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Cautelas alemãs em relação a Portugal

Por a 10 de Fevereiro de 2011 as 10:52

Um recente estudo efectuado pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã (CCILA), conclui que, “embora satisfeitas com a sua situação de negócios actual”, as empresas alemãs em Portugal mostram-se “mais cautelosas em relação à evolução a médio prazo”.

Numa escala de 1 a 6 (1 = muito positivo / 6 = muito negativo), o estudo “Empresas Alemãs em Portugal – Clima empresarial e factores de sucesso”, coloca entre os pontos mais negativos a eficácia da administração pública, com 4,74 valores, seguida das condições e da ética de pagamento das empresas (4,55 valores) e o direito laboral (4,37 valores). Um facto relevante é que a estabilidade política, um dos aspectos que em estudos anteriores realizados pela CCILA recebeu sempre classificações muito positivas, mereceu nesta edição apenas 3,23 valores.

De uma forma geral, as empresas alemãs em Portugal mostram-se satisfeitas com a sua presença no País: mais de 96% consideram a sua situação comercial actual “boa” (42%) ou “satisfatória” (54%). Apenas 4% afirmam estar insatisfeitas. Também quando são questionadas sobre a evolução futura, 41% das empresas mantêm o optimismo e acreditam numa melhoria da situação de negócios já no corrente ano de 2011.

O caso muda, contudo, ligeiramente de figura quando se avalia a opinião das empresas a médio prazo (2012 a 2014), denotando-se uma maior reserva, com apenas 35% das empresas a esperarem uma melhoria, enquanto 39% prevêem que a situação se mantenha sem alterações e 10% acredita que a evolução será negativa.

As empresas que acreditam num agravamento, baseiam a sua opinião, diz o estudo, “numa situação económica nacional regressiva ou nos aumentos dos custos das matérias-primas e das despesas de funcionamento”. As previsões mais negativas provêm do sector de prestação de serviços, no qual 25% das empresas acredita que a sua situação irá “agravar-se a médio prazo”, enquanto o sector da indústria, no qual a presença alemã é mais acentuada, é o mais optimista, com apenas 3% das empresas a esperar um agravamento da sua situação.

No que diz respeito às exportações, agora tão faladas, 40% das empresas do sector industrial contam aumentá-las a curto prazo e 28% a médio prazo. Apenas uma minoria de 5% antecipa uma redução das exportações a curto prazo e 7%, a médio prazo. Já as empresas prestadoras de serviços e do sector comércio são muito menos optimistas: “no primeiro grupo, apenas um sexto acredita num aumento das exportações (25% a médio prazo), e no segundo grupo, apenas um terço espera melhorias neste âmbito, seja a curto ou a médio prazo”.

A satisfação genérica das empresas alemãs em relação à localização Portugal parece também alastrar-se às perspectivas de investimento: apenas 11% prevê uma diminuição dos investimentos a curto prazo, 60% não considera qualquer alteração e 27% conta aumentar os investimentos em 2011. No médio prazo, só 9% das empresas tem planos para diminuir o investimento. A indústria destaca-se dos outros sectores de actividade, pois pretende aumentar tanto a curto como a médio prazo os seus investimentos em valores relativos superiores aos outros sectores.

Quanto ao tema da contratação de novos colaboradores, a tendência geral é positiva, pois apenas 14% das empresas contam reduzir o pessoal em 2011 e 17 pensam fazê-lo entre 2012 e 2014. Para o actual exercício, 27% esperam contratar novos colaboradores enquanto para o biénio seguinte, esse valor desce para 25%.

A indústria é, mais uma vez, a mais optimista, com um número de empresas que esperam novas contratações (28%) claramente acima do número que espera reduções (12%), no comércio e na prestação de serviços esta situação inverte-se. Já nas previsões a médio prazo, é no comércio que é esperado um maior número de contratações, enquanto a indústria e os prestadores de serviço esperam manter o número de colaboradores constantes.

O estudo “Empresas Alemãs em Portugal – Clima empresarial e factores de sucesso” é realizado a cada dois anos pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã junto das cerca de 300 empresas alemãs, ou com capital maioritariamente alemão, que estão a operar em Portugal. Os presentes dados referem-se ao inquérito levado a cabo em 2010.

O estudo anterior tinha sido realizado em 2008, antes do eclodir da crise financeira que marcou o final desse ano. Os resultados desse estudo apontavam para um grau de satisfação das empresas alemãs em Portugal na ordem dos 86 porcento.

De referir ainda que das empresas participantes no estudo, cerca de 60% pertencem ao sector industrial, 24 % ao comercial e 16% ao sector de serviços. Os número do estudo da CCILA indicam ainda que a forte presença da indústria alemã em Portugal reflecte-se também no volume das exportações, pois 65% das empresas industriais destinam mais de 55% da sua produção à exportação, valores que são significativamente menores no comércio e na prestação de serviços.

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