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Investigação à Tesco denuncia práticas “abusivas” com fornecedores

Por a 19 de Fevereiro de 2016 as 14:12

TescoO relatório “Investigation into Tesco plc”, desenvolvido pela ‘groceries code adjudicator’ do Reino Unido, Cristine Tacon, revela as práticas comerciais da retalhista britânica Tesco com os seus fornecedores, denunciando situações como atrasos de pagamentos ou erros nas faturas “intencionais” ou a “solicitação indireta de pagamentos” para as marcas conseguirem um melhor posicionamento no linear.

Publicado no passado dia 26 de janeiro de 2016, o relatório produzido por Cristine Tacon, cuja função passa por certificar o cumprimento do código de boas práticas comerciais no retalho alimentar britânico, acusa a cadeia de supermercados de “fazer deduções unilaterais” aos fornecedores, “com base em reivindicações históricas, procedimento que resulta num atraso no pagamento a fornecedores”.

Entre os factos apurados estão também erros ao nível da introdução de dados e faturas duplicadas. A última situação afetou apenas os fornecedores de produtos de marca. “A Tesco emitiu faturas duplicadas e, em certos casos, não conseguiu corrigir esses erros a tempo. Como resultado, não pagou o valor devido aos fornecedores, dentro de um prazo razoável”.

Segundo o relatório, “grande parte dos atrasos nos pagamentos” aos fornecedores, por parte da Tesco, “não são razoáveis”. O relatório aponta para o facto de terem existido atrasos dos pagamentos aos fornecedores “intencionais”, de forma a beneficiar os resultados financeiros da retalhista. A responsável explica que, em certos casos, os atrasos nos pagamentos “envolviam quantidades significativas que foram adiadas por longos períodos de tempo”. “Alguns reembolsos demoraram quase 24 meses e em outras ocasiões o fornecedor desistiu de perseguir o montante em dívida”.

Além das práticas “desleais” no que diz respeito aos pagamentos, a retalhista é ainda acusada de “solicitar investimentos aos fornecedores, sem discussão prévia, que resultaram em pagamentos específicos para garantirem uma melhor posição no linear da loja, para aumentarem o espaço de exposição”, para “exclusividade” ou até para reduzir espaço do concorrente.
Outras práticas passam pela “aplicação “indevida” de penalizações aos fornecedores por não cumprimento dos níveis de serviço ou “custos fixos promocionais, sem que as promoções ocorressem em loja”.

A responsável pela fiscalização do cumprimento do código de boas práticas entre os retalhistas alimentares do Reino Unido, está a seguir a retalhista no cumprimento das recomendações propostas com esta investigação.

Segundo Pedro Pimentel, diretor geral da Centromarca, em declarações ao Público sobre este tema, a Tesco, que detém uma quota de mercado de cerca de 30% no Reino Unido, tem vindo a “perder valor em bolsa”. “Em Outubro  [de 2015] dizia-se que a perda do valor em bolsa da Tesco ultrapassava já os 5,4 mil milhões de euros e o então CEO, Philip Clare, era investigado por práticas comerciais agressivas com os seus fornecedores”.

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