“95% da carne transformada pela Nobre vem de Espanha”
Perto de uma centena de suinicultores concentraram-se esta tarde à entrada das instalações da produtora Carnes Nobre, em Rio Maior, numa manifestação contra a “matéria-prima espanhola utilizada pela empresa” transformadora de carne
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Ana Catarina Monteiro
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Perto de uma centena de suinicultores concentraram-se esta tarde à entrada das instalações da produtora Carnes Nobre, em Rio Maior, numa manifestação contra a “matéria-prima espanhola utilizada pela empresa” transformadora de carne.
A marca Nobre está a ser hoje, dia 19 de abril, alvo de um protesto junto à sua fábrica em Rio Maior. Cerca de cem produtores portugueses carregam bandeiras pretas e cartazes de indignação contra a alegada utilização de carnes importadas de Espanha pela “maior empresa em Portugal de transformados”.
Os suinicultores acusam a Nobre de a sua matéria-prima se constituir em “mais de 95% por porcos vindos do país vizinho”, segundo o porta-voz do Gabinete de Crise criado no final do ano passado, João Correia, em declarações à agência Lusa.
Além disso, sublinha que “outras grandes empresas de transformados também se abastecem maioritariamente em Espanha”, como é exemplo a “Sicasal, a maior concorrente da Nobre, que consome 90% de porco espanhol”.
No último trimestre o setor de carne portuguesa apresentou “um decréscimo de 30%”. Os produtores alertam os consumidores portugueses para verificarem se as carnes que compram são realmente portuguesas.
Em resposta ao protesto, a APIC (Associação Portuguesa dos Industriais de Carne) enviou um comunicado à imprensa esta tarde, esclarecendo que “todos os associados têm clara preferência em trabalhar com produtores nacionais e com carne nacional”. No entanto, “a produção nacional não é autossuficiente para o consumo interno (cobre apenas 55% destas necessidades)” e, por isso, “a indústria do setor da carne vê-se obrigada a recorrer a carne importada”, lê-se no comunicado.
A associação destaca ainda que tem defendido a posição em prol do acompanhamento “de forma sustentável da subida do preço do porco em proporção à subida do valor da carne nacional no mercado”, “quer nas várias reuniões do Gabinete de Crise para a Carne e para o Leite criado pelo Ministro da Agricultura, quer nas reuniões ocorridas nos últimos meses entre representantes da APIC e da FPAS (Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores)”.