Destaque Distribuição

Não alimentar penaliza performance da distribuição moderna em 2010

Por a 1 de Julho de 2011 as 18:29

Olhando para o Barómetro de Vendas 2010 da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) é fácil perceber quem é o culpado pelo crescimento fraco do sector da distribuição moderna em Portugal. Se, globalmente, o sector cresceu 0,8%, atingindo os 17,425 mil milhões de euros, contra os 17,280 mil milhões de ano anterior, isso deveu-se, fundamentalmente à performance do retalho alimentar em contraste com o não alimentar.

Na realidade, o retalho alimentar registou um crescimento de 2,8% no volume de vendas, incrementando os resultados para 12,164 mil milhões de euros. Mas também aqui registaram-se comportamentos distintos. Embora os Fast Moving Consumer Goods (FMCG) tivessem crescido (+0,9%), o grande impulso foi dado pelos Perecíveis que aumentaram vendas em 8,1%, levando Ana Isabel Trigo Morais, directora-geral da APED, a considerar que “se trata de um reflexo normal da aposta que as diversas cadeias de distribuição têm feito nos frescos”. De resto, a responsável pela APED admite que este esforço “não tem sido só feito pela distribuição, uma vez que os próprios produtores têm-se empenhado em melhorar os seus produtos e métodos, bem como a cadeia de distribuição que tem permitido aumentar os standards qualitativos dos perecíveis oferecidos aos consumidores”.

A “ovelha negra” da distribuição moderna, em 2010, foi, no entanto, o retalho alimentar que, globalmente, decresceu o volume de vendas em 3,5%, mas com diferentes comportamentos dentro do sector. Assim, é possível verificar que, dentro do retalho alimentar, embora existam áreas a registar crescimentos, caso dos Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) que aumentaram 0,4% – os restantes caíram em vendas. O caso mais flagrante é o do vestuário que decresceu 7,8% face a 2009, levando a uma perda superior a 170 milhões de euros, seguido pelo entretenimento e papelaria (-1,3%) e bens de equipamento (-0,4%).

Com o retalho alimentar a crescer, mas o preço médio a cair 0,8%, bem como os actos de compra (-4,2%), em contraposição ao gasto por acto de compra que sobe 1,7%, a directora-geral da APED crê que os números referentes aos primeiros meses de 2011 acentuem uma alteração.

Dentro do retalho alimentar, o canal mais beneficiado (e único) foram os supermercados que subiram 2,2 p.p., passando a deter uma quota de 45,7% (contra os 43,5% de 2009), verificando-se que todos os outros registam quebras).

Também nas categorias de produtos são mais as descidas que as subidas, cabendo somente aos Frescos e Mercearia a curva ascendente, enquanto as bebidas, charcutaria, congelados, lácteos e DPH caem todos.

Na “eterna” guerra entre Marcas de Distribuição (MdD) e Marcas de Fabricante (MdF), a balança, embora continue a pender para o lado das MdF, são as MdD que crescem (+1,7 p.p.), atingindo os 34,2% de quota de mercado contra os 65,8% (-1,7 p.p.) das suas concorrentes.

Também aqui Ana Isabel Trigo Morais acredita que exista espaço para as marcas dos operadores da distribuição continuem a sua rota ascendente, destacando como factor principal para esta curva “a qualidade que as MdD já demonstram e a fidelização que conseguem junto do consumidor”. A responsável da associação salienta mesmo que “quem, por norma, experimenta MdD, mantém a sua compra de MdD, porque vê vantagens na relação preço/qualidade”

No caso do retalho alimentar, embora só os MNSRM cresçam na globalidade, há categorias de produtos que registam performances positivas (electrónica de consumo +3,3%, pequenos electrodomésticos +12,3% e linha branco +10%, muito impulsionada, novamente, pelas MdD). Aqui os grandes perdedores são mesmo a informática (-11,8%) e as telecomunicações (-11,4%), bem como a papelaria (+8%) e o já referido vestuário.

Em termos de emprego, os dados disponibilizados hoje (Sexta-feira] pela APED em conferência de imprensa, dão conta de um aumento de 5.017 novos postos de trabalho líquidos, totalizando, assim, no final de 2010, 92.890 colaboradores a laborar na distribuição moderna em Portugal.

Finalmente, o número de novas lojas registou um ligeiro abrandamento, depois de uma evolução significativa nos últimos anos. Assim, foram abertas um total de 70 novas lojas (30 no alimentar e 40 no não alimentar), sendo que no alimentar estas aberturas significam um acréscimo de 29.323 m2, enquanto no não alimentar aumentou-se em a área de venda, totalizando, assim, 86.599 m2.

 

 

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