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“Retoma ganha algum fôlego, mas continua frágil”, diz Bruxelas

Por a 26 de Fevereiro de 2010 as 9:28

“A economia da União Europeia tem vindo a recuperar gradualmente, mas enfrenta ainda ventos contrários”. Esta é a principal conclusão do comunicado emitido ontem pela Comissão Europeia (CE).

De acordo com o documento, o PIB real recomeçou a crescer no terceiro trimestre de 2009, pondo fim à recessão mais prolongada e mais profunda da história da UE. Para esta inversão foram fundamentais as medidas excepcionais de combate à crise tomadas na União”.

Os dados mostram, contudo, que o crescimento abrandou todavia no quarto trimestre, conforme apontavam as previsões do Outono de 2009, com o esbatimento do impacto de certos factores transitórios. Segundo as últimas previsões, as perspectivas da economia europeia não se alteraram no fundamental. O PIB deverá crescer 0,7% em 2010, na UE e na área do euro. As projecções para a inflação são sensivelmente idênticas, situando-a em 1,4% e 1,1% na UE e na área do euro, respectivamente. A incerteza quanto a estas projecções continua todavia bem presente, como ilustra a evolução recente dos mercados financeiros.

Segundo afirmou Olli Rehn, o comissário responsável pelos assuntos económicos e monetários, “a retoma da economia da UE está a concretizar-se, mas é ainda frágil. Repor a economia europeia na senda de um crescimento forte e sustentável deverá ser o nosso primeiro objectivo. Para o conseguirmos, temos de atacar em duas frentes: a retoma económica e a consolidação das finanças públicas. A nova estratégia “Europa 2020”, apontada para a modernização das nossas economias, deve acompanhar-se da consolidação das finanças públicas, base necessária para o crescimento sustentável e a criação de emprego”.

As previsões da comissão revêem “ligeiramente em alta” as projecções de crescimento para o primeiro semestre do corrente ano, na UE e na área do euro. A ligeira revisão em baixa para o segundo semestre leva, contudo, a que a taxa projectada de crescimento do PIB em 2010 se mantenha sensivelmente idêntica, ou seja, 0,7% em ambas as zonas. Esta taxa é calculada a partir das projecções actualizadas para a França, a Alemanha, a Itália, os Países Baixos, a Polónia, a Espanha e o Reino Unido, países que representam no seu conjunto 80% do PIB da União.

“A actividade económica global no segundo semestre de 2009 revelou-se mais pujante do que se esperava, especialmente nos países emergentes da Ásia”, salienta a comissão. “O PIB real (UE excluída) escapou a uma verdadeira quebra no ano passado, prevendo-se agora que cresça por volta de 4,25% em 2010. Os indicadores ao nível mundial são animadores no curto prazo, reflexo, em parte, do ciclo das existências da indústria transformadora”.

A mais longo prazo, “o crescimento mundial atravessará um período de fraco dinamismo, devido ao esbatimento dos efeitos das medidas de estímulo e ao ciclo das existências. A disparidade entre países continua acentuada, com um relançamento marcadamente mais sólido das economias emergentes em resultado da retoma do afluxo de capitais e do apetite dos investidores pelo risco”. Mas, embora exteriormente à UE a economia esteja a recuperar mais rapidamente do que se esperava, não é claro em que medida essa retoma irá ajudar a economia europeia este ano.

Os indicadores de expectativa estão a melhorar na UE, apontando para a expansão da actividade económica. Todavia, os dados objectivos recentes, especialmente os da produção industrial e das vendas do sector retalhista, são menos animadores. Embora o clima externo, melhor que esperado, possa impulsionar as exportações, o investimento continua fraco, reflexo de taxas de utilização da capacidade excepcionalmente baixas.

O forte processo de desinflação observado em grande parte de 2009 explica-se fundamentalmente pelos efeitos desinflacionistas dos preços da energia e dos produtos alimentares e pela crescente proporção de capacidade produtiva não utilizada. A inflação, medida pelo índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC), subiu ligeiramente nos últimos meses de 2009, mantendo-se a uma taxa anual muito moderada (1,0% na UE e 0,3% na área do euro), conforme se previa no Outono.

Nos tempos mais próximos, a baixa taxa de utilização da capacidade deverá conter a inflação, contrabalançando a subida dos preços da energia e das matérias-primas. Com as projecções do IHPC a apontarem para uma ligeira aceleração da inflação na UE (1,4%) e para a manutenção do ritmo de subida dos preços na área do euro (1,1%), é de prever que os preços se mantenham estáveis.

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