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CIP, Centromarca e FIPA dizem-se prontas para avançar para Comissão independente

Por a 12 de Outubro de 2010 as 17:13

Numa conferência de imprensa conjunta, António Saraiva (CIP), João Paulo Girbal (Centromarca) e Jorge Henriques (FIPA), deram como exemplo o modelo britânico, onde o controlo está no Parlamento. O presidente da FIPA admitiu mesmo que “não há futuro para a indústria nem para a distribuição e consumidores se todos os riscos passarem para o lado da indústria e se todos os custos resultantes da actividade produtiva passarem forem assumidos por que produz”, destacando a importância de uma entidade independente para resolução e controlo de todas estas questões.

Já António Saraiva avançou com a existência de reuniões marcadas com o Ministério da Economia para dar início a esta Comissão, deixando a certeza de que “não são as jogadas bonitas que decidem os jogos, são os golos. Por isso, mais do que jogar bonito, há que marcar golos”.

João Paulo Girbal, por sua vez, colocou a tónica no caminho que ainda há a percorrer, chamando, contudo, à atenção para a importância do relatório da Autoridade da Concorrência (AdC) divulgado há dias e para as conclusões do mesmo e que “já eram reivindicadas há muito pela produção”. Na opinião do presidente da Centromarca, “nada ainda foi conseguido. Foram encontrados caminhos e esses ainda terão de ser percorridos por todos”.

O responsável pela associação que representa as marcas chamou ainda à atenção para as principais contestações: concentração, os “porteiros” de acesso ao mercado, as relações comerciais entre produtores e distribuidores e efeitos das marcas das distribuição (MDD) que, nalgumas categorias, detém já 40% do volume de vendas.

Este desequilíbrio, reconhecido, aliás, pelo presidente da AdC, Manuel Sebastião, na Assembleia da República, reflecte-se, segundo os responsáveis pelas três entidades que representam a produção, na imposição unilateral de condições, descontos e outras contrapartidas, penalizações e prazos de pagamentos, colocando, assim, em causa a competitividade das empresas fabricantes.

António Saraiva deixou em cima da mesa quatro temas que merecem a atenção da produção: “qualidade, preço, inovação e coesão social”. Quanto à qualidade, o presidente da CIP admitiu que as MDD “cumprem os mínimos”, mas ficou perplexo ao verificar que até os alhos que compra na distribuição moderna “são importados da China”. No que diz respeito ao preço, as MDD são “ligeiramente mais baratas”, admitindo, contudo, que “o que é barato sai caro”, numa clara alusão a que, no final, as MDD são mais caras do que as marcas de fabricante (MDF).

Já em relação à inovação, Jorge Henriques salientou a importância da indústria agro-alimentar e produtiva para a apresentação e lançamento no mercado de produtos inovadores de alta qualidade.

Finalmente, a “guerra” entre MDD e MDF foi ainda abordada pelo presidente da Centromarca com os seguintes dados: “a lista dos dez maiores importadores de 2009, o 5.º e 6.º lugares eram ocupados por dois grupos distribuidores”, salientando que “a maior parte dos produtos já são importados com as etiquetas em português”, concluindo que “a questão de onde são produzidos esses produtos é importante”, deixando o desafio ao consumidor para tentar encontrar na embalagem a origem do produto.

E terminou com os seguintes números: “o relatório refere que, em média, 29% do que é vendido na distribuição moderna é de marca própria do distribuidor e que, nalguns casos, poderá ir aos 40%. Desses produtos todos, apenas 2% são produzidos por essas empresas. 98% desses produtos são importados  ou feitos em Portugal, não se sabendo, no entanto, por quem”.

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