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Bruxelas prevê contracção da economia portuguesa superior a 3%

Por a 23 de Fevereiro de 2012 as 14:48

Nas previsões intercalares divulgadas hoje [Quinta-feira] pela Comissão Europeia para os 27 Estados-Membros, só a Grécia (-4,4%) registará uma recessão mais grave que a portuguesa. Na verdade, a economia nacional deverá recuar 3,3% em 2012, estimam os números apresentados pela CE, juntando-se a Portugal a Bélgica (-0,1%), Espanha (-1%), Chipre (-0,5%), Itália (-1,3%), Holanda (-0,9%) e Eslovénia (-0,1%), acrescentando a estes países da zona euro a Hungria (0,1%).

Nas previsões apresentadas em Novembro, a Comissão previa uma quebra do PIB na ordem dos 3%, mesmo valor que o Governo inscreveu no Orçamento do Estado para 2012.

No final do Conselho de Ministros de hoje [Quinta-feira], o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, admitia em conferência de imprensa ser “natural” que as previsões da Comissão Europeia “tenham de ser revistas posteriormente”.

Santos Pereira lembrou ainda o que aconteceu em 2011: “No ano passado, a previsão da Comissão Europeia para Portugal era um decréscimo 1,9% o nosso Produto Interno Bruto e o decréscimo foi inferior, de 1,5%”.

Segundo o ministro da Economia, “numa altura de incerteza e de alguma volatilidade, é natural que estas previsões tenham de ser revistas posteriormente”.

Globalmente, a interrupção inesperada da recuperação no final de 2011 deverá prolongar-se nos dois primeiros trimestres de 2012, indica Bruxelas, admitindo, contudo, que no segundo semestre do ano seja possível regressar a um crescimento, embora modesto.


Numa base anual, prevê-se actualmente que o crescimento real do PIB em 2012 se mantenha inalterado na UE (0,0%) e que contraia 0,3% na área do euro. “O clima de incerteza continua elevado e os progressos são desiguais entre os países”, afirma a CE em comunicado, salientando ainda que “as previsões em matéria de inflação para 2012 foram revistas ligeiramente em alta, comparativamente ao Outono, devido à persistência de elevados preços da energia e aos aumentos da fiscalidade indirecta”. Assim, actualmente, a inflação situa-se em 2,3% na UE e em 2,1% na área do euro.

O vice-presidente da Comissão responsável pelos Assuntos Económicos e Monetários, Ollie Rehn, declarou: “embora o crescimento tenha estagnado, vislumbram-se sinais de estabilização na economia europeia. A sensação é de que a economia ainda se encontra a um nível baixo, mas a pressão sobre os mercados financeiros está diminuir. Foram já adoptadas muitas das medidas consideradas essenciais para assegurar a estabilidade financeira e criar condições para promover o crescimento sustentável e o emprego. Com acções decisivas, podemos dar a volta à situação e passar da fase de estabilização à da promoção do crescimento e do emprego”.

O contexto de desaceleração da dinâmica de crescimento e de níveis de confiança sistematicamente baixos, constituem a principal razão para uma revisão em baixa de 0,6 pontos percentuais na UE e de 0,8 pontos percentuais na área do euro, comparativamente às previsões do Outono, de 10 de Novembro de 2011.

Quanto aos Estados-Membros individualmente, as divergências de crescimento continuam importantes. Em 2012, o PIB deverá registar um crescimento negativo em nove países, estagnar num país e apresentar uma situação positiva em dezassete países. O crescimento mais alto registar-se-á na Letónia, Lituânia e Polónia e o mais baixo na Grécia e em Portugal.

As perspectivas são “condicionadas” por uma economia mundial “menos florescente”, com o actual “enfraquecimento da procura mundial a pesar sobre as exportações líquidas”, refere a Comissão liderada por Durão Barroso.


“A confiança das empresas e dos consumidores na UE ainda se encontra a níveis baixos, embora se tenha observado recentemente uma ligeira melhoria, coincidindo com os indícios de estabilização no sector financeiro”, lê-se no comunicado.

A execução de políticas mais credíveis nos países vulneráveis e a crescente percepção dos progressos constantes na resolução da crise das dívidas soberanas na UE contribuíram para estabilizar os mercados, admitindo a Comissão que “os receios associados aos riscos das dívidas soberanas diminuíram recentemente em alguns países”, salientando, porém, que “os juros mantém se a níveis elevados e as condições para a concessão de crédito ao sector privado tornaram-se mais rigorosas”.

De um modo geral, a situação do mercado financeiro na UE mantém-se “frágil” e o clima de incerteza continua a fazer-se sentir fortemente no investimento e no consumo privado, destacando, contudo Bruxelas que “o risco de uma crise de crédito diminuiu, devido, principalmente, às medidas tomadas pelo BCE em matéria de liquidez”.

Além disso, num contexto de procura reduzida, as condições de crédito não deverão restringir o investimento e o consumo durante o período abrangido pela previsão. Em geral, espera-se um regresso gradual da confiança e uma recuperação do investimento e do consumo no segundo semestre de 2012.

Num contexto marcado pela constante incerteza, os riscos para as perspectivas de crescimento da UE em 2012 apresentam uma tendência para diminuir.

No que respeita à inflação, os riscos afiguram-se “globalmente equilibrados”, com importantes riscos no sentido da baixa fruto de uma contracção do PIB superior ao previsto, “o que também deverá contribuir para a reduzir a dinâmica de preços subjacentes”, refere a Comissão.

No sentido da alta, as perturbações no aprovisionamento petrolífero devido às tensões geopolíticas, bem como uma procura dos mercados emergentes mais forte do que o esperado, poderão impulsionar a inflação dos preços dos produtos de base.

 

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