Bebidas

Entrevista a Miguel Aballe, Presidente da Associação de Latas e Bebidas (ALB)

Por a 25 de Julho de 2011 as 10:06

“O ideal é que a lata cresça e faça crescer a indústria”

Segundo avança o research Estatística 4, a lata de bebidas é a embalagem que mais cresce no segmento das bebidas refrigerantes, tendo crescido 6,2% no primeiro trimestre de 2011 em relação ao período homólogo de 2010, representando em termos de volume mais de 16 milhões de litros neste trimestre. Fomos tentar saber junto do responsável pela associação quais as razões para este comportamento e o que é esperado para o futuro.

Comparando com a média europeia, Portugal ainda tem um grande potencial para fazer crescer o consumo per capita de bebidas em lata (60 por ano em Portugal contra 110 da média europeia). A indústria cervejeira é a que apresenta maior potencial de crescimento tendo em conta que a lata representa apenas 7% das vendas, muito abaixo dos 25% da média europeia. Na opinião de Miguel Aballe, presidente da Associação de Latas de Bebidas (ALB), “o ideal é que a lata cresça e faça crescer a indústria, sem prejuízo para outros formatos”.

Hipersuper (H): De acordo com os dados da Associação de Latas de Bebidas (ALB), a lata é a embalagem de bebidas refrigerantes que mais cresce em Portugal. A que se deve esta situação?
Miguel Aballe (M.A.): As campanhas promocionais levadas a cabo pelo mercado alimentar e a receptividade positiva por parte do consumidor ao descobrir este serviço são um indicador. Actualmente, o consumidor tem cada vez maior consciência das vantagens deste recipiente para as bebidas.

H: Esta realidade é semelhante na restante Europa ou Portugal é caso único?
M.A.: Por toda a Europa verifica-se um crescimento médio de 5%, sendo que em Portugal, no ano 2010, a taxa atinge quase o triplo em relação a outros mercados que, apesar da crise, também têm crescido na ordem dos dois dígitos.

H: Que benefícios têm as latas relativamente a outro tipo de embalagem?
M.A.: Em termos de logística é imbatível porque pesa menos, o transporte é mais fácil, é mais facilmente armazenada, conserva melhor a frescura das bebidas e refrigera mais rapidamente, e é mais reciclável.

H: O facto de a lata ser a embalagem que mais cresce em Portugal tem uma proporcionalidade posterior na reciclagem?
M.A.: Sem dúvida que com uma maior quantidade de matéria-prima disponível, são considerados outros factores económicos já que as latas usadas são o material de embalagem com um maior valor de mercado.

H: A lata é mais amiga do ambiente? Em que medida?
M.A.: Não nos podemos esquecer que a lata é 100% reciclável e num curto período de tempo pode voltar a ser lata, carro ou qualquer outro objecto de metal. Isto é, a lata volta a ser matéria-prima com a mesma qualidade que tinha quando foi extraída da mina pela primeira vez.

H: Que transformações houve ao nível dos hábitos de consumo para que a lata de bebidas registasse este crescimento?
M.A.: Actualmente, há uma maior consciência ecológica por parte dos consumidores e, por outro lado, uma maior oferta de bebidas em lata no mercado.

H: É mais fácil beber por uma lata? É mais higiénico? É mais barato?
M.A.: São igualmente higiénicas e tendo em conta que não podem ser fechadas diminui o risco de qualquer “fraude”. Por outro lado, são de “abertura fácil” o que simplifica muito o modo de utilização. Por não permitir descartar a tampa também é mais fácil recuperar todo o material durante a reciclagem.

H: A crise também influenciou esta situação? Em que medida?
M.A.: A crise é geral e a lata não pode escapar dela.

H: Por norma, os alimentos e bebidas têm uma maior durabilidade em lata. Esta é uma das razões para este crescimento da lata?
M.A.: Sim, é um factor que influencia. O facto de ficar perfeitamente vedada permite uma estanquicidade inigualável e a opacidade que não permite qualquer entrada de luz também contribui para conservar melhor o seu conteúdo.

H: A lata de bebida é mais consumida em que canal (Alimentar ou Horeca)? Qual a explicação para tal facto?
M.A.: Principalmente no canal Alimentar. No canal Horeca existem outras alternativas como é o caso das bebidas à pressão.

H: A proliferação de novas bebidas ou novos tipos de bebidas (água com sabores, novos sabores de cerveja, etc.) têm beneficiado a lata em detrimento de outro tipo de embalagem?
M.A.: Sim, sem dúvida que tem beneficiado, no entanto, apenas numa pequena proporção.

H: Com a lata a ganhar quota de mercado, quem perde: garrafa ou PET?
M.A.: Nos últimos anos, o crescimento das bebidas em lata tem-se registado no canal Alimentar, por isso, as embalagens PET estarão a perder quota.

H: Qual o maior consumidor de latas em Portugal?
M.A.: Sem dúvida que são os refrigerantes, embora a cerveja esteja também a crescer.

H: Com a divulgação destes dados, pensam que os fabricantes de bebidas e outros alimentos poderão cada vez mais optar pela lata em detrimento de outras embalagens?
M.A.: Sim. O ideal é que a lata cresça e faça crescer a indústria, sem prejuízo para outros formatos.

H: Isto quer dizer que existe potencial para crescer?
M.A.: Sim, há bastante espaço para crescer, pois Portugal ainda está abaixo da muropeia.

H: Além das bebidas, que outros mercados existem onde a lata poderá ter potencial de crescimento?
M.A.: Começou-se com o vinho branco porque se consome fresco. Mas também temos os mercados da água mineral com gás, dos combinados com álcool, dos sumos, do café com e sem leite, etc.

H: Que acções têm promovido e irá promover a ALB para o consumo da lata?
M.A.: Dar a conhecer as vantagens da embalagem, a sua segurança, reciclabilidade e, sobretudo, mostrar ao consumidor a comodidade de usar a lata tanto em refrigerantes como em cervejas.

 

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