20% do peixe consumido em Portugal é bacalhau

Entrevista a Rui Conceição, responsável de marketing da Riberalves

Com o crescimento do preço da pescada, robalo, carapau e sardinha, o consumidor está a comprar mais bacalhau. A Riberalves prevê vender mais 20% este ano

Hipersuper (H.): A categoria de pescado congelado embalado cresceu 7% entre Abril de 2010 e o mesmo mês de 2011, segundo a Nielsen. Que balanço faz do segmento de bacalhau congelado no último ano? Acompanhou o crescimento da categoria?

Rui Conceição (R.C.): Os nossos dados internos para o Bacalhau Demolhado Ultracongelado embalado, relativos a vendas, superam o crescimento apresentado pela Nielsen. Como ocupamos a posição de liderança de mercado no segmento embalado na Marca Riberalves (marca de fabricante), constamos cada vez mais a preferência do consumidor pela nossa marca na hora de comprar Bacalhau Demolhado Ultracongelado. É um claro sinal de confiança no produto e uma prova de que estamos no bom caminho.

H.: O bacalhau representa 24% da categoria de pescado congelado no canal alimentar (hiper+super/lidl+tradicionais). Qual é a vossa estratégia para pôr os portugueses a comer mais bacalhau durante todo o ano?

R.C.: O bacalhau, só por si, tende a conquistar mercado a outros peixes. Se não, vejamos. Temos a nosso favor o facto de o bacalhau não ser proveniente de aquicultura (sinónimo para o consumidor de alimentação menos natural). Além disso, o aumento de preço a nível global da pescada (maior consumo em Portugal per capita), assim como dourada, robalo, carapau, sardinha, entre outros, e tendo o bacalhau aumentado de preço mas não ao nível destes outros peixes, funciona como alavanca de crescimento, existindo transferência de consumo para o bacalhau, seja salgado seco ou demolhado ultracongelado.

H: E para combater a sazonalidade?

R.C.: A sazonalidade levanta uma falsa questão, pois se cada português consume por ano cerca de 30kg de peixe, e destes 6 kg são bacalhau, representa 20 % do consumo. É um claro sinal de que aos poucos a sazonalidade vai desaparecendo, sendo durante o ano mais regular o seu consumo.

H: 65% das vendas de peixe congelado é feita nos supermercados. Que acções têm feito neste canal de proximidade?

R.C.: As acções realizadas pela Riberalves nos supermercados consistem na assistência ao consumidor no ponto de venda com recurso a promotoras e realização de acções de preço em folheto, com o objectivo de captar novos consumidores e premiar os actuais com produto mais barato.

H: As marcas próprias detém 47% da categoria de pescado congelado embalado e a quota de mercado está a crescer a um ritmo superior às marcas de fabricantes (+9% vs +6%). O que têm feito para inverter a tendência de crescimento das marcas próprias?

R.C.: Não estamos obcecados com as marcas próprias, nem com os seus crescimentos de quota de mercado. Acreditamos que cada produto tem o seu espaço, apesar de ser o nosso maior concorrente no ponto de venda pelo factor preço, pois quem detém a prateleira estabelece que as diferenças de preço sejam factor de decisão em muitos casos.

No entanto, se há uns anos as quotas de mercado estavam mais divididas entre marcas de fabricante e marca própria nos dias de hoje a marca própria é líder e a primeira marca de fabricante é a Riberalves entre as que se encontram presentes nos lineares dos nossos supermercados.

H: A categoria de pescado congelado avulso subiu 2% em valor. A venda de bacalhau avulso é uma tendência?

R.C.: A tendência crescente de consumo de Bacalhau em Portugal vai continuar a ser o Demolhado Ultracongelado, quer seja no consumo do lar, hotelaria colectiva, Horeca, entre outros.

H: Quais as expectativas de vendas para este ano?

R.C.: Este ano o nosso objectivo é crescer 20% em volume. Nos primeiros 5 meses estamos acima dos nossos objectivos. O segredo não podemos revelar, pois é a alma do negócio. Mas podemos comentar que a motivação, a ambição e o querer, estão presentes no dia-a-dia da nossa organização.