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No trilho da auto-suficiência

Por a 22 de Dezembro de 2011 as 18:47

Na campanha 2011/2012, os olivicultores portugueses vão produzir entre 75.000 a 80.000 toneladas de azeite. Estamos muito perto da auto-suficiência na produção de azeite, sublinha, em entrevista ao Hipersuper, Mariana Matos, Secretária-Geral da Casa do Azeite. “Para satisfazer a procura interna e as exportações, o nosso país necessita anualmente de cerca de 125.000 toneladas. Deveremos atingir a auto-suficiência daqui a cinco ou seis anos”. O Alentejo e Trás-os-Montes serão as regiões mais abençoadas nesta campanha.

O consumo interno está próximo das 70 mil toneladas, estima a Casa do Azeite. Segundo a consultora Nielsen, entre Novembro de 2010 e o mesmo mês de 2011, a categoria de azeites em Portugal (hiper, supers e retalho tradicional) representou 42 milhões de litros (+3%). Os portugueses são fãs do azeite virgem-extra e preferem comprar o ouro líquido no supermercado.

O sector movimentou 120 milhões de euros no mesmo período. Apesar de o volume de negócios ter estagnado face ao período homólogo, a quota de mercado das marcas próprias caiu 2% no período em análise, enquanto a das marcas de fabricante subiu 2%. Os fabricantes de marca lideram a venda de azeite, com 59% de quota de mercado.

Os números da Nielsen confirmam que os retalhistas estão a vender mais azeite embora a preços mais baixos. Mariana Matos explica que o grande desafio do sector é corrigir o “problema de baixo preço do produto”. A produção mundial de azeite “cresce a um ritmo superior ao do consumo mundial que se deve, em parte, ao desequilíbrio entre oferta e procura”. É imperativo promover o consumo de azeite no Mundo, refere a secretária-geral da Casa do Azeite, para “atingir o equilíbrio que permita remunerar devidamente todos os agentes económicos ao longo da cadeia de valor”. O nível de preços à produção que se pratica actualmente coloca em causa a viabilidade de muitas explorações, sobretudo as mais tradicionais, remata a responsável da associação.

O Hipersuper falou com as duas maiores empresas do sector, a Gallo e a Oliveira da Serra, e ainda com a alentejana Herdade da Mingorra, e descobriu o que estão preparar para 2012.

Gallo
A marca que canta desde 1919 ambiciona entrar no TOP 3 das marcas mais vendidas do Mundo em 2013. A entrada em Julho deste ano nas duas maiores cidades chinesas – Pequim e Shangai – e o reforço da posição em Portugal, no Brasil, na Venezuela e em Angola, países onde a Gallo reclama liderança, constituem os pilares que vão sustentar o terceiro lugar do ranking mundial na venda de azeite daqui a dois anos. Apesar de estar a concentrar a energia naqueles cinco mercados, a Gallo está presente em 47 países e estuda o desembarque em novos destinos. “Actualmente, a Gallo representa ¼ do mercado português de azeite, que tem mantido um crescimento em volume na ordem dos 3 a 5%, tanto pela proximidade entre os preços do azeite e do óleo alimentar, como também pelo crescimento crescente que o consumidor tem sobre o azeite”, sublinha Sara Oliveira, directora-geral de Marketing da Gallo Worldwide (GWW).

A facturação do grupo deverá atingir este ano 120 milhões de euros.

Herdade da Mingorra
A exportação ocupa lugar de destaque no plano de crescimento da empresa de Henrique Uva. “É fundamental aumentar as exportações e conquistar novos mercados”, assegura Sofia Uva, acrescentando que Áustria, Suíça, Brasil e China, são os mercados com mais peso nas contas da empresa alentejana. Em Portugal, também é possível crescer enquanto “o preço a granel de azeite se mantiver”.

Mas, para continuar a crescer sustentadamente o sector de azeite “está dependente dos apoios ao investimento, à transformação e da manutenção das ajudas comunitárias em curso. Sem estes três pontos, será um grande desafio manter o sector do azeite com um crescimento estável”.

Oliveira da Serra
Com o novo lagar, o maior do País, a laborar em pleno até Dezembro, a Oliveira da Serra, estima produzir 30 mil toneladas de azeitona, cerca de 6.000 toneladas de azeite. “As nossas oliveiras são ainda muito jovens e não produzem ainda o seu máximo”, explica Duarte Roquette, Sub-Director de Marketing para Portugal. A marca está a registar a “melhor performance” no retalho. “Estamos a crescer 30% no retalho face ao período homólogo, o que garante a liderança total de mercado”.

Fora de portas, a estratégia inicialmente orientada para o mercado da saudade, os Países de Língua Oficial Portuguesa, alargou horizontes para os distantes mercados russo e chinês. “O reconhecimento que os nossos azeites têm tido em concursos internacionais tem sido um importante cartão de visita. O potencial de crescimento é enorme. A Rússia e a China podem despontar daqui a dois ou três anos. Ainda com um consumo global baixo, a China, por exemplo, consome cerca de 12 mil toneladas de azeite quando há quatro anos consumia apenas 3 mil”.

Este ano, a empresa reforçou a aposta na garrafa LEVE, em PET mas com design semelhante ao vidro e mais económica, com o lançamento de novas referências. “Os consumidores viram nestas embalagens a possibilidade de poder continuar a comprar o seu azeite, apesar da crise”.

 

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