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A Industrialização 4.0 em debate. Portugal “no pelotão da frente com países que vão liderar esta revolução”

Por a 28 de Janeiro de 2016 as 15:34
Afonso Carvaho;Mira Amaral;Luís Ferreira Lopes;Henrique Neto;António Pereira

Da esquerda para a direita: Afonso Carvaho, Luís Mira Amaral, Luís Ferreira Lopes, Henrique Neto e António Pereira

A conferência “A Indústria e a Logística e Transportes”, organizada pelo LIDE Portugal – Grupo de Líderes Empresariais teve lugar no Centro Cultural de Belém (CCB), no dia 26 de janeiro, juntou cerca de uma centena de empresários para debater os principais desafios e oportunidades dos setores para os próximos quatro anos.

Luís Mira Amaral, na qualidade membro do comité de gestão do LIDE Portugal, teve a seu cargo a sessão de abertura do evento, onde abordou o conceito de Industrialização 4.0, que “em Portugal tem de se aplicar aos setores industriais tradicionais”, defendendo que “não há setores industriais obsoletos, há setores que se modernizam e outros que não”.

Mira Amaral defende ainda que “não podemos perder o que a austeridade trouxe de bom – as exportações”, indicando que “só conseguiremos ter um bom nível de vida se conseguirmos exportar na ordem dos 70%”, apostando igualmente na construção de vias ferroviárias “de bitola europeia”. Ideias partilhadas pelo empresário Henrique Neto, que também marcou presença no evento.

Luís Mira Amaral

Luís Mira Amaral, membro do comité de gestão do LIDE Portugal

Para ambos, Portugal está no centro do Atlântico, mas longe do ‘cluster’ europeu, e o transporte de mercadorias por rodovia está esgotado. Mira Amaral defende uma mudança deste modelo “para os modelos ferroviário e marítimo”. Sublinha ainda que os veículos elétricos “só fazem sentido em ambiente urbano”.

Já Afonso Carvalho, diretor geral da Kelly, aponta para a falta de capital humano disponível. “Temos uma oportunidade de ouro para requalificar desempregados de longa duração e jovens mas não há políticas de emprego e de formação que nos permitam avançar e dar resposta a estas necessidades”.

Por sua vez, António Pereira, CEO do grupo Urbanos e presidente do comité temático LIDE Logística e Transportes, criticou a ausência de estratégias de anteriores governos com o que classificou de “política ping-pong”, alertando para o facto de que “Portugal ainda não saiu da crise e está longe de sair” e de que “é nas pequenas e médias empresas que assenta o sistema financeiro e são estas que empregam o maior número de pessoas”.

A intervenção de encerramento esteve a cargo de João Vasconcelos, secretário de Estado da Indústria, que esmiuçou a “nova revolução conhecida como Industrialização 4.0”, que foi tema central do último World Economic Forum, em Davos, onde esteve presente. Esta revolução industrial caracteriza-se “pela introdução de um conjunto de tecnologias digitais nos processos de produção, na relação entre os vários intervenientes na cadeira de valor, na relação com o cliente, ou mesmo nos modelos de negócio”, explica o governante, dando conta que “esta é a primeira revolução industrial em que a localização geográfica de Portugal não é um fator de perda de competitividade”.

João Vasconcelos, secretário de Estado da Indústria

João Vasconcelos, secretário de Estado da Indústria

Para o secretário de Estado, “é fácil encontrar sinais de que esta revolução já está em marcha em setores como o Turismo, onde o e-commerce revolucionou modelos de negócio conferindo mais poder de customização e de escolha aos clientes”. Deu também o exemplo do setor dos transportes e logística e da indústria, destacando a Autoeuropa, “que já tem uma impressora 3D na sua linha de produção”. Por outro lado, João Vasconcelos salienta o papel das startups, “que estão a atuar com as principais fontes de inovação nos setores tradicionais”. “50% dos novos empregos são criados pelas novas empresas, que estão a nascer a um ritmo de 2,4 novas por cada uma que morre e, destas empresas, 10% começam a exportar logo no primeiro ano de atividade”.

O secretário de Estado da Indústria considera que “os investimentos em infraestruturas tecnológicas, em ciência e na qualificação de pessoas, que foram realizados na última década, permitem-nos ambicionar estar no pelotão da frente com os países que vão liderar esta revolução”.

No que respeita à criação de condições para as empresas, destaca algumas medidas do Governo no âmbito do Plano 100, como “a flexibilização das regras de adiantamento, a disponibilização de uma linha de garantia mútua para adiantamento e aprovação de financiamento no BEI (Banco Europeu de Investimento) de 750 milhões de euros para financiar contrapartida nacional pública e privada”.

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