Cicatrizes da crise perduram na Europa
“Apesar dos sinais de retoma do crescimento na zona euro, as cicatrizes da recessão irão permanecer durante bastantes anos”
Rita Gonçalves
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Apesar dos sinais de retoma do crescimento na zona euro, as cicatrizes da recessão irão permanecer durante bastantes anos.
A edição de Inverno do EY Eurozone Forecast (EEF) conclui que, em resultado da recuperação das exportações e de alguma flexibilização das medidas de austeridade, 2014 será o primeiro ano com crescimento positivo desde 2011, ainda que no futuro próximo o ritmo de crescimento permaneça baixo.
O estudo estima para este ano uma contracção de 0,5% do PIB, seguida de um crescimento de 0,9% em 2014. A recuperação da zona euro continuará lenta entre 2015 e 2017, com um crescimento do PIB estimado em 1,6% ao ano. No entanto, e apesar da perspectiva de crescimento para a região ser fraca, a zona euro continua atractiva para as economias da Europa de Leste. A partir de 1 de Janeiro de 2014 a Letónia tornar-se-à no 18.º membro da zona euro e é expectável que a Lituânia siga o mesmo caminho em 2015.
“É expectável que as condições na zona euro continuem a melhorar durante 2014. A estabilização do desemprego e a queda da inflação levarão a um aumento nos gastos dos consumidores, melhorando a procura interna. No entanto, a recuperação deve ser baseada num programa amplo de reformas destinadas a aumentar a competitividade”, considera Marie Diron, economista chefe do EY Eurozone Forecast.
Cicatrizes a longo prazo
Ao comparar dados de 1998 a 2007 e de 2008 a 2017 é evidente o impacto a longo prazo que a crise continua a ter na região. Entre 1998 e 2007, a média do crescimento anual do PIB foi de 2,3%, enquanto no período compreendido entre 2008 e 2017 essa média deverá ser de 0,4%.
O EEF estima que até ao final de 2017, o PIB na zona euro alcançará um valor 3% superior ao valor observado antes da crise financeira. Em contraste, estima-se que nesse ano o PIB do Reino Unido possa ser superior em 8% ao valor pré-crise, com os EUA 20% acima do valor registado em 2007.
O EEF destaca também grandes diferenças no número de desempregados, que será em média superior a 17 milhões entre 2008 e 2017, comparativamente aos 13 milhões da década anterior. Quanto ao investimento, estima-se que sofra uma contracção de 0,1% ao ano no período 2008-17, depois de um crescimento de 3,3% ao ano na década anterior.
“A zona euro está a caminho da recuperação, mas as cicatrizes desta crise perdurarão. O crescimento irá continuar baixo e o desemprego, agora estabilizado, continuará elevado. Esta situação tem implicações significativas para o planeamento de longo-prazo das empresas da região”, comenta, oor sua vez, Mark Otty, o responsável máximo da EY para a região da Europa, Médio Oriente, Índia e África.
Procura interna impulsiona crescimento
O início da recuperação da zona euro foi impulsionado pelas exportações, com o EEF a estimar que estas possam acelerar ainda mais, à medida que o crescimento global fortalece e que gera mais comércio internacional. Este efeito será reforçado pela procura interna, “que nos últimos anos tem vindo a pesar consideravelmente contra o crescimento, mas que se estima que recupere já a partir de 2014. A austeridade irá continuar a atrasar o crescimento, mas o seu impacto será menor do que em anos anteriores”.
Também as famílias deverão sentir melhorias. Os consumidores têm vivido um período prolongado de queda dos salários reais e de aumento do desemprego, o que reduziu o poder de compra. No entanto, a queda da inflação e a estabilização do desemprego levam o EEF a estimar um crescimento do consumo de 0,5% em 2014, após uma queda de cerca de 0,6% em 2013.
Também o clima de investimento apresenta sinais de melhoria. Estudos sobre a confiança das empresas indicam maior confiança no ambiente de negócios, com uma melhoria das expectativas para o futuro – tanto nos mercados internos como nos externos – e com uma avaliação reduzida quanto a eventuais riscos de inversão da tendência de crescimento.
“Este sentimento deve encorajar as empresas com fundos disponíveis para avançarem com projectos de investimento, ainda que a recuperação dos fluxos de investimento seja limitada por via das apertadas condições de acesso ao crédito. Como resultado, é expectável que o investimento cresça 1,3% em 2014, após ter reduzido em 2012-13, e que acelere em 2015-17”.
A deflação é uma ameaça
Embora sejam visíveis sinais positivos no horizonte, também há riscos. “A inflação na zona euro tem-se mantido preocupantemente baixa nos últimos meses, alcançando em Outubro o valor mínimo dos últimos quatro anos, com 0,7%. A baixa taxa de inflação não se verifica apenas nas economias periféricas, mas também nos países do centro da Europa”.
O EEF estima uma inflação um pouco acima de 1% em 2014 e 2015. “Este valor recomendaria alguma flexibilização da política monetária já no início de 2014, como precaução contra a deflação e para contrariar os eventuais impactos de uma retracção das condições de crédito nos Estados Unidos, a partir do momento em que a Reserva Federal começar a moderar a sua actual política monetária”.