Não Alimentar

Empresário português recomenda investimentos no mercado russo

Por a 25 de Novembro de 2009 as 2:00

russia.jpg*LUSA

O empresário português Paulo Duarte, um dos proprietários da empresa russa Euro Catering, recomenda o investimento no mercado russo, considerando que as dificuldades não são maiores do que as que existem em Portugal.

“As dificuldades que enfrentei ao montar o negócio não foram muitas, porque, antes disso, eu trabalhei na Rússia para a Catermar e fiz contratos com clientes que já conhecíamos. Não posso dizer que tenha sido muito difícil”, declarou Paulo Duarte à Lusa.

O empresário luso, que dirige a empresa que fornece serviços de catering a empresas internacionais como a Procter & Gamble, Polar Lights e a Severalmaz – do Grupo Alrosa, que é a maior empresa russa de extracção de diamantes e segunda a nível mundial – reconhece a existência de “burocracia” e de “mudanças frequentes das normas, nomeadamente no campo da contabilidade”, mas acrescenta que a empresa está “completamente adoptada”.

Paulo Duarte admite que há corrupção na Rússia, mas diz que “em Portugal não há menos”. O pagamento de uma comissão ao intermediário russo (uma prática conhecida por otkat) “é quase obrigatório”, diz o empresário, mas a empresa não tem negócios em Moscovo. “Nem queremos ter”, garante, garantindo que a sua empresa “trabalha com empresas respeitáveis”.

Mais do que a corrupção, o empresário português está preocupado com a dificuldade na obtenção de visto de trabalho para si e para os seus empregados na Rússia, bem como com a falta de mão de obra preparada.

“Recebemos o visto válido por um ano, mas como a carta-convite demora quase dois meses a conseguir, ela só me serve para dez meses. Além disso, os empresários são colocados ao mesmo nível dos operários estrangeiros”, diz, exemplificando: “a nossa empresa só pode contratar quatro estrangeiros, mas essa quota inclui os dois gerentes e proprietários portugueses, ou seja, só podemos contratar mais dois”.

“Encontrar pessoal qualificado é muito difícil tanto em Moscovo como na província. Nas regiões, o problema é agravado pelo alcoolismo. Como trabalhamos com empresas onde impera a “lei seca”, temos de ter um controlo rigoroso (e educação) sobre o nosso pessoal para que se apresentem no local de trabalho sóbrios”, sublinha.

“Outra razão”, continua o empresário, “para não trabalhar em Moscovo consiste em que os russos já se recusam a fazer determinados tipos de trabalhos: lavar louça, fazer camas, etc., restando a contratação de pessoal das ex-repúblicas da antiga União Soviética, considerados actualmente como estrangeiros, com as respectivas dificuldades de obtenção de licenças de trabalho”. Por isso, conclui, “só com salários absurdamente altos é que se consegue arranjar russos para desempenhar estes trabalhos”.

Com um volume de negócios que ronda, anualmente, os 80 a 90 milhões de rublos (cerca de 2 milhões de euros), Paulo Duarte acredita num crescimento em 10 e 15% para 2010, tanto mais que o acesso a produtos de qualidade é cada vez maior.

Deixe aqui o seu comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *