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O que aconteceu ao consumo alimentar desde 2008 até hoje?

Por a 10 de Dezembro de 2014 as 11:27

Ana Paula Barbosa, retailer services director da Nielsen, resume as alterações que sofreu o consumo privado português, a partir do início da crise económica até 2014

2008

Os bens de grande consumo estão muito dinâmicos, com um crescimento de 8% (MdD – Marcas da Distribuição – crescem mais de 20%). O final do ano ficou marcado pelo início da crise, com o índice de confiança a diminuir de forma generalizada na Europa.

O retalho alimentar organizado concentra-se com a aquisição das lojas Carrefour pela Sonae e Plus pela Jerónimo Martins e o Canal Horeca começa a entrar na sua fase descendente, perdendo 9% das suas vendas

2009

Compra-se mais por menos: apesar de existirem crescimentos em volume, a deflação nos bens de grande consumo vem anular esse efeito. As marcas próprias são as únicas que crescem. Mas, nem tudo é uma questão de preço: os atributos de conveniência e conforto na compra são os mais valorizados pelos shopper na escolha das lojas. E contra todas as expectativas, o formato discount começa a perder importância.

2010

Os BGC – Bens de Grande Consumo – crescem 1%, as MdD continuam a ser as únicas que crescem. Um total de 9 em 10 consumidores, dizem que continuarão a comprar MdD quando a economia melhorar. Assiste-se a uma transferência do consumo de fora para dentro de casa, com o Canal Horeca a continuar a perder enquanto o Take Away e as refeições prontas estão dinâmicos nos hipers e supermercados.

A Distribuição Moderna abranda o ritmo de abertura de lojas novas.

2011

O IVA passa de 21 para 23%. Índice de confiança dos portugueses atinge mínimos históricos. BGC crescem 0,5% e passa a haver inflação. Aumentos de preços passa a ser uma das principais preocupações dos portugueses, juntamente com o emprego. Apenas as categorias alimentares crescem, havendo mais consumo dentro de casa.

Distribuição deixa de abrir lojas novas e hipermercados passam a estar abertos ao Domingo à tarde.

2012

Há perdas de volumes e aumentos de preços nos BGC. Consumo de bens de grande consumo concentra-se mais em categorias essenciais. 44% dos portugueses diz que não lhes sobra dinheiro após cobrirem as suas despesas mensais.

No retalho, o ano foi marcado pela promoção do Pingo Doce do 1 de Maio que deu início à intensificação da estratégia promocional das insígnias. O retalho alimentar tradicional moderniza-se, com a expansão de cadeias organizadas de proximidade (Meu Super, Amanhecer, Coviran, Ten to Ten, entre outras).

 2013

O shopper português recupera confiança para níveis de 2010. BGC crescem 1%, passando a haver ganhos em volume a partir do segundo semestre. Actividade promocional intensifica-se nas marcas de fabricantes que pela primeira vez crescem mais do que as marcas da distribuição.

2014

As promoções já não se traduzem em vendas adicionais. Actividade promocional atinge máximos históricos, Portugal é dos países com nível mais elevado de vendas com promoção na Europa. O shopper está cada vez mais oportunista, muda de marcas e de lojas em função das promoções. Apesar deste esforço promocional, BGC perdem 1% das suas vendas nos nove primeiros meses do ano, com um Verão particularmente difícil, e com deflação.

 

 

 

‘Shopper’ do futuro vai privilegiar produtos ‘KM O’

 

Mais consciente do que compra, assim é o ‘shopper’ do futuro.

 

Por isso, vai procurar, por um lado, produtos mais saudáveis, e, por outro, contribuir para a economia local, segundo o estudo ‘The Food Revolution’’, da consultora Lantern, citado pela InfoRetail.

 

O estudo dá conta que o ‘shopper’ dará prioridade aos produtos de origem e elaborados localmente, mais conhecidos por “KM 0”.

 

O comércio online de alimentos também vai dar um salto definitivo, graças à expansão de concorrentes como a Amazon. A compra digital será multiplataforma e cada vez mais conveniente, revela a mesma fonte.

 

O maior avanço dar-se-à no entanto na logística: a compra será cada vez mais imediata e conveniente.

 

No que diz respeito às embalagens, os supermercados já começam a reconhecer os benefícios da venda a granel que estão a adoptar em categorias como frutos secos, doces, massas, pet, chá, especiarias, entre outras.

 

As cadeias ‘Whole Foods’ e ‘Wild Oats’, por exemplo, já começaram a alastrar a venda a granel a novas categorias, há muito.

 

Esta tendência do granel fez nascer um novo nicho de mercado que tem dado também uma nova vida aos supermercados que só vendem quantidades impostas, permitindo ao shopper poupanças na conta do supermercado.

 

Estes novos supermercados apelam à preocupação com a natureza, ao bem-estar social, ao desperdício de alimentos e à reciclagem.

 

O estudo realça por outro lado a proliferação de startups na área alimentar que prometem romper com o estabelecido mapa alimentar, dotadas de equipas multidisciplinares: bioquímicos, geneticistas, nutricionistas e ‘data scientists’ que procuram descodificar os alimentos já existentes para desenhar novos.

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