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Comércio de rua aparece como alternativa aos centros comerciais

Por a 21 de Janeiro de 2010 as 15:04

De acordo com o mais recente “Inquérito aos Retalhistas 2009”, realizado pela consultora imobiliário Cushman&Wakefield, é notória a saturação do mercado de centro comerciais em Portugal, sendo esta realidade evidente para 80% dos participantes na consulta efectuada, em 2009.

Por isso, uma das conclusões principais encontradas pela consultora, é que são cada vez mais as marcas que preferem apostar no comércio de rua, escolhendo para tal, as principais avenidas e ruas dos centros urbanos mais importantes no nosso País. Esta aposta levanta, contudo, um problema às marcas: a falta de espaços condizente à sua estratégia e a pouca diversidade de espaços para instalação da loja. Apesar disso, os responsáveis da Cushman&Wakefield (C&W) admitem que “o comércio de rua é visto como uma nova oportunidade de expansão e alternativa aos centros comerciais”.

O inquérito, que teve por base uma amostra não aleatória de 400 retalhistas nacionais e internacionais, obtendo uma taxa de resposta de 22%, demonstra, também, que a expansão geográfica dos retalhistas inquiridos vai além fronteiras, com apenas 31% das insígnias a desenvolverem a sua actividade unicamente em Portugal. Tendo em conta que 52% do painel de participantes é de origem nacional, isto significa que perto de 20% das marcas portuguesas participantes já iniciaram o seu processo de expansão internacional.

Em relação à preferência dos retalhista à gestão da loja, essa vai claramente para o controlo directo, ou seja, lojas próprias (70%), contra os 30% do sistema franchising.

Com perto de 40% dos inquiridos a possuírem mais de 30 lojas, não deixa de ser curioso verificar que, em 2009, a percentagem de lojistas que considerou Portugal o mercado mais rentável para operar, cresceu 10%, o que pode ser influenciado pelo facto de se verificar uma maior participação de marcas de origem nacional. De resto, segundo Sílvia Vicente, Research&Consultancy da Cushman&Wakefield, “a evolução registada ao nível das vendas é uma das variáveis chave para a rentabilidade dos retalhistas, e uma das mais vulneráveis aos períodos de crise económica. Assim, os retalhistas são dos primeiros a sentir os efeitos da crise económica por via da quebra nas vendas”.

Os dados do INE (Instituto Nacional de Estatística) revelam que Junho de 2008 marcou o início de um forte abrandamento no que diz respeito às vendas, e em Fevereiro de 2009 o Índice Mensal do Volume de Negócios no Comércio a Retalho entrou em terreno negativo, apresentando até ao passado mês de Junho um volume de negócios inferior ao registado em 2005, ano que lhe serve de base.

Este abrandamento da actividade do comércio tem sido impulsionado pela forte quebra sentida ao nível das vendas de produtos não alimentares, que registam volumes de negócio abaixo de 2005 desde Abril de 2008 (com excepção de Agosto de 2008). Em termos comparativos a evolução do comércio a retalho de produtos alimentares, bebidas e tabaco tem sido mais positiva, já que apesar da trajectória descendente, apenas em Dezembro de 2008 foi registado um valor abaixo da base.

As expectativas dos retalhista para 2008 eram, aliás, bastante desanimadoras, com mais de 40% a projectar um crescimento negativo das vendas, indicando a consultora que, pelas respostas obtidas em 2009, e apesar de difícil, o cenário em 2008 “foi menos penalizador do que o previsto, com 29% dos retalhistas a reportarem evoluções negativas das vendas”.

Em termos gerais, “os retalhistas reportam para 2009 uma evolução dos níveis de vendas em linha com a registada em 2008, tendo em conta as suas expectativas para 2009”, referem os responsáveis da C&W, adiantando que “a crise continuou a afectar os níveis de confiança dos retalhistas, já que 34% estimava um crescimento negativo das vendas em 2009. Estes valores são os que melhor retratam a mudança drástica do panorama do retalho nacional, já que em 2007 apenas 3% dos retalhistas indicavam um crescimento negativo”.

Quanto a possíveis estratégias de expansão a médio/longo prazo mantêm-se em linha com os resultados obtidos em 2008, embora a grande maioria das marcas continue a apostar no crescimento, mais de 30% pretende manter ou mesmo reduzir a sua rede de lojas. “Desde a primeira edição deste inquérito, os retalhistas têm vindo a revelar-se cada vez mais conservadores no que diz respeito aos seus planos de expansão, com uma queda para cerca de 70% na percentagem de retalhistas que pretendem aumentar a sua rede de lojas, valor bastante aquém dos 90% registados em 2005. Por outro lado, se nas duas primeiras edições nenhum retalhista apontava a estratégia de redução como opção, este ano cerca de 10% considera reduzir algumas lojas da sua cadeia”, conclui o inquérito.

No que diz respeito ao canal preferencial de expansão, os centros comerciais mantém a liderança (50%), realçando-se, no entanto, a crescente preferência por parte dos retalhista para as opções de rua (36%).

Portugal (39%) e Espanha (26%) mantém-se, de resto, como os mercados preferências para o investimento, seguidos da Europa Central (10%) e Brasil (9%). Destaque para o aparecimento, pela primeira vez, de Angola neste ranking, aparecendo com 4%, à frente da Grécia (1%), equiparando-se ao Reino Unido.

Quanto à classificação dos melhores centros comerciais, a liderança pertence claramente à Sonae Sierra, com o Centro Colombo, NorteShopping e Centro Vasco da Gama a reunirem cerca de 80% dos votos, aparecendo a alguma distância CascaiShopping, Oeiras Parque, Amoreiras Shopping Center, Almada Forum, AlgarveShopping, Dolce Vita Tejo, Freeport Alcochete, Forum Algarve, Forum Montijo e Mar Shopping.

De referir ainda a entrada em vigor do Decreto-Lei nº 21/2009 de 19 de Janeiro, que estabeleceu o novo regime jurídico de instalação e modificação dos estabelecimentos de comércio a retalho e dos conjuntos comerciais, resultando da revisão da Lei nº 12/2004 de 30 de Março, tendo como principal objectivo colmatar as dificuldades encontradas durante a sua aplicação. Para a maioria dos inquiridos pela C&W, as alterações introduzidas por esta nova lei contribuíram para uma “optimização do processo, destacando a menor burocracia, maior flexibilidade e eliminação das fases de candidatura como as principais melhorias”. Ainda assim, existem algumas vozes discordantes que continuam a classificar o processo “como moroso e burocrático, afirmando existirem ainda algumas lacunas”.

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