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COTEC: “Portugal, no seio da UE, é um medíocre destino de negócios e de capitais”

Por a 10 de Janeiro de 2012 as 11:37

O presidente da COTEC Portugal, Carlos Moreira da Silva, criticou a ausência de “aparelhagem fiscal” para fixação das empresas portuguesas de sucesso, considerando que Portugal, no seio da União Europeia, “é um medíocre destino de negócios e capitais”.

 

No discurso da cerimónia que assinalou os 10 anos da instalação do executivo da Câmara do Porto liderado por Rui Rio, o presidente da COTEC Portugal disse ser “possível e desejável esperar que as medidas de austeridade que o actual Governo tem anunciado permitam cumprir os objectivos do memorando de entendimento, no plano das Finanças Públicas”.

“Mas já ninguém tem certezas sobre a outra dimensão necessária da ultrapassagem da crise: o crescimento e a competitividade”, alertou.

Segundo Carlos Moreira da Silva, “como se não bastassem as limitações orçamentais, os incentivos de natureza fiscal perderam inexplicavelmente credibilidade junto da população e dos políticos”.

“Não há quaisquer incentivos para a poupança, não existe nenhuma aparelhagem fiscal especialmente destinada à fixação das empresas portuguesas de sucesso nem à captação de capitais estrangeiros. Pelo contrário, neste plano, Portugal, no seio da UE, é um medíocre destino de negócios e de capitais. Não houve sequer a coragem de, pelo menos, manter o mesmo nível de tributação das empresas”, enfatizou.

O presidente da COTEC Portugal disse ainda que a competitividade parece “depender demasiadamente dos esforços individuais dos empreendedores e das iniciativas dispersas de inovação”, alertando que o investimento “assenta na confiança” mas os níveis desta junto dos investidores “estão muito baixos”.

“Em primeiro lugar, há incertezas quanto ao futuro do mundo e depois ninguém pode garantir que já chegamos ao limite das medidas fiscais de ajustamento”, justificou.

O gestor pediu que os líderes sindicais “entendam que a flexibilização laboral é o caminho certo para a prosperidade, mas desde logo para eliminação das injustiças sentidas pelos indignados que não têm acesso ao mercado de emprego”.

“Finalmente aos políticos, nacionais e locais, exigiria a coragem de levar até às últimas consequências a reforma da administração pública, mas não deixem de sonhar com o desenvolvimento e a riqueza, tendo consciência que deles esperamos a liderança na transformação”, pediu ainda.

Segundo Moreira da Silva “poucos políticos – nacionais e locais – empresários e líderes sindicais com protagonismo nos últimos 35 anos podem eximir-se de responsabilidades na deterioração da posição de competitividade” da economia portuguesa, considerando que “à União Europeia tem faltado lucidez, determinação e liderança para participar de corpo inteiro no processo de refundação” do seu modelo económico e social.

O presidente da COTEC Portugal defendeu ainda a necessidade de “uma autoridade política que possa delinear estratégias e que legitime uma intervenção criativa”, considerando que esta não pode ser “confundida” com as actuais juntas metropolitanas, “que se têm quase limitado a articular a produção de serviços básicos”.

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