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A Restauração no Retalho, por Luís Rosário (Jason Associates)

Por a 4 de Dezembro de 2015 as 12:36

Luis RosarioPor Luís Rosário, Business Unit Manager Jason Associates; Partner Immersis; Ebeltoft Group

“Todos estão conscientes do desafio que é garantir oferta de qualidade e preço para que os compradores efetivem compra regular nesta categoria. Mas, nos últimos anos, as mudanças no consumo (do lado da procura) e na cadeia de valor (do lado da oferta) permitiu aos retalhistas integrar pela primeira vez as Meal Solutions como elemento estratégico de crescimento”

Quando recolhemos a visão e testemunhos dos retalhistas mundiais em relação ao papel presente e futuro da restauração nas suas lojas, a grande maioria partilha quatro preocupações:

  • Querem maximização da qualidade e frescura dos produtos que disponibilizam como Meal Solutions
  • Querem que o cliente fique muito satisfeito com o que comprou
  • Querem maximizar as margens da categoria
  • Querem garantir segurança alimentar irrepreensível

Os retalhistas estão agora mais preparados, mas os desafios continuam muito grandes. Em 2015 já não é apenas necessário ter oferta de restauração, “ready meals” e “take away”, é preciso ter essa oferta com muito sabor e qualidade, cumprindo com as restantes exigências dos consumidores que são agora tidas como requisitos “básicos” desta categoria – preço justo | comida sustentável para o ambiente | primazia de oferta de opções saudáveis.

Desde a NRF, NACS à IDDBA, os maiores eventos mundiais de (ou relacionados com) retalho tem demonstrado foco na restauração dentro das lojas. Do que nos tem sido dado a conhecer de inovações e pensamento dos retalhistas, são cinco as áreas de aposta nesta categoria:

  1. FAZER COMIDA MUITO BOA

Por todo o lado a tónica principal demonstra uma alteração face ao passado e sobretudo uma postura “quase obsessiva” por entregar com qualidade, consequência sobretudo da proliferação da oferta que permitiu ao consumidor mais escolha. A velocidade com que a informação é atualmente partilhada garante que tudo se saiba num instante, pelo que só há uma solução – fazer “em bom!”

Exemplo deste foco é a cozinha central de Odivelas do Pingo Doce, onde se procura incessantemente “confeção caseira, com produtos naturais, inspirada na dieta mediterrânica”, que faça ‘fit’ total com o que os consumidores aspiram. Os resultados são entusiasmantes, quer para a área de Meal Solutions quer para a marca própria da companhia, que tem saído muito reforçada. Pelo que é dado a conhecer, o mote “Da nossa cozinha para a sua mesa” é para continuar.

Mas o Pingo Doce não é o único – o Grupo “Os Mosqueteiros” e os conceitos da Sonae MC demonstram também crescente investimento na temática, com reforço da restauração em toda a linha, reformulação de lojas e aprofundamento da oferta, quer para consumo “in-store” quer “take home”.

  1. GARANTIR AS MELHORES CONDIÇÕES DE CONSERVAÇÃO E DURABILIDADE

O investimento nas Meal Solutions tem beneficiado de melhorias significativas no processo de conservação e durabilidade dos alimentos ou refeições preparadas. A área do embalamento tem sido das que mais inovações tem apresentado, permitindo guardar de forma melhor e durante mais tempo, o que é crítico para melhorar eficiência e sobretudo margens.

São visíveis muitas soluções de inovação, quer no transporte quer na refrigeração – estendendo de forma relevante o tempo de vida na prateleira – quer da confeção, onde surgem cada vez mais embalagens para que as refeições possam ser terminadas no microondas e/ou forno dentro do packaging inicial. É um tema que vai transformar ainda mais a restauração no retalho nos próximos anos.

 3. CONSEGUIR CRESCIMENTO DAS MARGENS E EFICIÊNCIA

Nos bastidores das lojas e das cozinhas centrais assiste-se a outra revolução – a tentativa de fazer mais e melhor, poupando. Desde a revisitação de processos, a receção dos alimentos pré-preparados pelos produtores, até à otimização das embalagens para permitir manuseamento facilitado e melhoria da segurança de trabalho, vale tudo para criar valor. E como os clientes sabem mais ou menos quanto custa fazer aquela refeição… não há volta à dar, é necessária eficiência e otimização contínua para conseguir margens crescentes.

 4. UTILIZAR A CATEGORIA PARA IMPACTAR POSITIVAMENTE A EXPERIÊNCIA DE COMPRA

Este tema tem sido um dos mais visíveis, mas o seu impacto e foco no futuro vai continuar evidente. Por todo o lado identificamos bons exemplos, e não é só de “players” focados no alimentar –  Deus Ex Machina, Store & Cafè (ITA), La Place (HOL),  Aldi’s Pop-up Restaurant (ING), Eataly Smeraldo (ITA) e Jelmoli Food Market (SUI) são “case studies” da busca em transformar a experiência de compra num momento inesquecível.

Boa parte destes conceitos inovadores podem servir de inspiração para os retalhistas nacionais e, resultado do mundo VICA, é esperado mais e melhor nos próximos anos, quer ao nível do conceito de loja quer da oferta de produtos.

5. CONSEGUIR CUSTOMIZAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO EFETIVA FACE A OUTROS CONCEITOS

Este será outra das “Must Win Battles” nos próximos anos. Clientes muito exigentes trazem pedidos cada vez mais próximos da experiência de restauração tradicional, juntamente com uma maior mistura de alimentos étnicos, ingredientes locais e sazonais, ao lado do que mais gosta da nossa comida portuguesa, além da hiper customização (pizzas, sandes, refeições sem determinados ingredientes, tudo customizado aos interesses do cliente).

Outra área de diferenciação será a apresentação dos produtos e propostas de conservação (ver exemplo da Maki Shop – USA), que também farão a diferença, pelo impacto que terão numa categoria onde o impulso conta muito.

Desde as soluções mais tradicionais (revistas sobre alimentação dos retalhistas) até às mais digitais (apps de “food advisory”), desde as soluções de consumo em loja (de maior dimensão ou de maior proximidade) até ao “take home” a partir de conceitos implantados em postos de abastecimento, tudo será testado para fazer a diferença neste futuro que se avizinha. Estaremos atentos!

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