“Aqui é Fresco” dá força a pequenos comerciantes
A cadeia de retalho “Aqui é Fresco”, da Unimark, nasceu para dar mais voz ao comércio tradicional português. Um total de 16 grossistas garantem condições especiais aos 724 retalhistas que, em três anos, aderiram à rede. Recentemente, foi lançado o nível dois do projeto, prevendo-se que até ao final do ano 40 lojas tenham um layout comum
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A cadeia de retalho “Aqui é Fresco”, da Unimark, nasceu para dar mais voz ao comércio tradicional português. Um total de 16 grossistas garantem condições especiais aos 724 retalhistas que, em três anos, aderiram à rede. Recentemente, foi lançado o nível dois do projeto, prevendo-se que até ao final do ano 40 lojas tenham um layout comum.
A Unimark é uma central de compras que negoceia com mais de 100 fornecedores de produtos de grande consumo, em nome de 26 distribuidores, grossistas e retalhistas. A maioria são ‘cash and carry’, temos muito poucos retalhistas”, explica em entrevista ao Hipersuper Carla Esteves, gestora de projetos de retalho da central. “Garantimos condições de aquisição aos fornecedores dos ‘cash and carry’ e de venda aos clientes retalhistas”.
Há três anos a Unimark lançou o projeto “Aqui é Fresco” (AEF), que consiste numa “organização voluntária para abastecer lojas mais pequenas e fazer frente aos distribuidores maiores, apoiando o comércio retalhista tradicional em Portugal”.
Aliaram-se à causa 16 ‘cash and carry’ dos 26 associados da Unimark, que ganham um canal de escoamento dos seus produtos junto de lojas de proximidade independentes, mini e supermercados. Às lojas aderentes são garantidas condições especiais, publicidade, descontos e ofertas em artigos seleccionados.
“Cada um dos nossos associados tem pelo menos dois profissionais que fomentam e vão à procura de novas lojas ou dão apoio aos clientes que já existem. São essas pessoas que depois nos dizem que esta ou aquela loja tem condições para aderir ao projeto”.
Neste contexto, 2014 fechou com um “crescimento de 9,4% do volume de negócios dos associados da Unimark envolvidos na rede AEF, para os 700 milhões de euros”, depois de em 2013 se verificar uma subida de 10,8% em relação ao ano transato. Para este ano, a responsável prevê igualmente um crescimento de dois dígitos, sem precisar no entanto a cifra estimada, que à data do mês de maio estava “perto de ser conseguido”.
724 lojas em três anos
Atualmente, 724 lojas portuguesas de comércio tradicional fazem parte da rede AEF, que tem como objetivo fazer frente a grandes cadeias de retalho, hipermercados e grandes supermercados, aumentando a competitividade através do preço, gestão e promoção do ponto de venda.
Sem grandes imposições de adesão, na primeira fase do projeto, “o associado é obrigado a assinar um contrato tripartido, juntamente com a loja e a Unimark”, explica a gestora. “Os grossistas têm em média dois mil clientes e dentro do projeto AEF têm em média 60. Só o núcleo duro é que pertence a esta rede”.
A partir daí, é exigido que os lojistas façam o abastecimento nos locais onde se comprometerem, dos produtos promocionados no folheto criado pela central, que disponibiliza ainda destacadores de linear, autoclantes e cartazes, para serem exibidos à porta das lojas e nas montras.
“Fizemos três anos em janeiro. Começamos a trabalhar no AEF com autoclantes em 2011 e lançamos o primeiro folheto em janeiro de 2012. Cada um tem que estar obrigatoriamente em vigor durante duas semanas e meia. 12 folhetos fazemos garantidamente e depois acções promocionais extra, umas de 50% e outras através de monofolhas, com 25 produtos, ou seja, metade do folheto. Lançamos a promoção ‘Avós e Netos’ em fevereiro e este ano vamos fazer ainda a monofolha dos ‘Imigrantes’ em Agosto, período no qual normalmente as lojas vendem muito, principalmente na zona norte, onde há muitos imigrantes. Vamos tentar incluir aqueles produtos que os imigrantes querem comprar para levar para fora do País, como o vinho do Porto ou a Macieira. Estas são dinâmicas que temos em 2015”.
