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O Retalho e a Reentré, por Sérgio Leote (Michael Page Retail)

Por a 2 de Setembro de 2014 as 11:29

Por Sérgio Leote, Consultor Sénior Michael Page Retail

Cheira a reentré no sector do retalho, ainda que os aromas que nos chegam sejam agora diferentes. No ar pairam notas e energias mais positivas. Fala-se de expansão, aberturas… enfim. Poderá dizer-se que o ar está mais leve e revigorante.

Também ao nível do recrutamento e selecção se sentem mudanças significativas, não só na quantidade de processos a desenvolver mas também no que aos perfis a recrutar diz respeito.

Não há como escapar do facto, de que o sector está diferente. Como já muitas vezes se disse, aqui e noutras páginas, este é um sector bastante dinâmico, com uma capacidade ímpar de se reinventar e renovar. Assistimos hoje a mudanças estruturais naquilo que são os pilares do próprio sector; refiro-me aos consumidores, aos produtos e às próprias lojas.

Começando pelos consumidores, poderá dizer-se que estes são hoje muito mais esclarecidos e muito mais difíceis de se deixarem impressionar. Deixa de contar apenas o preço como argumento único, levando-se em linha de conta variáveis como a qualidade e variedade do produto.

As alterações demográficas impactam significativamente os hábitos e tendências de consumo. Não menos importante, é também a identificação que o próprio consumidor terá com o próprio produto e com a forma como este é comunicado por fornecedores e distribuidores. Creio que a equação se tornou bastante mais complexa, não existe uma regra clara e o caminho será sempre o de conseguir o equilíbrio entre todas estas variáveis pois, tal como refere José António Rousseau na sua crónica ADN da Distribuição, reservado ao tema ‘Os Consumidores’, o  “que os consumidores querem é muito simples e resume-se a uma única palavra: TUDO”.

No sentido de responder a todas estas alterações do perfil do consumidor, as soluções e produtos apresentados são também eles diferentes. Tem necessariamente de existir um compromisso por parte dos distribuidores/produtores no sentido de conseguirem apresentar propostas que materializem um compromisso de confiança nos produtos/marcas apresentados.

Relativamente às próprias lojas multiplicam-se os novos formatos e conceitos, sendo que a capacidade para surpreender e fascinar o consumidor neste domínio começa a assumir-se como um ponto fulcral. Ao nível das lojas, as regras do jogo também mudaram de forma significativa e o entendimento do acto de compra deve passar a ser compreendido como uma experiência em si. Em alguns subsectores passa a privilegiar-se a proximidade e assertividade do próprio sortido. Noutros, o ponto de venda passa a ser entendido como o ponto de contacto com o próprio consumidor e a possibilidade de o conhecer e perceber as suas necessidades, dado que grande parte do acto de compra até é feito através de outros canais como o online.

Desta forma, a loja passa a integrar um ambiente que contribui para a compra/venda, mas não sendo onde tudo começa e termina. A proliferação de ferramentas e soluções tecnológicas, em muito contribuem para uma mudança significativa das lojas e do próprio acto de compra. Aqui poderão destacar-se ferramentas como o CRM, ECR, RFID, entre outras.

Por tudo isto, o recrutamento e a selecção para o sector do retalho obedecem hoje a critérios significativamente diferentes, tanto ao nível dos perfis a recrutar como ao nível da exigência e celeridade exigida nos próprios processos. Não há espaço para errar e se é certo que os planos de expansão voltam a estar na ordem do dia, é também verdade que estes planos serão hoje ponderados de forma ainda mais criteriosa.

 

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