Novas regras para os fabricantes de equipamentos de conservação
Uma mudança na legislação, mais atenta à saúde pública, vai fazer com que a indústria dos equipamentos de conservação reformule conceitos e modelos
Ana Catarina Monteiro
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“Os fabricantes de equipamento de conservação e exposição alimentar não fabricam apenas equipamento. São meios de conservação e de exposição de géneros alimentares, destinados ao consumo e que, por isso, poderão ter impacto na saúde pública”, considera Cristina Cunha, que organizou o seminário “Conservação e exposição – Que futuro?”, em conjunto com a TecMinho e a Universidade do Minho.
“Têm-se sentido algumas lacunas no conhecimento, que todos os intervenientes na cadeia da distribuição alimentar deveriam ter”. Desta premissa partiu a imposição de organizar este tipo de evento que, segundo a responsável pela organização, veio “trazer conhecimento sobre os riscos alimentares, a conservação alimentar e até sobre as tendências de consumo que possam ter impacto na forma de conservar e, também, de expor os géneros alimentares”. A Eficiência Energética, a Etiquetagem e o Eco-Design foram os pontos principais do debate, no qual se concluiu que a indústria está no “caminho da eficiência”, depois de 2014 ter sido “um ano de dúvidas e desafios acerca das novas regras para a indústria”.
A iniciativa decorreu no passado mês de Novembro, em Guimarães, cidade onde nasceu a Jordão Colling Systems, em 1982. Desde então, a empresa desenha, desenvolve e produz equipamentos de refrigeração comercial, como vitrinas, balcões, expositores verticais, e outros, para o retalho alimentar e canal horeca. A marca, uma das patrocinadoras do seminário, teve um ano positivo com a apresentação de novos produtos, que “foram bem recebidos pelo mercado”, está presente em novos mercados e “as vendas cresceram, mantendo sempre o foco na sustentabilidade”, revelou Mário Rodrigues. O Marketing Manager da Jordão desvenda que “a legislação nova a sair em 2015 preocupa fabricantes, retalhistas e instaladores de equipamento” e conta que, nos próximos anos, surjam “muitas novidades tecnológicas ao segmento da refrigeração comercial”.
No futuro, os equipamentos em destaque giram em torno dos “conceitos do livre serviço e do take-away, em desenvolvimento nos mercados mais maduros”. Também os serviços “que privilegiam a conveniência e a rapidez, na óptica do consumidor, estão a ganhar mais adeptos”, revela o responsável.
A tendência está na “não-tendência”
Cristina Cunha considera, por sua vez, que “o sector está em agitação”. Como 2015 é o ano em que começarão a ser obrigatórias algumas das alterações legislativas e normativas previstas, “toda a indústria estará focada em rapidamente alinhar os seus processos, e equipamento com as novas regras, para se manter no mercado de forma competitiva”. Tanto as alterações na legislação como a variação dos estilos de consumo implicam mudanças na “concepção e no fabrico, desafios que envolvem muitos recursos, tanto financeiros como humanos”.
Sendo que “a grande maioria das empresas portuguesas fabricantes de equipamento de refrigeração comercial são exportadoras, logo com uma ampla experiência geográfica”, a análise dos diferentes mercados é essencial para saber qual o equipamento mais adequado a encaixar em cada mercado. “Mercados maduros e emergentes têm necessidades diferentes e procuram conceitos distintos”, explica o Manager de Marketing.
A compra é um “acto cultural” que, além de mudar de país para país, provoca reacções diferentes até dentro do mesmo mercado. Assim, a tendência para o sector não é padronizada (uma vez que o cliente também não o é). O responsável fala em “não-tendência”, para explicar que as empresas têm que se posicionar com vários formatos, preços e conceitos.
“Um equipamento de qualidade é aquele que melhor serve o consumidor e o acto de compra, em campos como visibilidade e acesso ao produto alimentar, condições de conservação dos alimentos e outros”. Para saber as preferências dos mercados e as condições que melhor se aplicam, o processo passa pela análise de cada consumidor. Em Portugal, as insígnias têm “trabalhado bastante a experiência do consumidor e colocado o consumidor no centro do negócio, sendo inclusivamente casos-estudo internacionais”.
Porém, a única imagem do consumidor que se pode generalizar à escala mundial, é a de um indivíduo “mais exigente e informado, que faz pré-compra, e que está cada vez mais consciente da segurança alimentar, tanto a nível do equipamento como do espaço de loja”.
Não havendo um registo de negócio massificado, o seminário deu conta de “alguns paradigmas e paradoxos que contribuem para um melhor entendimento ou visão do mercado”. Segundo a organizadora, estes são: “formato hipermercado versus formato proximidade, preço versus sublime, standard versus customização e cadeias versus negócios locais”.
Directiva Europeia foca-se no Eco-Design
No entanto, a preocupação ambiental e a opção por um estilo de vida mais saudável alastram a bom ritmo por todo o tipo de públicos. As categorias “go green” e “saúde & bem estar” são cada vez mais um imperativo na oferta, exigidas pelos consumidores e pela própria legislação.
Tanto a nível de etiquetagem como na utilização de mecanismos mais ecológicos, as alterações legislativas e normativas visam a eficiência do equipamento, a concepção do material e o espaço onde serão instalados. “Temos nova legislação sobre o fim da utilização dos gases HFC e os novos gases propanos, ditos naturais”, explica Mário Rodrigues.
A Directiva Europeia foca-se no Eco-Design e visa a avaliação do ciclo de vida do equipamento, da concepção ao desmantelamento. Para o Manager da Jordão, “com a adopção do Eco-Design, ganha-se na optimização dos custos dos equipamentos. O balanceamento de todas as variáveis inerentes à produção e ao funcionamento dos equipamentos, permite ter optimização de recursos, logo, maior rentabilidade”.
Quanto à etiquetagem, a classificação da eficiência energética, como aconteceu ao equipamento para uso doméstico, é exigida pela marcação da classe de eficiência energética, em todo o equipamento.
As alterações têm também grande impacto nos fornecedores de “componentes para indústria, como nos evaporadores, ventiladores, controladores, entre outros”.
Fórmula para o sucesso?
Para garantir a eficiência energética, as mais recentes medidas no sector passam pela colocação de portas nos equipamentos de conservação e exposição alimentar e a utilização de iluminação LED. “Mas há muito mais a fazer”, exclama Cristina, acrescentando que “tudo deve começar com uma correcta análise e avaliação do produto fabricado, preferencialmente por organismos acreditados para o efeito. Depois, com base no relatório emitido pela entidade acreditada para efectuar os ensaios de eficiência energética e LCA (LifeCycleAcessement ), o fabricante tem de analisar os pontos com maior impacto no consumo energético e implementar medidas que permitam melhorá-los”.
Para os equipamentos de conservação, em especial para os de conservação de pescado que, como evidencia o representante da empresa do sector, “tem que observar exigências próprias ao nível das temperaturas de conservação (2°-3°C), da humidade (70%-80%) e, também, do meio, já que geralmente o peixe é exposto sobre gelo”, a fórmula para o sucesso parte do “equilíbrio da combinação de todas as variáveis que contribuem para o consumo energético, e para a eficiência dos equipamentos, considerando inclusive a forma como o móvel será utilizado”.