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Stiglitz: “Não é com austeridade que haverá crescimento económico”

Por a 18 de Janeiro de 2012 as 17:52

Depois de João Duque, presidente do ISEG, ter anunciado que “2012 será um dos piores anos de crescimento da economia portuguesa”, estimando que a queda da economia nacional deverá ficar entre os 3,7 e 4,3%, Joseph Stiglitz, prémio Nobel da Economia e o principal convidado/orador do IV Congresso da Distribuição Moderna deixou a (quase) certeza que “só as medidas de austeridade não chegam para trazer crescimento económico”.

Na sua intervenção de quase uma hora, Stiglitz deixou alguns exemplos vividos pela economia nos EUA, salientando, que no caso europeu, já se percebeu que “é preciso crescer, mas não se tem falado de outra coisa senão de austeridade, não apontado qualquer caminho para o crescimento”.

Não tendo ficado surpreendido com este crescimento negativo na Europa, Stiglitz deixou uma crítica às instituições europeias, principalmente ao Banco Central Europeu (BCE), afirmando que “tem-se focado demais na inflação e pouco no desemprego, estabilidade financeira”, admitindo mesmo que “salvar o sistema financeiro europeu não salvará o resto”, ou seja, produção crédito imobiliário e ás empresa e consumidor.

Stiglitz acrescentou que em países como Portugal e a Grécia, “as políticas de austeridade para corrigir as contas públicas não estão a conseguir restaurar a confiança dos investidores”, o prémio Nobel salientou que a Europa está a “focar-se muito em países e pouco no todo europeu”, afirmando mesmo que “na Europa nunca houve políticas com força suficiente para criar instituições para fazer funcionar o euro”.

Considerando que a “austeridade só dificultará a situação actual”, Stiglitz admitiu que “é mais provável que existe crescimento económico depois de uma reestruturação da dívida”, avançando que o próprio Governo “tornar-se-á mais credível com uma reestruturação”.

Deixando a dúvida se a Alemanha “perceberá que será um dos perdedores se o euro cair”, o convidado principal do Congresso da APED deixou a pergunta “durante quanto tempo é que os cidadãos de países com altas taxas de desemprego aguentarão a austeridade e sentir a certeza de um futuro melhor?”.

As críticas à Europa não ficaram por aqui, com Stiglitz a salientar que “a Europa parece estar já preocupada com a próxima crise quando ainda não resolveu a actual”.

No campo das privatizações, a indicação de que “este não será o tempo ideal as fazer”, fez Stiglitz concluir ainda que “os erros que têm sido cometidos até agora, provavelmente irão acontecer novamente, caso as políticas necessárias não sejam implementadas brevemente”.

 

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