a evolução destas tendências está intrinsecamente ligada à adoção de novas tecnologias, o responsável acredita que, na presente conjuntura económica, onde as indústrias estão cada vez mais dependes do preço, não se prevê uma evolução extraordinária para este ano. Todas as “moedas possuem duas faces”, sublinha Diogo Teixeira de Abreu, para explicar os pós e contras da evolução da tecnologia. “A tecnologia tem beneficiado a indústria permitindo colocar os produtos, com segurança, em bom estado e com níveis de rejeição muito baixos, em países onde antes seria impensável ou economicamente inviável. Por outro lado, permite também que o nosso mercado, antes bastante mais fechado e protegido, seja inundado com produtos de outras proveniências, que inevitavelmente farão uma concorrência feroz à nossa produção”.
Todos os anos, por si só ou em parceria com empresas de materiais, a Multivac regista “uma série de novas patentes” para manter o mercado atualizado com as mais recentes tecnologias. “Estamos, por exemplo, neste momento a desenvolver uma parceria para apresentar ao mercado um produto inovador, tanto na sua conceção como funcionalidade para o consumidor final. Pensamos que irá revolucionar o conceito de cozinha de conveniência. Esta tecnologia, amplamente difundida no mercado internacional, onde também operamos, terá certamente a sua estreia nos próximos meses no mercado nacional, através de uma marca de referência”.
Embalagens de contam histórias
Até porque, como explica Diogo Gama Rocha, o consumidor, “de forma mais ou menos consciente, reconhece a inovação subjacente às marcas que compra e consome, com mais ou menos regularidade, o que se pode traduzir numa compra e consequente fidelização”.
Independentemente da forma ou conteúdo, a embalagem “continua a ser, e cada vez mais, um veículo de excelência que as marcas utilizam para comunicar com o consumidor final”. Esta é a “principal forma de as marcas falarem com o consumidor no momento da decisão de compra e transmitir-lhe os seus valores, atributos e mensagens. É preciso não esquecer também que a embalagem acompanha muitas vezes o consumidor para além do momento da compra e, em grande parte dos casos, está presente no próprio momento do consumo”, remata o responsável da Omdesign.