José Pinto Gaspar, presidente da CVR Tejo
Portugal e os vinhos gastronómicos, por José Pinto Gaspar (CVR Tejo)
Todos os nossos tipos de vinhos, incluindo alguns licorosos, estão enquadrados com a gastronomia e as iguarias próprias de cada região
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Rita Gonçalves
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Por José Pinto Gaspar, presidente da CVR Tejo
“Há Vinhos e Vinhos”, como se diz na gíria corrente. Assim é na realidade.
Para não extrapolarmos para fora das nossas fronteiras vamos abordar este tema só dentro de “portas” e tentar avaliar acerca da diversidade dos vinhos portugueses.
Somos um pequeno país em território mas enorme em diversidade vitivinícola. Poucos são os países, mesmo com área vitícola bem superior à nossa, que apresentam uma tão grande diversidade de vinhos.
Na origem dessa diversidade estão vários factores. A exposição atlântica ao longo da costa de Norte para Sul, a orografia, muitas vezes em anfiteatro do litoral para o interior, a quase continentalidade das regiões mais a Leste, as diferenças de altitude de cultura da vinha, as variações térmicas e pluviométricas, a enorme diversidade de solos e acima de tudo as castas.
Todos estes factores, isoladamente ou em agregação, induzem uma enorme diversidade e tipos de vinhos. No entanto, todos esses tipos de vinhos, incluindo alguns licorosos, estão enquadrados com a gastronomia e iguarias próprias de cada região.
E se há algum tipo de iguaria representativa também da diversidade da gastronomia portuguesa, é certamente aquela que tem por base o bacalhau.
Se há mil e uma maneiras de cozinhar o bacalhau, podemos também afirmar que há certamente mil e dois vinhos apropriados para o acompanharem.
Os vinhos portugueses são na generalidade vinhos gastronómicos. Quer isto dizer, adaptados a serem consumidos às refeições. Até pela tradição bem portuguesa de se beber um copo de vinho ao almoço e dois ao jantar. Foi desta forma que essa nobre bebida foi evoluindo e adaptando-se à gastronomia.
E se isto, por um lado, é uma virtude, por outro pode ser uma menos valia. Vejamos por exemplo os hábitos de alguns povos, de consumirem vinho antes ou depois das refeições.
Todos sabemos que esse hábito é vulgar, por exemplo, no Reino Unido, mercados nórdicos e muitos outros. Se isso é verdade, também não é menos verdade que os produtores portugueses tiveram de ir ao encontro desses mercados e saber adaptar os seus vinhos ao gosto desses mercados. Assim e beneficiando da diversidade acima referida, os vinhos portugueses foram-se adaptando ao gosto de cada povo, aos requisitos da sua gastronomia e também aprenderem a viver sem ela, mostrando o que valem por si sós.
Enganam-se aqueles que julgam que o vinho português se tem de impor tal como era há trinta ou vinte anos e não se adapta ao gosto dos seus consumidores, internacional ou nacional, aos seus hábitos de consumo e às suas gastronomias diversificadas.
E se afirmamos que os vinhos portugueses são gastronómicos, temos por outro lado de abrir o nosso espírito para assumirmos o que hoje, com a evolução e globalização, se entende por uma refeição, quer ela seja ou não composta pelo portuguesíssimo bacalhau.
É vulgar o almoço ter-se transformado numa refeição rápida e ligeira. Pode ser na realidade assim. No entanto, se a privilegiarmos com a companhia de um bom vinho, adaptado à mesma, temos a certeza de que a melhoramos significativamente, a complementamos com uma bebida saudável e até mais dietética do que muitos refrigerantes que se encontram no mercado. O vinho português é uma bebida gastronómica. Desfrute do vinho português, em Portugal, em condições de preço e qualidade que muitos daqueles que o consomem por esse mundo fora invejam.