Com “muito mais força a norte”, a iniciativa mostra “um crescimento em vendas de ano para ano” aos fornecedores parceiros. “Na Unimark temos mais fornecedores, mas a nível do AEF estamos a trabalhar com 100 e esses estão a crescer desde 2011”.
Nível dois arranca este ano
“Este ano importante porque começamos o nível dois do nosso projeto”, conta a responsável. O segundo nível foi lançado na última convenção AEF, em Abril, levada a cabo anualmente desde o início do projeto.
Os responsáveis dos espaços de comércio tradicional decidem se querem ou não enveredar por um maior compromisso dentro desta rede, já que o segundo nível abarca outro tipo de condições além das já existentes. “Vamos manter o folheto e fazer outras acções complementares”.
Neste nível, as lojas “têm que adoptar uma imagem interior e exterior” e, apesar do nome se manter, há a adopção da imagem que identifica a rede “Aqui é Fresco”. “Adotamos o símbolo, verde e branco e personalizamos o “q”. A nível de montras trabalhamos muito com o fator humano. Dependendo de onde o espaço está inserido, colocamos nas vitrinas pessoas mais velhas ou mais novas, tentando sempre apelar aos frescos”.
Vender a marca própria da Unimark, a UP, é também uma das exigências. “A nossa imagem de marca própria tinha uma imagem associada a preços baixos e decidimos renovar para um design mais apelativo”.
Sem “contratos de exclusividade nem um percentual de compras exigido”, esta rede tem para a central de compras o objetivo de vender os produtos em determinada data, aqueles que estão em promoção. “Tentamos cada vez mais arranjar produtos, preços e ofertas competitivos, de forma a que os retalhistas sejam cada vez mais fiéis aos grossistas” envolvidos, a quem as lojas “não são obrigadas a comprar em exclusivo”.
No entanto, há regras de aceitação para o nível dois. “Têm que ter um layout muito bem definido, um sortido adequado. Neste nível, somos mais exigentes com o sortido, planogramas, categorias, ações, entre outras”.
A previsão aponta para que no final do ano 40 espaços estejam já no segundo nível.
Espaço para promover negócios
A convenção anual do “Aqui é Fresco” integra o projeto desde o ano em que saiu para a rua. Com a duração fixa de dois dias, o local que recebe a reunião varia a cada ano, entre Lisboa e Porto.
O propósito está em promover conversações entre as partes, para que se conheçam, eliminando o interlocutor, neste caso, a central de compras. Este ano, a reunião deu-se em Lisboa, no Pavilhão de Portugal. “Decoramos um comboio com o nosso símbolo, que trouxe os participantes da convenção até Lisboa. Desta forma, vêm logo em festa”.
No primeiro ano quase não existiam ‘stands’ no espaço da convenção, no último tiveram 65 participantes. “A primeira edição foi de lançamento do projeto, para um núcleo muito pequeno de convidados. No segundo ano, já tínhamos cerca de 20 fornecedores. Em 2013, já 43 associados estavam presentes e por fim, no ano passado, na Alfândega, no Porto, tivemos 58 ‘stands’”, conta a gestora.
Pontualmente, o programa acolhe um participante externo, “um potencial cliente”, mas o objetivo é “reunir os associados e promover a interação para que deem condições excecionais” aos aderentes.
O primeiro dia é de feira e no segundo têm lugar as negociações. Na convenção de este ano, “à entrada existia um supermercado, e utilizamos cores para organizar e identificar os integrantes. A laranja ficavam os nossos fornecedores ‘premium’, os que têm os ‘stands’ maiores, como a Renova, Nestlé, Unilever, entre outros. Cada participante tem exposta a sua grelha de produtos em promoção e os clientes que encomendarem têm preços exclusivos durante a convenção, que não encontra em outra altura do ano. No fundo, é para fomentar o negócio juntamente com estes fornecedores. Por outro lado, promovemos que o fornecedor fale diretamente com o retalhista que é uma coisa que nunca acontece”.