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Lucros da Unicer aumentam 50%, mas Pires de Lima antevê um ano “muito difícil”

Por a 2 de Março de 2011 as 15:11

A Unicer obteve no final do exercício de 2010 lucros de 30 milhões de euros, representando um aumento de 50% face aos 20 milhões do ano anterior, considerando António Pires de Lima, CEO da companhia, que “num ano de dificuldades, estamos orgulhosos por uma empresa portuguesa poder apresentar este tipo de resultados”.

De resto, o facto da Unicer ser uma empresa portuguesa foi várias vezes destacado durante a conferência de imprensa de hoje [Quarta-feira], fazendo Pires de Lima diversas vezes referência à “transparência” da apresentação dos resultados da Unicer, “enquanto noutros casos as contas reais nunca são apresentadas, mas sim ‘depositadas’ nas conservatórias”.

As vendas líquidas da empresa com sede em Leça do Balio atingiram, por sua vez, os 500 milhões de euros, representando uma subida de 3% face ao ano 2009, admitindo os responsáveis que a ambição para o final da década passa por atingir uma facturação de mil milhões de euros.

Com o grosso das receitas a terem o negócio da cerveja como origem, tendo este sector evoluído 8%, com as vendas líquidas de cerveja a atingir 385 milhões de euros (contra os 355 milhões de há um ano), António Pires de Lima adiantou que estes resultados têm por base os mercados externos e não interno, uma vez que “2010 foi um ano de muitas dificuldades ao nível do consumo em Portugal”.

Já anteriormente Rui Lopes Freire, CFO da companhia, destacara a rentabilidade operacional (EBIT) obtida pela Unicer (65 milhões de euros, +25%), admitindo que “estes resultados só foram possíveis por termos efectuado o trabalho de casa quando o deveríamos ter feito”.

Privilegiando os negócios “onde temos marcas fortes”, Pires de Lima admitiu ainda que resultados poderiam ter sido “ainda mais históricos”, uma vez que foram afectados pela actividade do turismo, com o investimento na abertura do Vidago Palace Hotel, para o qual a companhia destinou 70 milhões de euros.

Voltando aos negócios principais da Unicer – cerveja e águas com gás – o CEO da companhia referiu que o mercado nacional nestas duas categorias caiu, em 2010, 3% em ambos os casos, não sendo a Unicer uma excepção nesta conjuntura, evidenciada, de resto, pela redução de 10% registada no consumo fora do lar. “O mercado português está a viver uma situação difícil desde Outubro de 2010, a partir do momento em que se intensificou o discurso de austeridade”, disse Pires de Lima.

O CEO da Unicer acredita mesmo que 2011 deverá ter um cenário de consumo “muito difícil” com as previsões traçadas a serem “muito más”.

Por área de negócio, a Unicer lidera o mercado nacional de cervejas com uma quota de 49% (dados Nielsen = INA+INCIM+Lidl – valor), tendo vendido, globalmente, mais de 430 milhões de litros de cerveja. Os dados apresentados pela empresa revelam que a marca Super Bock vendeu mais de 300 milhões de litros, detendo uma quota de mercado de 43,4%, destacando Pires de Lima os benefícios que a marca tem obtido da sua associação à música e futebol.

Já nas águas, os responsáveis da Unicer diferenciaram o comportamento das águas com gás e sem gás, dado que no segundo caso o mercado está a ser fortemente dominado pelas Marcas da Distribuição (MDD), cuja quota, em volume, deverá rondar, segundo dados adiantados pela empresa, os 65%.

Situação diferente viveu a empresa, no entanto, com as águas com gás, onde Pedras é líder de mercado com 46% de quota (dados Nielsen = INA+INCIM+Lidl – valor), o equivalente a 35 milhões de litros vendidos em 2010.

Relegados para segundo plano ficaram negócios como os refrigerantes e vinhos (o negócio dos cafés já fora alienado) admitindo Pires de Lima que a empresa “não está a pensar desfazer-se destes negócios, até porque são complementares ao negócio das cervejas e águas com gás, criando sinergias”.

Classificando as expectativas quanto à conjuntura económica nacional de “nada positivas”, também a situação dos preços das matérias-primas foram alvo de uma revisão. Se recentemente Pires de Lima tinha admitido ao Jornal de Negócios que “cobrir o aumento de custos, aquilo que seria necessário era um aumento de 6% nos preços”, o CEO da Unicer considera que terão de ser feitos “ajustamentos de 2 a 3% no próximo trimestre. A nossa política tem passado por aumentos graduais nos preços e antevejo que no próximo trimestre a situação terá de ser revista. Em quanto não sei, até porque a situação em África é uma incógnita e o preço do petróleo reflecte-se em tudo”, concluindo que estamos preparados para o pior cenário”.

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