Ponto de Venda Tecnologia

Técnico reduz custo do RFID

Por a 5 de Julho de 2010 as 13:14

O Instituto Superior Técnico criou um sistema de detecção de objectos baseada em RFID para aplicar em prateleiras ou tapetes rolantes. A solução é produzida com tecnologia de baixo custo e em ambiente não especializado.

É uma inovação a nível mundial e saiu do meio académico português através do repto de uma empresa nacional.

A CreativeSystems, pioneira na aplicação da tecnologia RFID (Identificação por Rádio Frequência) no nosso País, desafiou o Instituto Superior Técnico a desenvolver uma solução de baixo custo para identificar e localizar artigos de forma automática, baseada em RFID.

Com a ajuda do Instituto de Telecomunicações, braço de investigação do Técnico na área das telecomunicações, alunos de mestrado, docentes e técnicos criaram o projecto “Prateleiras e Tapetes Rolantes Inteligentes”.

“O RFID já é muito utilizado em todo o Mundo. É a forma como implementámos a tecnologia que é inovadora”, explicou ao Hipersuper Carlos Cardoso Fernandes, coordenador das áreas PhD e Wireless Comm.Sci do Técnico. “O desafio deste projecto foi confinar a detecção dos objectos a volumes limitados, neste caso a uma prateleira, tapete rolante ou um ponto de leitura”.

O sistema permite não só identificar o objecto como indica de forma inequívoca e em tempo real onde este se encontra. “A localização é a grande mais-valia deste projecto porque a grande maioria dos sistemas que utilizam RFID estão confinados à identificação dos produtos. É habitual fazer este tipo de identificação em áreas de grande dimensão, como armazéns. Sabemos que o produto se encontra em determinada sala mas não sabemos onde. Este sistema permite conhecer a localização exacta do artigo”.

Quando um produto é retirado ou colocado na prateleira o sistema assume a alteração em tempo real actualizando o inventário.

O baixo custo é um dos principais atractivos deste sistema de leitura à distância. “As tags [etiquetas electrónicas que substituem os tradicionais códigos de barras] que utilizamos são passivas (funcionam na banda UHF), ou seja não necessitam de bateria ou pilhas. São, por isso, mais económicas. Incorporam um pequeno circuito electrónico e uma antena que podem ser impressos em papel e permitem uma grande redução de custos. O preço depende da quantidade adquirida mas cada etiqueta electrónica pode custar na ordem da dezena de cêntimos”.

Leitura 360º

Além da tag, o sistema funciona com um dispositivo de leitura que é embutido na prateleira ou no tapete rolante. Esta é mais uma vantagem em relação às soluções tradicionais de RFID porque “o leitor é dissimulado no interior do escaparate ou da esteira. Em ambiente de loja este factor é muito importante porque as antenas convencionais são grandes e inestéticas”. No caso do tapete rolante, que se encontra por exemplo junto aos terminais de pagamento nos supermercados, a incorporação da antena na esteira é um processo inédito a nível mundial. “A solução desenvolvida dispensa a instalação de um pórtico por cima do tapete rolante (solução que existe actualmente) que é intrusivo em ambiente de loja. A sua configuração especial gera uma zona de leitura auto-confinada à região de interesse, sem leituras indesejadas de artigos colocados em zonas adjacentes”.

Isto quer dizer que, além de dispensar operador de caixa porque os artigos não precisam de ser registados um a um, os produtos não têm de estar visíveis para serem lidos.  “A leitura de todos os produtos que se encontram numa cesta de compra é feita de forma imediata enquanto os artigos deslizam pelo dispositivo embebido”, exemplifica o professor.

A solução pode ser aplicada no mobiliário e equipamento já existente na loja e tem a vantagem de poder ser fabricada em ambiente não especializado e com materiais comuns, como uma prateleira.

Identificação remota

Como é que a antena comunica com as etiquetas electrónicas? “O leitor embutido está constantemente à procura de tags, via rádio. Quando as etiquetas recebem informação da antena acordam e utilizam essa energia para activar o seu próprio circuito e devolver a informação ao leitor”.

A vantagem da tag em relação ao código de barras é que a etiqueta electrónica permite ter mais informação associada a cada objecto e fazer a gestão do conteúdo de forma automática e remota.

“A nossa solução distingue-se porque é mais eficaz no confinamento da detecção, a sua implementação é muito mais barata e pode ser produzida com tecnologia de baixo custo e de fácil acesso”, resume Carlos Cardoso Fernandes.

Além dos supermercados, a solução é indicada para livrarias, farmácias e lojas de roupa, entre outras áreas de actividade.

Após o estudo e viabilização técnica, a cargo da equipa do professor do Técnico, a solução já patenteada está em fase pré-comercial. A CreativeSystems e a Vicaima estão a criar uma linha de montagem para este tipo de prateleira. “Isto é um protótipo de laboratório que têm de ser adaptado às linhas de produção”, mas o objectivo é comercializar a solução em Portugal e no estrangeiro. “Reportamos o trabalho aos nosso pares mundiais e os especialistas desta área afirmam nunca ter visto nada igual”.

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